- Partilhar artigo
- ...
"A Direção-Geral de Saúde e a Ordem dos Médicos permitiam no site o registo de voluntários. Médicos sénior mesmo sendo grupo de risco poderiam ser responsáveis pelos contactos telefónicos e cadeias de transmissão numa ajuda direta aos especialistas de saúde publica que não são em número suficiente. Inscreveram-se três mil mas nem um foi chamado", refere Maria do Céu Machado, professora catedrática jubilada da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa e ex-presidente do Infarmed.
Esta é uma das fragilidades nesta segunda fase da pandemia de covid-19 porque quanto mais rápida for a identificação das cadeias de transmissão, os testes aos contactos e o isolamento local ou familiar, e não por regiões ou nacional, mais depressa se atinge o controlo, defende Maria do Céu Machado
Na sua opinião, não é possível nem aceitável voltar a confinar, para isso é necessário controlar a pandemia para que não haja saturação dos serviços de saúde. As máscaras, o distanciamento social e a lavagem das mãos essenciais "mas há alguma confusão relativamente à identificação das cadeias de transmissão. Quem contactava as famílias era muitas vezes a Medicina Geral e Familiar, em detrimento de teleconsulta aos seus doentes e com os telefones sempre ocupados não permitindo o acesso telefónico a quem precisava". Os médicos senior poderiam ter ajudado nesta situação.
Comunicação e colaboração
"Sete meses volvidos, é essencial garantir que o sistema de saúde volta a cuidar de todas as pessoas e todos os doentes, sejam doentes covid-19 ou "não-covid"", sublinha Heitor Costa, diretor executivo da Apifarma - Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica. Acrescenta que "agora, mais do que nunca, é necessário voltar a prestar os cuidados de saúde aos cidadãos, sob pena de aumentar a lista de pessoas excluídas do sistema de saúde, com um consequente aumento da carga de doença - por diagnóstico tardio, falta de tratamento adequado ou ainda ausência de acompanhamento clínico -, um avolumar de doentes crónicos em descompensação e ainda aumento do número de casos de mortalidade evitável".
Maria do Céu Machado criticou o facto de na primeira fase ter havido "o abandono dos doentes crónicos, a falta de resposta dos Centros de Saúde e ordens e contra ordens da DGS e ARS quanto à marcação de consultas e cirurgias".
Sofia Crisóstomo, co-coordenadora de Mais Participação-Melhor Saúde, diz que as duas principais debilidades nesta crise sanitária são a ausência de um processo de comunicação estruturado, ou seja, haver canais de comunicação muito definidos nos vários níveis. Isto evitaria "que as chamadas não fossem atendidas, que as pessoas multiplicassem os contactos entupindo mails, telefones e sem conseguir resolver as situações sem recurso às urgências".
O segundo aspeto tem a ver com o facto não ter havido envolvimento e solicitação de colaboração das associações de doentes, das comunidades, por parte das entidades do serviço de saúde. "Tivemos reuniões com a ministra da Saúde mas não fomos convidados para participar na discussão e na elaboração do plano outono/inverno, nem fomos convidados para as reuniões com especialistas", referiu Sofia Crisóstomo.
As urgências do momento
Maria do Céu Machado considera que é urgente "o envolvimento dos grandes grupos privados de saúde, estabelecendo parcerias para a disponibilização de profissionais e camas como complemento do Serviço Nacional de Saúde (SNS) para qualquer patologia e não só covid, de forma a aumentar a resposta à necessidades da população portuguesa, e parcerias com as seguradoras que não estão a cobrir as despesas privadas com doentes covid para reverter a situação mais uma vez porque o SNS não consegue responder se a pandemia se agravar".
A co-coordenadora de Mais Participação - Melhor Saúde considera ainda que o recurso aos serviços de saúde do setor privado e social deveria ser dirigido prioritariamente para o atendimento de doentes de covid-19. Desta forma libertariam os serviços de cuidados primários para o atendimento para os utentes de outras doenças.
Esta é uma das fragilidades nesta segunda fase da pandemia de covid-19 porque quanto mais rápida for a identificação das cadeias de transmissão, os testes aos contactos e o isolamento local ou familiar, e não por regiões ou nacional, mais depressa se atinge o controlo, defende Maria do Céu Machado
Na sua opinião, não é possível nem aceitável voltar a confinar, para isso é necessário controlar a pandemia para que não haja saturação dos serviços de saúde. As máscaras, o distanciamento social e a lavagem das mãos essenciais "mas há alguma confusão relativamente à identificação das cadeias de transmissão. Quem contactava as famílias era muitas vezes a Medicina Geral e Familiar, em detrimento de teleconsulta aos seus doentes e com os telefones sempre ocupados não permitindo o acesso telefónico a quem precisava". Os médicos senior poderiam ter ajudado nesta situação.
Comunicação e colaboração
"Sete meses volvidos, é essencial garantir que o sistema de saúde volta a cuidar de todas as pessoas e todos os doentes, sejam doentes covid-19 ou "não-covid"", sublinha Heitor Costa, diretor executivo da Apifarma - Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica. Acrescenta que "agora, mais do que nunca, é necessário voltar a prestar os cuidados de saúde aos cidadãos, sob pena de aumentar a lista de pessoas excluídas do sistema de saúde, com um consequente aumento da carga de doença - por diagnóstico tardio, falta de tratamento adequado ou ainda ausência de acompanhamento clínico -, um avolumar de doentes crónicos em descompensação e ainda aumento do número de casos de mortalidade evitável".
Maria do Céu Machado criticou o facto de na primeira fase ter havido "o abandono dos doentes crónicos, a falta de resposta dos Centros de Saúde e ordens e contra ordens da DGS e ARS quanto à marcação de consultas e cirurgias".
Sofia Crisóstomo, co-coordenadora de Mais Participação-Melhor Saúde, diz que as duas principais debilidades nesta crise sanitária são a ausência de um processo de comunicação estruturado, ou seja, haver canais de comunicação muito definidos nos vários níveis. Isto evitaria "que as chamadas não fossem atendidas, que as pessoas multiplicassem os contactos entupindo mails, telefones e sem conseguir resolver as situações sem recurso às urgências".
O segundo aspeto tem a ver com o facto não ter havido envolvimento e solicitação de colaboração das associações de doentes, das comunidades, por parte das entidades do serviço de saúde. "Tivemos reuniões com a ministra da Saúde mas não fomos convidados para participar na discussão e na elaboração do plano outono/inverno, nem fomos convidados para as reuniões com especialistas", referiu Sofia Crisóstomo.
As urgências do momento
Maria do Céu Machado considera que é urgente "o envolvimento dos grandes grupos privados de saúde, estabelecendo parcerias para a disponibilização de profissionais e camas como complemento do Serviço Nacional de Saúde (SNS) para qualquer patologia e não só covid, de forma a aumentar a resposta à necessidades da população portuguesa, e parcerias com as seguradoras que não estão a cobrir as despesas privadas com doentes covid para reverter a situação mais uma vez porque o SNS não consegue responder se a pandemia se agravar".
A co-coordenadora de Mais Participação - Melhor Saúde considera ainda que o recurso aos serviços de saúde do setor privado e social deveria ser dirigido prioritariamente para o atendimento de doentes de covid-19. Desta forma libertariam os serviços de cuidados primários para o atendimento para os utentes de outras doenças.