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“A saúde assume uma centralidade cada vez maior nas nossas vidas e na nossa época, assumindo e preparando-se para novos desafios que não se imaginavam na escala em que estão a acontecer”, afirma José Mendes Ribeiro, para quem isto é “uma evidência incontestável”.
Na sua opinião, a pandemia de covid-19 foi um teste de stress aos sistemas de saúde mundiais, que levou a uma “mobilização sem precedentes e a uma urgência e capacidade de adaptação sem precedentes. Agitou de tal forma todas as estruturas e sistemas que tudo teve de ser repensado para permitir agir com urgência e um foco na resposta essencial.”
Para Francisco Ramos, “o Serviço Nacional de Saúde esteve à altura das suas responsabilidades, cumprindo no essencial o seu papel protetor da sociedade portuguesa”. Defende que o mercado “nunca demonstrou ser um instrumento eficaz no desenvolvimento da prestação de cuidados de saúde”, e que o sistema prestador de cuidados tem de se “adaptar às novas necessidades das pessoas e às novas possibilidades tecnológicas para organizar a oferta e afirmar a saúde como área fundamental de desenvolvimento social e de crescimento económico”.
Ema Paulino sustenta que, na área do medicamento, os desafios se prendem com a sustentabilidade económica do ciclo/cadeia do medicamento, tendo em conta o aumento dos custos de produção e logística.
Os sinais da guerra
A presidente da Associação Nacional de Farmácias (ANF) alerta que “devemos estar preparados para o aumento de mortalidade e morbilidade associada à utilização intermitente dos serviços de saúde nos últimos dois anos, devido à pandemia”. Considera que há uma pressão continuada sobre o sistema de saúde, com dificuldades por parte das estruturas do SNS em assegurar a retoma da atividade programada, e em que o aproveitamento e a articulação com as estruturas privadas e sociais serão essenciais”.
Uma importante estratégia global no setor da saúde seria a integração dos sistemas de informação, e “promover uma cultura de centralidade no cidadão em vez de uma cultura centrada no profissional e nas instituições”, refere Ema Paulino.
José Mendes Ribeiro alude ao fenómeno da guerra que irrompeu em plena Europa. Deixa um alerta: “Temos de robustecer a nossa rede de prestação de cuidados de saúde para cenários mais adversos. Mas, sobretudo investir desde já na proteção dos dados de saúde, pois será um dos alvos mais prováveis no futuro próximo”.
Para Adalberto Campos Fernandes, “a pandemia e a guerra vieram demonstrar a importância das políticas de integração social e de proteção da saúde”. Por isso “a Europa deverá ter como uma prioridade clara o desenvolvimento de políticas de proteção da saúde e de coesão social”.
“Vivemos em tempos conturbados na Europa e no mundo”, diz Hélder Mota Filipe, em que ao condicionamento pela emergência de saúde pública nos últimos dois anos se juntam uma guerra com “sérias repercussões económicas, políticas e sociais e que provoca uma crise humana que todos temos de resolver. Todos esperamos consequências desta situação, desde o acolhimento e integração de refugiados ao aumento dos preços e inflação.”
Este contexto conturbado “gera desafios incomensuráveis para os sistemas de saúde e para a sua sustentabilidade”, diz Miguel Guimarães, para quem “urge definir as prioridades já hoje e criar um estado de prontidão na saúde como parte ativa da segurança nacional”, o que é “uma peça vital para a sustentabilidade da saúde, preparada para enfrentar desafios que podem surgir e que nós ainda nem conhecemos, continuando a responder às necessidades do quotidiano”.