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ProHy: A revolução sustentável da Sebol

Este projeto inovador transforma resíduos animais em ingredientes valiosos, utilizando uma tecnologia de hidrólise de proteínas que aplica calor e pressão sem químicos. Com isso, converte subprodutos animais em recursos úteis para a alimentação animal, humana e para a indústria farmacêutica, reduzindo o desperdício e o impacto ambiental.

05 de Julho de 2024 às 14:00
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A Sebol, recentemente galardoada com o Prémio Nacional de Inovação no segmento Negócio, na categoria Agricultura e Indústria, está a liderar uma revolução tecnológica com o seu projeto ProHy. O conceito envolve transformar resíduos animais em ingredientes valiosos usando uma tecnologia de hidrólise de proteínas, que aplica calor e pressão sem químicos. O principal objetivo é promover a sustentabilidade, convertendo subprodutos animais em recursos úteis para a alimentação animal, humana e para a indústria farmacêutica, reduzindo o desperdício e o impacto ambiental.

O ProHy destaca-se pela sua tecnologia de hidrólise de proteínas, que evita o uso de reagentes químicos, utilizando apenas pressão e temperatura elevadas.

Segundo Afonso Lobato Faria, CEO da ETSA/Sebol, a proteína nasceu de um desenvolvimento interno que durou cerca de seis anos, contando com um importante apoio do meio académico, nomeadamente da Universidade Católica. "A fábrica que irá permitir a produção deste produto inovador está a ser construída no nosso complexo de Coruche, com inauguração prevista para o final deste ano", e representa um investimento de cerca de 18 milhões de euros. Ao Jornal de Negócios, o executivo salientou que este projeto é "a prova de que temos em Portugal capacidade científica e talento para, com determinação e capacidade de investimento, atingirmos novos patamares de desenvolvimento".

Segundo o CEO, numa primeira fase, o destino final do ProHy será a alimentação para animais de estimação (petfood), aquacultura ou produtos farmacêuticos veterinários. "O ProHy tem um teor elevado de proteína, superior a 93%, tem uma elevada digestibilidade que o torna ideal para a alimentação de animais numa fase inicial da sua vida, tem propriedades antioxidantes, o que retarda o envelhecimento, e finalmente, um enorme potencial hipoalergénico. No futuro, pode igualmente ser produzido em microcápsulas que alojem elementos com vários tipos de funcionalidades, como medicamentos veterinários ou vitaminas".

A empresa detalha que o produto terá uma forte componente de exportação, com clientes situados na Europa e nos Estados Unidos da América.

Número de empregados deverá duplicar

O projeto dividiu-se em três fases. A primeira consistiu na realização dos estudos necessários para comprovar a viabilidade do novo produto, envolvendo a colaboração de diversos cientistas, quer da ETSA/Sebol, quer de outros parceiros. A segunda fase, atualmente em curso, caracteriza-se pela construção da nova fábrica, "que envolve um forte investimento em construção civil, equipamento e mão de obra especializada", detalhou Afonso Lobato Faria. A terceira fase envolve o funcionamento da fábrica, onde inicialmente irão trabalhar 14 pessoas com competências em química fina, "mas prevemos que, com o crescimento do produto, possamos duplicar este número". Esta terceira fase contará com a colaboração de uma vasta rede de fornecedores, preferencialmente locais, cujo desenvolvimento beneficiará igualmente a região de Coruche. Ou seja, o impacto social do projeto é digno de registo, especialmente na criação de emprego em Coruche. "A fábrica, que se encontra numa fase final de construção, permite a captação e retenção de talento nacional, criação de postos de trabalho especializados e desenvolvimento industrial de uma região no interior do país como é Coruche", explicou Afonso Lobato Faria.

"A fábrica que irá permitir a produção deste produto inovador está a ser construída no nosso complexo de Coruche, com inauguração prevista para o final deste ano.

O ProHy tem um teor elevado de proteína, superior a 93%, tem propriedades antioxidantes, o que retarda o envelhecimento, e um enorme potencial hipoalergénico. No futuro, pode ser produzido em microcápsulas que alojem elementos com vários tipos de funcionalidades, como medicamentos veterinários ou vitaminas.
Afonso Lobato Faria
CEO da ETSA/Sebol
Relativamente ao caráter diferenciador do produto, a empresa defende que as soluções existentes no mercado assentam em processos de hidrólise enzimática, não resultando num produto acabado 100% natural. "A tecnologia usada confere ainda ao ProHy uma capacidade diferenciadora e natural de microencapsulamento, isto é, promove o encapsulamento de ingredientes funcionais no interior das partículas (microcápsulas) de ProHy". Desta forma, especificam, permite o desenvolvimento de produtos funcionais compostos: ProHy + ingredientes com ação funcional no organismo do consumidor, como, por exemplo, vitaminas e omega-3. O ProHy é um exemplo de economia circular pura, transformando materiais sem valor no mercado alimentar em produtos valiosos, basicamente reintroduzindo na economia materiais que de outra forma seriam desperdiçados.

Os valores da sustentabilidade

"O ProHy evita a emissão de 90% dos gases com efeito de estufa se compararmos com a alternativa de deposição em aterro sanitário", explicou o CEO.

Os planos futuros para o ProHy, apoiado pelo PRR através do Pacto da Bioeconomia Azul, coordenado pela Inovamar, são ambiciosos, com a intenção de replicar a fábrica para outras geografias e explorar novas aplicações do produto. "A tecnologia desenvolvida não se esgota com o ProHy, abrindo portas e oportunidades para futuros projetos e outros produtos inovadores. Exemplo disso é o processo de spray-drying, altamente diferenciador, que irá permitir o desenvolvimento de um método de microencapsulamento de ingredientes lipossolúveis hidrofóbicos no interior de cápsulas proteicas", concluiu Afonso Lobato Faria. A Sebol está, assim, preparada para levar a inovação do ProHy a um nível global, garantindo um crescimento sustentável e contínuo.

Sustentabilidade no core do grupo  A Sebol é uma das empresas do grupo ETSA onde a Investigação & Desenvolvimento (I&D )é fundamental não só para o seu crescimento, mas também para a sua sustentabilidade futura. "É um assunto que envolve não só o departamento de I&D, mas o grupo como um todo, além dos nossos parceiros externos, com destaque para a academia", explicou o CEO Afonso Lobato Faria.

O executivo avança que a ETSA/Sebol está num momento de viragem da sua história, cujo percurso já conta com mais de cinco décadas dedicadas à valorização de produtos alimentares. "O seu posicionamento tradicional situava-se na produção de produtos de alta qualidade, mas tipicamente indiferenciados, vulgo commodities, enquanto o novo posicionamento concentra-se no fabrico de produtos diferenciados de alto valor acrescentado, como é o caso do ProHy". O CEO diz que esta é uma mudança gradual que envolve a formação de novas capacidades aos atuais colaboradores da ETSA/Sebol, bem como a contratação de novo talento. "Com esta estratégia de fabrico de produtos de alto valor acrescentado, que permite a replicação para outros mercados geográficos, temos a ambição de conseguir um forte crescimento ao mesmo tempo que fazemos progredir o nosso talento.
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