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A inteligência artificial no centro da inovação

O dean da Nova SBE vê a inteligência artificial como um motor de inovação e crescimento, destacando o seu impacto positivo na produtividade e no emprego. Mas alerta que a Europa, focada na regulação, arrisca perder terreno face aos EUA e à China.

13 de Fevereiro de 2025 às 14:03
Pedro Oliveira, dean da Nova SBE, na conferência de lançamento da 3.ª Edição do Prémio Nacional de Inovação
Ricardo Jr.
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"Falar hoje de inovação implica necessariamente trazer também o tema da inteligência artificial, porque está-se a tornar uma das principais ferramentas, não apenas para a inovação, mas para quase tudo aquilo que fazemos nas organizações", disse Pedro Oliveira, dean da Nova SBE na conferência de lançamento da 3.ª Edição do Prémio Nacional de Inovação – PNI, que decorreu, no Terminal de Cruzeiros de Leixões. O catedrático centrou a sua intervenção na interseção entre inovação e inteligência artificial, apresentando dados e exemplos concretos do impacto desta tecnologia no mercado de trabalho e na produtividade.

A visão otimista sobre o impacto da inteligência artificial no emprego foi sustentada com números divulgados num estudo do World Economic Forum. Segundo este estudo, a IA pode substituir cerca de 92 milhões de empregos, mas, em contrapartida, criará aproximadamente 170 milhões de novas funções. "78 milhões de empregos adicionais são o equivalente a duas Alemanhas, pensem nisso", sublinhou Pedro Oliveira.



A inteligência artificial generativa foi um dos pontos centrais da apresentação, com o professor da Nova SBE a destacar que 68% das organizações globais já reportam melhorias significativas nos seus processos de inovação, eficiência operacional e gestão de risco graças a estas tecnologias. Além disso, 74% dos empregadores afirmam que estas iniciativas superaram as expectativas no que respeita ao retorno sobre o investimento.

Pedro Oliveira alertou, no entanto, para os desafios que a Europa enfrenta nesta área. "42% dos líderes identificam a conformidade regulatória como um dos principais riscos associados à inteligência artificial", referiu, apontando que o Ato Europeu para a IA pode ser um entrave à competitividade das empresas europeias face às norte-americanas e asiáticas. 

Um apelo à adoção rápida e consciente da IA

Outro dado relevante apresentado foi a transformação da produtividade com o uso de IA generativa. Estudos da Harvard e da Wharton School indicam que a utilização destas ferramentas pode aumentar a produção em 12,5%, reduzir o tempo de execução em 26% e melhorar a qualidade em 40%. No entanto, Pedro Oliveira destacou um paradoxo: "Dois terços dos líderes empresariais afirmam que já não contratam colaboradores sem conhecimentos de IA, mas apenas 39% dos utilizadores recebem algum tipo de formação nesta área".

A Europa, segundo Pedro Oliveira, está a perder terreno para os Estados Unidos e a China. "As cinco empresas mais inovadoras do mundo são norte-americanas. Das 20 maiores empresas, 17 são dos EUA, duas são asiáticas e apenas uma é europeia, a Novo Nordisk, que aparece em 18.º lugar", alertou.

Para ilustrar o potencial da inteligência artificial na inovação, Pedro Oliveira apresentou exemplos concretos de como a tecnologia pode acelerar processos e fomentar a criação de soluções disruptivas. Um dos casos abordados foi o de Tal Golesworthy, um engenheiro que, após ser diagnosticado com síndrome de Marfan e receber um prognóstico reservado, desenvolveu um dispositivo médico para prevenir a rutura da sua aorta, levando posteriormente a inovação ao mercado. "Se Tal tivesse este problema hoje, poderia recorrer a ferramentas de IA generativa para desenvolver um suporte aórtico ainda mais eficiente", explicou.

Outro caso foi o de Hans, um dinamarquês com deficiência visual, que criou a plataforma Be My Eyes, ligando voluntários a pessoas cegas que precisavam de assistência visual. "Com a inteligência artificial, esta solução evoluiu para o Be My AI, permitindo que uma tecnologia descreva o ambiente em tempo real e facilite a navegação, reduzindo a necessidade de intervenção humana".

A intervenção de Pedro Oliveira terminou com um apelo à adoção rápida e consciente da inteligência artificial. "A única dimensão onde a Europa está a liderar é na regulação, e isto é preocupante. Se queremos competir globalmente, precisamos focar-nos na inovação, e isso só será possível se adotarmos estas ferramentas e desenvolvermos literacia digital".

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