Outros sites Medialivre
Notícia

Maria de Belém: "Gostava de saber se Espírito Santo é um estigma para quem lá trabalha"

Maria de Belém foi contratada como consultora da Espírito Santo Saúde em Dezembro de 2006. A candidata presidencial diz que cumpriu a lei e rejeita frontalmente qualquer tipo de suspeição.

09 de Dezembro de 2015 às 00:01
Bruno Smão
  • Partilhar artigo
  • ...
Em Dezembro de 2006, quando presidia à Comissão Parlamentar de Saúde, Maria de Belém foi contratada como consultora da Espírito Santo Saúde, empresa do Grupo Espírito Santo, que entretanto caiu em desgraça. Será que essa ligação pode penalizá-la nesta corrida presidencial? "Não sei porquê. Cumpri a lei e há uma coisa que devo dizer: a pior coisa que pode acontecer a alguém que está na vida pública ou política é desconhecer os sectores relativamente aos quais tem de tomar uma decisão. Por isso é que há tantas decisões mal tomadas. Nunca foi provado nada relativamente à minha falta de idoneidade e fazer política com base no lançamento de suspeições é uma coisa que rejeito de maneira absolutamente frontal."

Maria de Belém deixa no ar uma pergunta: "Gostava de saber se Espírito Santo é um estigma para as pessoas que lá trabalharam, ou há no processo Espírito Santo pessoas que têm responsabilidade por aquilo que houve de negativo? E gostava de saber se isso abrange os trabalhadores do grupo ou se outros candidatos presidenciais enjeitam votos de trabalhadores do grupo? Aquilo que devo dizer é: tive uma consultoria na Espírito Santo Saúde, que é uma empresa do grupo, que não existia quando eu era ministra da Saúde. Trabalhar no domínio da responsabilidade social das empresas, que nem sequer tem nada a ver com as competências da Comissão Saúde, por causa da PPP no hospital Beatriz Ângelo, cuja atribuição não decidi, não tem nenhuma interferência."

Comparar mulheres com mulheres é um retrocesso

Duas mulheres são candidatas às presidenciais de 2016, marcadas para 24 de Janeiro, Maria de Belém e Marisa Matias, o que traz à memória a eleição de 1986, à qual se apresentou Maria de Lurdes Pintasilgo. Maria de Belém elogia Maria de Lurdes Pintasilgo, mas rejeita qualquer comparação de género. "Acho que é um retrocesso civilizacional estar a comparar mulheres com mulheres. Parece que há uma eleição de mulheres e uma eleição de homens. Não. Há uma eleição para Presidente da República, à qual homens e mulheres se podem candidatar. Querer considerar que ser mulher é um estatuto de diminuição, subalterno, tem a minha rejeição imediata, liminar, e mais do que isso, o meu protesto."

No caso de Maria de Lurdes Pintasilgo, Maria de Belém acredita que tenha sido "uma pessoa muito desperdiçada", até porque se tratava de "uma pessoa absolutamente excepcional do ponto de vista da inteligência, emoção, criatividade, da integridade e da energia ao serviço do desenvolvimento de Portugal". Neste sentido era "uma personalidade que podia ter feito muito mais pelo seu país se os governos a tivessem aproveitado".

Ser mulher favorece-a ou é um "handicap" neste corrida? "Não posso aceitar que ser mulher seja um ‘handicap’ no Portugal do século XXI. Isso seria a negação da democracia, a negação do nosso desenvolvimento enquanto país e a negação de tudo aquilo que constituiu uma parte importante da minha vida. Mulheres e homens estão no mesmo patamar para aceder a qualquer cargo político", argumenta Maria de Belém.
Mais notícias