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Não há "balas de prata" para a sustentabilidade

Os prémios Saúde Sustentável foram entregues esta terça-feira e premiaram as melhores práticas das 38 candidaturas recebidas. Para os membros do painel, não há uma solução única para atingir a sustentabilidade no sector.

Mariline Alves
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Os prémios Saúde Sustentável, uma parceria entre o Negócios e a Sanofi Portugal, foram entregues na passada terça-feira em Lisboa e seguiram para a Figueira da Foz, Coimbra e Bragança. Antes da entrega dos prémios, uma mesa redonda composta por membros do júri e antigos vencedores do prémio tentou encontrar o caminho para atingir a sustentabilidade no sector. Não há uma solução única - mas é consensual que é necessário contar com os privados.

"Não há balas de prata para atingir a sustentabilidade na saúde", resumiu Francisco Ramos, presidente do IPO de Lisboa. Isto porque há um "problema" que é "darmos todos os cuidados de saúde sem excepção a custo zero no ponto de consumo". E esse é "um problema [para o qual] nunca ninguém encontrou solução. E continuará a ser um problema". Apesar disso, sublinha, Portugal tem resolvido "razoavelmente bem" este problema.

Foto de grupo com todos os agraciados com o prémio Saúde Sustentável nesta quinta edição.
Foto de grupo com todos os agraciados com o prémio Saúde Sustentável nesta quinta edição. Mariline Alves

"O sistema português compara bem a nível internacional: gastamos menos que a média dos países com quem nos gostamos de comparar em matéria de saúde e temos em regra melhores resultados. O sistema é um sucesso e um dos méritos desse sistema é a gestão descentralizada", elogia. Como atingir a sustentabilidade, então? "Aumentando a eficiência, reduzindo desperdício. Na esmagadora maioria dos casos, a resposta está no aumento da competitividade", assinala o líder do IPO lisboeta.

Marta Temido, presidente da Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), defende que "o mais importante para a sustentabilidade é a gestão", nas suas diversas componentes: "a qualidade da gestão, a autonomia da gestão e a igualdade de armas da gestão". A gestora defende que sejam maximizadas as competências dos profissionais de saúde - o que significa que possam fazer mais coisas do que fazem actualmente.

E diz ser "incontornável que os prestadores públicos e privados convivam, e da actuação de ambos resulte o melhor sistema de saúde possível". Embora denuncie que as regras nem sempre são iguais, nomeadamente a nível de preços e de licenciamentos. "Sabemos que há alguns proteccionismos de uns e de outros, consoante o que nos interessa estimular. Quando há um plano de igualdade de tratamento é que é possível fazer uma avaliação clara" entre público e privado, nota.

Braga poupa 30 milhões ao Estado

O presidente do hospital de Braga, uma das quatro parcerias público-privadas hospitalares, defendeu que os privados poupam dinheiro ao Estado. "A ARS do Norte fez um estudo há menos de um ano onde fez o cálculo do 'value for money' do hospital de Braga" e concluiu que "o Estado poupava em média 30 milhões de euros por ano" com esta PPP, anunciou Vasco Luís de Melo.

João Rodrigues Pena (ao centro) com o ministro da Saúde e o médico Eduardo Barroso.
João Rodrigues Pena (ao centro) com o ministro da Saúde e o médico Eduardo Barroso. Mariline Alves

Mais à frente, Marta Temido afirmou que quando se avalia a sustentabilidade, por vezes a "leitura dos resultados pode não ser a mais correcta". Vasco Luís de Melo acusou o toque e respondeu que, no caso de Braga, o estudo tinha sido feito pela Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte. Marta Temido contrapôs: o estudo "foi feito por um parceiro, foi encomendado, não foi feito pela capacidade interna" da ARS.

Com o envelhecimento da população, "não há duvida nenhuma que os cuidados continuados vão ter que ter um papel fundamental nos cuidados de saúde", antevê Isabel Beltrão, directora da AMETIC, unidade de cuidados continuadospremiada no ano passado. E lança um desafio: "Não podemos fazer turismo de saúde em cuidados continuados?".

Vencedores A quinta edição dos prémios Saúde Sustentável distinguiu o hospital da Figueira da Foz, na categoria de cuidados hospitalares, ou a USF Cela Saúde, em Coimbra, nos cuidados primários. Conheça a lista completa.

Cuidados hospitalares
Hospital da Figueira da Foz

O hospital distrital da Figueira da Foz conquistou o prémio Saúde Sustentável por ter introduzido um modelo de contratualização interna em que existe um verdadeiro envolvimento da gestão dos serviços. Desenvolveu também um modelo de trabalho que promove um maior alinhamento organizacional, além de ter iniciado a acreditação de três serviços. 2015 foi ainda o primeiro em que este hospital alcançou um resultado líquido positivo, sem recurso a subsídios.

Cuidados primários
USF Cela Saúde

A Unidade de Saúde Familiar Cela Saúde, em Coimbra, foi a vencedora na categoria de cuidados continuados. Conquistou esta distinção graças à aposta na melhoria contínua dos cuidados de saúde, tendo realizado e obtido importantes resultados nas áreas da saúde infantil e juvenil, saúde da mulher, vacinação, cuidados domiciliários e doenças crónicas. 97% dos utentes está contente com os cuidados médicos.

Cuidados continuados
Unidade Domiciliária de Cuidados Paliativos daTerra Fria

Esta unidade, localizada em Bragança, presta cuidados paliativos especializados de qualidade na comunidade (domicílios e residências de terceira idade) a doentes com patologias crónicas, progressivas e avançadas, nas vertentes física, psicológica, social e espiritual, dispondo de apoio domiciliário e telefónico 7 dias por semana, 24 horas por dia.

Outras categorias
Associação Cura+

Localizada no Porto, a associação venceu o prémio pelo impacto que tem ao nível da qualidade clínica, resultados em saúde e experiência do utente. O projecto da associação, em que participam três farmácias, assegura gratuitamente medicamentos sujeitos a receita médica a pessoas que sejam portadoras de doenças crónicas e que tenham sido previamente referenciadas como tendo carências financeiras graves.


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