- Partilhar artigo
- ...
Comecemos pela missão: a startup Vitruvian Shield, vencedora do Prémio Nacional de Inovação (PNI), na categoria de Software e Desenvolvimento Aplicacional, quer transformar a saúde digital. Como? Proporcionando uma gestão eficiente de ensaios clínicos e monitorização remota de pacientes. Este processo, realizado precisamente através de uma plataforma que integra um sistema de gestão de ensaios clínicos (CTMS) com um serviço de monitorização remota de pacientes (RPM), utiliza tecnologias avançadas como Inteligência Artificial (IA), Internet das Coisas e dispositivos wearables.
O objetivo principal é, assim, otimizar tanto a gestão de ensaios clínicos quanto o acompanhamento de pacientes, com especial atenção a doentes crónicos e idosos. “Esta plataforma alinha-se com a nossa missão ao integrar tecnologias avançadas para melhorar a precisão, eficiência e acessibilidade dos cuidados de saúde, beneficiando tanto pacientes quanto profissionais de saúde na investigação contínua”, explicou ao Negócios Paulo Martins, fundador e CEO da startup Vitruvian Shield.
Solução holística
O projeto Vitruvian Shield eHealth CMTS PaaS destaca-se no mercado, em primeiro lugar, por oferecer, numa única plataforma, uma solução holística que integra funcionalidades de CTMS e RPM. Esta integração, explica a empresa, permite gerir desde a configuração do estudo e inscrição de participantes até à monitorização contínua do paciente e análise de dados, eliminando a necessidade de múltiplos sistemas e melhorando a coesão dos dados e a eficiência operacional.
Outro aspeto que a distingue é a utilização de aprendizagem de máquina para fornecer insights em tempo real sobre a saúde do paciente e o progresso do estudo, permitindo uma tomada de decisão mais rápida e uma gestão mais adaptada. “A nossa capacidade de fornecer dados em tempo real através de dispositivos wearable, combinada com análises avançadas de IA, oferece uma solução única que melhora significativamente a gestão de ensaios clínicos e a monitorização de pacientes”, explica Paulo Martins.
Plataforma personalizável
Outra característica é o facto desta plataforma ser altamente personalizável e flexível, adaptando-se a diferentes tipos de ensaios clínicos e necessidades de monitorização de saúde. Esta adaptabilidade, defende a empresa, torna-a uma ferramenta versátil tanto para instituições de pesquisa como para prestadores de cuidados de saúde.
A sua escalabilidade permite acomodar um número crescente de pacientes e estudos clínicos mais extensos, tornando-a adequada para adoção generalizada em todo o setor de saúde.
A capacidade de escalar a plataforma para atender a um número crescente de utilizadores é, assim, uma das suas grandes vantagens, já que é construída sobre uma infraestrutura de cloud computing escalável, o que permite adicionar novos utilizadores e aumentar a capacidade conforme necessário.
“Além disso, estamos continuamente a aprimorar as nossas capacidades de análise de dados e a integrar novas tecnologias para suportar o crescimento”, adianta o fundador e CEO da startup Vitruvian Shield.
Por outro lado, a conformidade com regulamentações globais como GDPR e HIPAA, juntamente com protocolos de segurança robustos, garante, segundo a empresa, que todos os dados de pacientes e ensaios clínicos sejam geridos com segurança. “Utilizamos criptografia de ponta a ponta, autenticação multifator e conformidade com regulamentações como GDPR e HIPAA para garantir a segurança e privacidade dos dados. Todos os dados são armazenados em servidores seguros e a plataforma é regularmente auditada para identificar e mitigar possíveis vulnerabilidades”, assegura o CEO.
O design centrado no paciente é outra característica marcante da Vitruvian Shield. A plataforma oferece interfaces fáceis de usar e recursos de monitorização remota que permitem que os pacientes participem de testes no conforto das suas casas, aumentando o envolvimento e reduzindo as taxas de abandono.
Esta abordagem centrada no utilizador não só melhora a experiência do paciente, como amplia o leque de possíveis participantes nos ensaios clínicos.
Os principais desafios deste projeto identificados por Paulo Martins incluíram garantir a conformidade com regulamentações de saúde globais, assegurar a segurança e privacidade dos dados dos pacientes e desenvolver uma plataforma que fosse intuitiva e fácil de usar por diversos stakeholders.
Tecnologias de ponta
A Vitruvian Shield faz uso de uma combinação poderosa de tecnologias modernas para otimizar os seus serviços: Inteligência Artificial (IA), Internet das Coisas (IoT), Big Data e cloud computing. A IA é utilizada para análise de dados e previsão de resultados, enquanto a IoT permite a recolha de dados em tempo real através de dispositivos wearables. “Big Data e cloud computing garantem a gestão eficiente e segura dos dados recolhidos, facilitando a monitorização remota de pacientes e a gestão de ensaios clínicos”, explica Paulo Martins.
Aliás, a integração de IA e IoT na plataforma da Vitruvian Shield é um dos principais fatores que contribuem para a sua eficiência. “A integração de IA e IoT melhora significativamente a eficiência e precisão dos cuidados de saúde ao permitir a recolha e análise de grandes volumes de dados em tempo real. A IA ajuda a identificar padrões e prever possíveis complicações, enquanto os dispositivos IoT garantem a recolha contínua de dados vitais, permitindo uma monitorização mais precisa e intervenções rápidas quando necessário”, afirma Paulo Martins.
Os benefícios da plataforma são amplos e impactam tanto pacientes como profissionais desta área, até porque incluem a melhoria na precisão dos dados de saúde, a capacidade de monitorizar pacientes remotamente em tempo real, a redução de custos operacionais e a aceleração do processo de ensaios clínicos. “Para os pacientes, isso traduz-se em cuidados mais personalizados e proativos”.
Internacionalização em vista
A expansão internacional e a integração de novas tecnologias estão no horizonte da Vitruvian Shield. O CEO da startup revelou ao Negócios que planeia expandir a presença da empresa em mercados internacionais, integrar novas tecnologias de saúde digital e continuar a aprimorar a IA e algoritmos de análise de dados. “Também estamos a trabalhar para estabelecer novas parcerias estratégicas que nos ajudem a melhorar e a ampliar os nossos serviços. Para além de Portugal, estamos a tentar entrar nos mercados da Suíça e do Luxemburgo”.
A empresa valoriza o feedback dos utilizadores para aprimorar continuamente os seus serviços, beneficiando de um sistema de feedback contínuo (QMS) que recolhe insights de utilizadores, dados esses que são analisados para identificar áreas de melhoria. “Realizamos atualizações regulares com base nesse feedback para garantir que a plataforma responda às necessidades dos nossos utilizadores”, explica Paulo Martins.
Entre as melhorias já implementadas estão “a simplificação da interface do utilizador, a adição de novos recursos de monitorização em tempo real, e a integração de ferramentas de comunicação direta entre pacientes e profissionais de saúde”.
Parcerias estratégicas
Segundo o fundador e CEO da startup, as parcerias estabelecidas pela Vitruvian Shield têm sido cruciais para o seu sucesso. Nomeadamente com universidades (CHUV Lausanne Suíça) (LIH Luxemburgo), centros de pesquisa, e empresas líderes em tecnologia como Microsoft Azure e Analog Devices. “Essas parcerias permitiram-nos integrar tecnologias de ponta e validar a nossa plataforma em ambientes clínicos e de pesquisa reais. Estamos ainda a começar um piloto com o Hospital de Santa Maria no âmbito da rede nacional de Test Beds”, detalha.
Colaborações que “foram fundamentais para aceder a tecnologias avançadas, obter feedback valioso e validar a nossa plataforma em cenários do mundo real. Elas ajudaram-nos a garantir que a nossa solução é robusta, segura e eficiente”.
A conquista do Prémio Nacional de Inovação (PNI) foi um marco importante para a empresa, um reconhecimento do trabalho e da inovação que a startup está a trazer para o setor da saúde. “Este prémio reforça a nossa credibilidade no mercado e motiva-nos a continuar a desenvolver soluções que possam transformar a saúde digital”, conclui Paulo Martins.