Outros sites Medialivre
Notícia

Uma smart city à beira-mar plantada

Cascais está a acrescentar uma nova identidade à sua lista de atributos. Está a transformar-se numa smart city. Este município está a abrir caminho para o futuro, ao adotar soluções inovadoras para melhorar a qualidade de vida dos seus residentes e visitantes.

18 de Agosto de 2023 às 14:00
Vista área da vila de Cascais
Vista área da vila de Cascais Getty Images
  • Partilhar artigo
  • ...
O conceito de "smart city" refere-se a uma cidade que utiliza a tecnologia e inovação para melhorar os serviços públicos, a eficiência operacional e a qualidade de vida dos seus cidadãos. Cascais, ao reconhecer o potencial da digitalização, tem vindo a investir significativamente em infraestrutura tecnológica e inovações para se transformar numa cidade mais conectada e sustentável.

Um dos primeiros passos nessa transformação foi a implementação de sensores inteligentes por toda a cidade. Estes dispositivos monitorizam desde os níveis de tráfego e qualidade do ar, meteorologia até ao consumo de água e energia. Estes dados são depois analisados para otimizar os recursos da cidade, reduzir o consumo energético e melhorar a mobilidade.

Aliás, a mobilidade em Cascais tem beneficiado imenso desta transição para uma cidade inteligente. Aplicações móveis, como a MobiCascais, oferecem agora informações em tempo real sobre transportes públicos, permitindo aos residentes e turistas melhor planear as suas viagens. Além disso, sistema de partilha de bicicletas e um veículo autónomo, atualmente a fazer o percurso entre a Quinta de S. Gonçalo e a Nova SBE, foram introduzidos, promovendo uma mobilidade mais verde e reduzindo a pegada de carbono da cidade.

A gestão de resíduos também foi revolucionada. Recipientes de lixo inteligentes, que informam os serviços municipais quando estão cheios, ajudam a otimizar as rotas de recolha, tornando o processo mais eficiente e reduzindo as emissões associadas ao transporte de resíduos.

A conectividade é outro pilar central na transformação de Cascais. A cidade investiu em redes Wi-Fi gratuitas em espaços públicos, permitindo que todos tenham acesso à internet, um passo vital para reduzir a exclusão digital e garantir que todos os cidadãos possam beneficiar das vantagens da digitalização.

Além destes avanços tangíveis, a transformação de Cascais em uma smart city também reforçou a participação cidadã. Plataformas digitais agora permitem que os cidadãos participem ativamente na tomada de decisões, oferecendo sugestões, votando em projetos e estando mais envolvidos na vida comunitária.

O cidadão como centro das decisões

Ao Jornal de Negócios, Miguel Pinto Luz, vice-presidente da Câmara Municipal de Cascais, sustenta que a estratégia do município assenta numa premissa: o cidadão como centro de todas as decisões. "A missão de tornar Cascais no melhor lugar para viver um dia ou uma vida inteira, tem-nos inspirado a procurar as melhores soluções para os cascalenses". Neste caminho, admite, a inovação desempenha um papel crucial, agindo como um catalisador, ao passo que a tecnologia atua como uma ferramenta em torno de objetivos comuns: promover o crescimento sustentável, fortalecer a coesão social e melhorar a qualidade de vida dos nossos cidadãos. "Queremos criar soluções que melhorem a experiência dos munícipes. Queremos que a inovação se traduza em serviços de excelência, elevando a nossa posição como líder na promoção do bem-estar através da inovação no setor público".

Criámos e estamos a desenvolver o Cascais Cockpit, um centro de controlo que concentra toda a gestão territorial do concelho.
Em Cascais somos pioneiros e otimistas. Queremos uma administração pública mais ágil, focada no cidadão e digitalizada.
Miguel Pinto Luz
Vice-presidente da Câmara Municipal de Cascais
Trabalhando "num ecossistema que prioriza a informação, o conhecimento e a experimentação como meios estratégicos", a autarquia, que venceu o Prémio Nacional de Inovação no segmento Inovação em empresa pública ou administração pública, tem num dos seus alicerces o Programa Viver Cascais, um "modelo de negócio" multisserviços, materializado num cartão que dá acesso privilegiado a todos os que vivem, estudam ou trabalham no território, a áreas tão diversas como mobilidade, saúde, cultura e lazer. "Este programa foi pioneiro ao avançar com o sistema de mobilidade gratuita, uma nova frota de autocarros de última geração, e integrando no sistema a MOBI Cascais, a nossa APP de mobilidade, que disponibiliza a localização dos autocarros em tempo real, indica onde estacionar, ou permite aceder à rede de bicicletas partilhadas, também a custo zero".

Cascais como laboratório vivo

Cascais é definido por Miguel Pinto Luz como um laboratório vivo, um ecossistema aberto onde o futuro acontece dia a dia. "Para nós, os desafios são sempre oportunidades de conquista. E no nosso território envolvemos todos: a comunidade, as universidades, as empresas locais e multinacionais". Esta transversalidade, associada a um modelo de sociedade digital e ao que o vice-presidente apelidou de "pioneirismo tão vincado no ADN de Cascais", enfrenta os desafios inerentes à criação e gestão de redes dinâmicas. "Deparamo-nos também com os naturais desafios sistémicos, como a resistência à mudança, ou desafios estruturais, na alocação adequada de recursos e garantia de apoio contínuo de todas as partes envolvidas".

A principal motivação da Câmara Municipal de Cascais para se candidatar ao Prémio Nacional de Inovação foi, nas palavras do vice-presidente, a oportunidade para Cascais validar os seus esforços e consolidar a sua posição como líder na inovação do setor público. "Há um passado que fala por nós, Cascais assenta a sua vivência e crescimento em processos de experimentação e inovação desde a sua génese, há mais de 650 anos. Para o concelho, o desenvolvimento de ideias, prototipagem e replicação de resultados esteve sempre presente, mesmo quando os conceitos não existiam".

Cascais Cockpit no controlo

Relativamente a grandes projetos ou iniciativas de inovação a considerar para um futuro próximo, Miguel Pinto Luz define que os projetos e processos de decisão serão cada vez mais baseados em informação. "Destaco a recolha e análise de dados como uma conquista que em muito contribui para a capacidade preditiva que suporta um planeamento mais eficaz e intervenções mais precoces". Neste paradigma, é hoje possível antecipar e gerir o futuro, defende. "Por isso, criámos e estamos a desenvolver o Cascais Cockpit, um centro de controlo que concentra toda a gestão territorial do concelho: o controlo dos parques de estacionamento, as respostas do atendimento ao munícipe, gestão das carreiras dos autocarros municipais, a gestão da recolha otimizada dos resíduos sólidos urbanos, o risco de incêndio no parque natural ou a utilização e localização das bicicletas".

Esta abordagem informada e colaborativa pretende evitar a duplicação de esforços e garantir soluções mais eficazes, o que por si só resulta numa utilização mais inteligente dos recursos públicos. "O tema dos recursos é crítico, não só pela redução de custos e aumento da eficiência, mas fundamental para o futuro, para garantir a sustentabilidade das gerações vindouras".

O autarca parece não ter grandes dúvidas que um município inovador estará sempre na linha da frente e mais bem preparado para o futuro. "A velocidade do presente exige uma visão clara dos desafios e a antecipação de objetivos", disse. "Em Cascais somos pioneiros e otimistas. Queremos uma administração pública mais ágil, focada no cidadão e digitalizada, integrando tecnologias emergentes e uma abordagem omnichannel, que garanta uma experiência unificada e consistente em todos os canais de interação: lojas físicas, website, aplicativos móveis, redes sociais e outros meios".
Mais notícias