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Navigator: A revolução sustentável da embalagem

A transição para uma economia circular sustentável é hoje mais do que uma meta, é uma necessidade imperativa. Neste cenário, a Navigator está a traçar um caminho inovador, com foco na redução do uso de plásticos de origem fóssil, abraçando a riqueza biológica das florestas como a chave para o futuro da embalagem.

08 de Setembro de 2023 às 14:00
Carlos Pascoal Neto, diretor de I&D da The Navigator Company e diretor-geral do Raiz, Instituto de Investigação da Floresta e Papel. Duarte Roriz
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A floresta é a maior fonte de recursos biológicos não alimentares, pelo que detém uma importância estratégica na transição para uma bioeconomia circular sustentável, favorável para a natureza e neutra para o clima. Um atributo cada vez mais valorizado pelas marcas, preocupadas com o combate à utilização de plástico de uso único, defende a Navigator, grupo empresarial nacional que se dedica ao fabrico de papel.

Numa altura de crescente consciencialização mundial para as alterações climáticas, o papel e os materiais celulósicos, em geral, têm vindo a ganhar uma nova centralidade dentro do paradigma da sustentabilidade e da economia circular, assente em produtos com origem em matérias-primas naturais, capazes de substituir os de proveniência fóssil, como o plástico. Neste contexto, a Navigator está a liderar um consórcio de 27 parceiros nacionais da Agenda Mobilizadora "From Fossil to Forest - Produtos de Embalagem Sustentáveis para Substituição do Plástico Fóssil", com a finalidade de desenvolver, patentear, produzir e comercializar soluções de packaging com materiais de base renovável e biodegradável a partir da floresta, num investimento de 103 milhões de euros. Destacam-se, neste contexto, papeis e produtos de celulose moldada com propriedades barreira a água, óleos e gorduras, para aplicações no setor alimentar, substitutos do plástico de uso único. A The Navigator Company venceu a categoria Inovação em Grandes Empresas, do Prémio Nacional de Inovação, com o conceito "From Fossil to Forest". Esta atividade de I&D da Navigator gerou três patentes em 2022.

A nova gama de produtos de embalagem gKRAFT resultou de um intenso programa de I&D. São ‘a’ solução que garante a redução do recurso a materiais de origem fóssil, como é o caso da generalidade do plástico, optando por materiais de base renovável e biodegradável a partir da floresta. Carlos Pascoal Neto
Diretor de I&D da Navigator e Diretor-geral do Raiz
A materialização deste conceito traduziu-se na nova gama de produtos de embalagem celulósica sustentável, alternativa ao plástico fóssil. "A nova gama de produtos de embalagem gKRAFT resultou de um intenso programa de I&D. Tem-se revelado como ‘a’ solução que garante a redução do recurso a materiais de origem fóssil, como é o caso da generalidade do plástico, optando por materiais de base renovável e biodegradável a partir da floresta. Utiliza tecnologia proprietária, suportada em três patentes", disse ao Jornal de Negócios Carlos Pascoal Neto, diretor de I&D da Navigator e diretor-geral do Raiz - Instituto de Investigação da Floresta e Papel. "A crescente base de clientes da marca vem comprovar a qualidade e o sucesso deste produto que, em 2022, foi responsável por um volume de negócios de 93 milhões de euros. O seu lançamento, em 2021, personifica uma nova geração de papéis de embalagem caracterizada por excelentes níveis de desempenho, qualidade de impressão e funcionalidade, cumprindo os mais elevados níveis de segurança e higiene".

Matéria-prima de excelência

O ponto de partida para esta inovação, vencedora do Prémio Nacional de Inovação no segmento de ‘Inovação em grandes empresas’, foi, nas palavras de Carlos Pascoal Neto, a matéria-prima "de excelência" disponível em Portugal, o Eucalyptus globulus, que encontrou no território nacional, há cerca de 200 anos, condições únicas para se desenvolver e naturalizar. "A excelência da fibra de Eucalyptus globulus para a produção de papéis de impressão-escrita foi descoberta em trabalho de investigação pioneiro à escala mundial, desenvolvido pela The Navigator Company há cerca de 70 anos. Acreditava-se na altura, que a "fibra curta" de eucalipto dificilmente se adequaria à produção de papeis de impressão-escrita. Hoje, a Navigator é líder europeia neste segmento, graças à vantagem competitiva proporcionada por esta espécie florestal".

O responsável explicou que no domínio dos papéis de embalagem, que requerem genericamente resistências mecânicas elevadas, a matéria-prima dominante neste setor são as fibras longas de resinosas, no contexto europeu dominadas pelo pinho nórdico. "De acordo com o estado da arte vigente, as chamadas fibras curtas de folhosas, como é o caso do eucalipto, quando utilizadas de forma predominante, dificilmente confeririam as propriedades mecânicas adequadas a este tipo de papéis". Assim, a presente inovação parece ter quebrado mais este preconceito, surgindo o Eucalyptus globulus agora também como uma matéria-prima de excelência para distintos tipos de embalagem, podendo estes produtos integrar até 100% desta fibra. "A maior reciclabilidade, da fibra de Eucalyptus globulus, face a outras fibras celulósicas, as elevadas resistências mecânicas, em conjunto com níveis de desempenho, qualidade de impressão e funcionalidade, cumprindo os mais elevados níveis de segurança e higiene, constituem as principais características diferenciadoras dos produtos gKRAFT".

De resto, estas novas soluções de embalagem foram desenvolvidas "atendendo às necessidades específicas do mercado de embalagem", com especial incidência nos segmentos industrial e retalho: alimentar, restauração, farmacêutico, vestuário e cosmética. "De notar que a marca gKRAFT utiliza o termo ‘Kraft’, que significa ‘força’ e ‘potência’ - referindo-se ao processo de produção, no qual as fibras obtidas apresentam melhores propriedades mecânicas e maior resistência".

Além disso, o significado da letra ‘g’ em gKRAFT remete, diz o diretor-geral do Raiz, para globulus (espécie de eucalipto utilizada na produção de papel), bem como às diversas características que definem este novo produto - good, green, game changer, guaranteed results, growth - "e que fazem com que esta solução de embalagem garanta todos os requisitos enquanto produto sustentável".

Uso mais eficiente de recursos

No que diz respeito ao impacto que a adoção desta embalagem tem no meio ambiente a curto e longo prazo, Carlos Pascoal Neto esclarece que a matéria-prima utilizada no seu fabrico permite um uso mais eficiente dos recursos, e, simultaneamente, uma maior reciclabilidade da fibra, no final de ciclo de vida do produto. "A utilização da fibra virgem de Eucalyptus globulus, obtida em florestas geridas de forma responsável e devidamente certificadas, vem potenciar o uso eficiente de recursos numa lógica de ‘More With Less’, o que permite que os mesmos metros quadrados de área florestal deem origem a mais metros quadrados de sacos ou caixas de papel". Tal parece ser apenas possível não só pelo facto da produtividade florestal do eucalipto ser superior à do pinheiro nórdico, mas também por exigir menor quantidade de madeira de eucalipto para a mesma quantidade de papel, além de apresentar maior rotatividade e, assim, contribuir para maximizar a captação de dióxido de carbono na mesma área.

Um estudo desenvolvido pela Universidade da Beira Interior, com o apoio do Raiz, demonstrou recentemente que as fibras do eucalipto português apresentam uma capacidade de suportarem, no mínimo, cinco vezes mais ciclos de reciclagem do que fibras de outras espécies. Carlos Pascoal Neto
Diretor de I&D da Navigator e Diretor-geral do Raiz
Por último, o diretor de investigação e desenvolvimento destaca a característica única destes produtos, intrínseca à fibra de Eucalyptus globulus: a sua maior reciclabilidade face a outras fibras papeleiras, curtas ou longas. "Um estudo desenvolvido pela Universidade da Beira Interior (UBI), com o apoio do Raiz, demonstrou recentemente que as fibras do eucalipto português apresentam uma capacidade de suportarem, no mínimo, cinco vezes mais ciclos de reciclagem do que fibras de outras espécies (incluindo fibras longas de resinosas nórdicas, tradicionalmente utilizadas em embalagem), sem perderem características de alto desempenho".

Os resultados foram divulgados no TAPPI Journal, revista científica americana, referência no setor papeleiro. "Este é um atributo particularmente importante num contexto de economia circular, indo ao encontro de um modelo económico mais resiliente ao permitir um uso mais sustentável dos recursos, que podem ser utilizados várias vezes no processo produtivo". Mas este é, para este responsável, também um fator diferenciador para a indústria recicladora, na medida em que a utilização das fibras de Eucalyptus globulus contribui para garantir uma matéria-prima mais apta para dar origem a produtos de qualidade superior mesmo depois de submetidos a diversos ciclos de reciclagem.

A entrada na área de negócio do packaging, com uma nova linha de papel para embalagens que promove a redução da utilização de plásticos através da sua substituição por materiais de origem renovável "é um dos passos importantes da nossa estratégia de diversificação de produtos, em linha com as tendências de mercado e desafios de sustentabilidade". Deste modo, Carlos Pascoal Neto garante que a Navigator está "a contribuir para a valorização de toda a cadeia de valor florestal destacando o potencial da floresta nacional para a produção de um conjunto diversificado de produtos".
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