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A inovação no centro do combate às alterações climáticas

As soluções para combater as alterações climáticas vão desde mudanças nas práticas pessoais até inovações tecnológicas avançadas. Áreas como energia, transporte, agricultura e construção desempenham um papel crucial na edificação de um mundo que se quer mais sustentável.

02 de Junho de 2023 às 12:00
Getty Images
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As alterações climáticas são um dos desafios mais urgentes que a humanidade enfrenta no século XXI. Com o aumento das emissões de gases de efeito estufa e o consequente aquecimento global, parece não haver grandes dúvidas da criticidade na adoção de medidas eficazes para mitigar e combater esses efeitos. Nesse contexto, a inovação desempenha um papel fundamental ao oferecer soluções criativas e tecnologicamente avançadas para enfrentar os problemas climáticos.

Um dos maiores contribuintes para estas transformações é a queima de combustíveis fósseis para energia, tornando premente a transição para fontes de energia renováveis e limpas. Uma vez mais, a inovação ganha papel de destaque. Basta ter como exemplo a eficiência dos painéis solares que melhorou significativamente nos últimos anos, tornando a energia solar uma opção viável para um maior número de pessoas e de empresas.

A inovação também está a ajudar a resolver o problema do armazenamento de energia, com o desenvolvimento de baterias de armazenamento mais eficientes e acessíveis.

A energia dos dados

Num mundo gerido pela recolha e consumo de dados, a crescente construção de centros de dados em todo o mundo, assim como de edifícios e cidades inteligentes vai, de forma inquestionável, revolucionar a forma como vivemos, trabalhamos e socializamos. Uma situação que vai acelerar ainda mais o ritmo de inovação. “Esta realidade vai aumentar significativamente o consumo energético, algo que não se coaduna com as políticas de proteção ambiental”, disse Tiago Caneiras, data center sales manager da Eaton Portugal. Para garantir um desenvolvimento energético sustentável, os fabricantes que atuam nesta área estão a desenvolver, juntamente com a União Europeia, novas regulamentações sobre a utilização de energia.

Segundo várias consultoras, prevê-se que o volume de todos os dados gerados e consumidos nestas instalações, a nível mundial, aumente 61% ao ano, atingindo 175 zettabytes em 2030. “A este respeito, as previsões sugerem que a quantidade de eletricidade necessária para gerir esta quantidade de dados aumentará 400% até 2030, o que é preocupante, tendo em conta que os centros de dados já representam 3% do consumo global de eletricidade”, salientou Tiago Caneiras, garantindo que a Eaton é um dos players comprometidos em ajudar a minimizar o impacto ambiental desta crescente demanda energética. “Para responder a esta procura crescente, e enfrentar os vários desafios colocados pelos centros de dados, é necessário um maior investimento em energias renováveis”, salienta.

Dada a sua elevada pegada de carbono, os centros de dados podem ser um catalisador para a adoção de energias mais sustentáveis, com a Agência Internacional para as Energias Renováveis (IRENA) a estimar que, até 2050, 90% da eletricidade mundial pode e deve provir de energias limpas. Basicamente, “a energia limpa não só pode reduzir o impacto ambiental dos centros de dados, como também tem a oportunidade de melhorar a resiliência da sua própria rede elétrica e otimizar o desempenho da rede da qual dependem para obter energia”, comentou o executivo.

Agricultura e construção no centro do debate

A inovação tem desempenhado ainda um papel vital na agricultura e no uso da terra sustentáveis. Novas técnicas agrícolas, como a agricultura de precisão, a agricultura vertical e o uso de fertilizantes de liberação controlada podem aumentar a produtividade e reduzir o impacto ambiental da produção de alimentos. Além disso, a inovação tem impulsionado o desenvolvimento de práticas de manuseamento sustentável da terra, como a restauração de ecossistemas degradados e o reflorestamento, contribuindo para a captura de carbono e a preservação da biodiversidade.

O setor de construção também é um grande emissor de gases com efeito de estufa, tanto devido ao uso de energia nas construções como devido aos materiais utilizados na construção. A inovação em design e materiais de construção sustentáveis tem vindo a ajudar a reduzir essas emissões.

Neste capítulo, a Schneider Electric, empresa especializada na transformação digital da gestão e automação da energia, lançou um guia para conseguir edifícios com emissões de carbono líquidas zero, em colaboração com a International Facility Management Association (IFMA).

O documento foi especialmente elaborado para que os gestores de instalações compreendam o papel que desempenham na jornada da transição energética, e serve como guia para que possam elaborar o seu próprio plano de redução do consumo energético e das emissões de CO2. “Utilizando uma metodologia comprovada de três etapas, o guia ajuda a identificar o ponto de partida e propõe diversas medidas a implementar para atingir os objetivos de sustentabilidade de qualquer tipo de edifício existente. Desta forma, quebra um dos mitos mais enraizados no setor e mostra que os edifícios antigos também podem alcançar as emissões líquidas zero”, explica a empresa em comunicado.

Todos os edifícios podem ser mais sustentáveis

Outra das conclusões que apresenta é que os edifícios geram atualmente 37% das emissões globais de CO2 e, ao mesmo tempo, desperdiçam 30% do seu consumo de energia. Assim sendo, é importante que todos os edifícios existentes se tornem mais sustentáveis e reduzam as suas emissões líquidas de carbono até que sejam net zero.

Quer sejam hotéis, hospitais, escritórios ou lojas de retalho, os edifícios devem cumprir normas e regulamentos cada vez mais exigentes no que toca à descarbonização. As vantagens de um edifício sustentável são evidentes, segundo a Schneider Electric: os utilizadores estão dispostos a pagar entre 6 e 11% a mais para arrendar um espaço num edifício sustentável, e os custos operacionais são 9% menores nos edifícios antigos que são alvo de um retrofit energético.

Neste sentido, o guia apresenta um roteiro comprovado para melhorar e facilitar a renovação de um edifício, que passa por três etapas: criar estratégias, digitalizar e descarbonizar. “Com este guia, queremos oferecer a todos os operadores e gestores de edifícios uma ferramenta fácil e prática para que possam promover a sustentabilidade da sua infraestrutura e, principalmente, reduzir as suas emissões de carbono,“ comentou Fernando Vázquez, Head of Marketing, Business Development e Channel Manager Power Products, Digital Energy da Schneider Electric Iberia. “Queríamos quebrar de vez o mito de que os edifícios antigos não podem ser sustentáveis. É um processo que está facilitado graças às tecnologias existentes no mercado.”

Transporte suave

O setor de transporte é apontado como o “clássico” grande emissor de gases com efeito de estufa. A inovação está a ajudar a reduzir essas emissões através do desenvolvimento de veículos elétricos mais eficientes e acessíveis, além da inovação em infraestruturas de transporte público e em alternativas de mobilidade mais sustentáveis, como a bicicleta e o transporte público. Uma clara aposta na mobilidade que se quer, cada vez mais, suave.

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