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O SNS tem de evoluir

Gerir os custos, enquanto se procura garantir o acesso a cuidados acessíveis e de qualidade, é um desafio exigente para os sistemas de saúde

Filipe S. Fernandes 27 de Abril de 2023 às 14:30
Orçamento do SNS em 2020
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O modelo de criação do Serviço Nacional de Saúde (SNS) precisa de "evoluir com a própria sociedade e adaptar-se às suas exigências", defende o bastonário dos médicos. "Os modelos de acesso à saúde têm de ser aprimorados para que exista um acesso justo e atempado para todos os que recorrem ao Serviço Nacional de Saúde", afirmou Carlos Cortes. "Nestes últimos anos têm-nos reavivado a memória das iniquidades no acesso à saúde, sobretudo quando adotamos uma visão global. O SNS é essencial para atender os cidadãos em situação financeira instável, em pobreza extrema, os que vivem em locais mais remotos, ou com menos acesso à informação".

Mas "temos de inovar, pensar a saúde de uma forma mais abrangente, usando todos os recursos possíveis, tanto os públicos, como os privados e os sociais", sublinha Carlos Cortes. Para o bastonário, existem ainda desafios como "humanizar os cuidados" e "valorizar quem cuida dos outros". No primeiro caso, o sistema não pode viver apenas da "frieza dos números", tem de "se focar no ser humano".

No segundo caso, trata-se de cuidar de quem cuida, e aplica-se tanto aos médicos como a todos os cuidadores formais ou informais, "que são parte fundamental do sistema de saúde".

Outro desafio é "aproveitar as novas tecnologias, a evolução científica e a transformação digital para oferecer melhores cuidados". Em suma, "o SNS é o pilar dos cuidados de saúde em Portugal e também precisa de ser cuidado".

Gestão dos custos

Eurico Castro Alves, presidente da Comissão Organizadora da Convenção Nacional da Saúde (CNS), centra a sua análise na sustentabilidade do SNS. Refere que os custos associados aos cuidados de saúde aumentam impulsionados pela inovação, a tecnologia, o aumento da procura e dos preços tanto dos produtos como dos serviços de saúde. "Gerir os custos enquanto, simultaneamente, se procura garantir o acesso a cuidados acessíveis e de qualidade é um desafio exigente para os sistemas de saúde", declarou. O envelhecimento da população e o aumento da prevalência de doenças crónicas "apontam para a necessidade premente de se repensar os cuidados de longo prazo, os cuidados paliativos, entre outros, com recurso a abordagens inovadoras e sustentáveis", referiu Eurico Castro Alves.

Por último, destacou "a importância de uma gestão inteligente dos recursos humanos na saúde, sejam médicos, enfermeiros ou outros ".

E concluiu: "Sem uma abordagem global do sistema - público, privado e social -, as desigualdades no acesso aos cuidados tornar-se-ão mais pronunciadas."
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