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As empresas devem inovar para se manterem competitivas no mercado, para melhorarem os seus processos e ganharem eficiência, ou para trazerem mais e melhor oferta aos seus clientes. Ou seja, há múltiplas razões para inovar, defendeu Teresa Sousa, manager do Centro de Excelência para Inovação e Novos Negócios do BPI, na talk "A inovação nos negócios", um debate integrado no Prémio Nacional de Inovação, uma iniciativa do Jornal de Negócios, do BPI e da Claranet, que conta com o patrocínio da Galp, a Agência Nacional de Inovação e a COTEC Portugal como parceiros institucionais, e a Nova SBE como knowledge partner. Uma conversa que desmistificou a ideia de a inovação ser, basicamente, inspiração. Gerar ideias representa apenas cerca de 5% da jornada da inovação, estando os restantes 95% do sucesso relacionados com a capacidade de a executar. "A inovação, por si só, não é um fim, é um meio", esclareceu, sendo que no BPI há uma clara divisão entre a inovação incremental e disruptiva, tanto para o cliente interno como externo. "Na inovação incremental, falamos, por exemplo, de um upgrade dos produtos e serviços já desenvolvidos ou num novo processo de abertura de contas para os clientes. Na disruptiva, já temos algo que traz uma novidade ao mercado, como a aposta no metaverso como novo canal de comunicação com o cliente." Teresa Sousa salientou na talk a necessidade de as empresas inovarem e a capacidade de assumirem algum risco. "Os resultados não são no curto prazo, principalmente quando falamos de inovações disruptivas. E a verdade é que as empresas tendem a focar-se no que dá retorno imediato", justificando assim o facto de um estudo da McKinsey revelar que 94% dos gestores estão insatisfeitos com o desempenho de inovação da sua empresa.
Inovação aberta à inovação
A Galp mantém a sua posição de inovação aberta à colaboração. A empresa energética não tem, sequer, um centro de investigação e desenvolvimento interno, usando a plataforma "Upcoming Energies" para se manter conectada com o ecossistema externo. "Apesar de trabalharmos com empresas de todo o mundo, estamos igualmente aliados a várias startups portuguesas com as quais testamos soluções", comentou Joana Larsen, Innovation Lead da Galp. Grande parte da inovação processada na Galp é tecnológica, num setor que precisa de muito investimento nesta área.
É difícil para a Claranet falar de inovação sem falar de tecnologia. No entanto, para esta empresa, a inovação situa-se num patamar que permita pensar a médio e longo prazo. "Basicamente, é tentar prever o futuro e arranjar soluções para que a nossa empresa seja sustentável", confirmou Alexandre Ruas, executive director da Claranet Portugal. O especialista diz que, apesar de tudo, é muitas vezes a tecnologia que permite inovar no negócio, como é o caso da Galp que em parceria com a Sensei tornou-se num player no setor energético europeu a ter uma loja de conveniência autónoma.
A importância de ter uma estratégia de inovação ganha particular relevância se levarmos em conta todas as facetas que envolvem um processo desta categoria. Ou, como disse na talk Alisson Avila, head of Innovation no Nova SBE Innovation Ecosystem, "porque há muito coisa a acontecer em cima da mesa". E a acontecer em várias frentes, seja no dia a dia da organização, no ambiente de negócios, nas tecnologias disponíveis ou nas forças externas que vão ser impactadas, nomeadamente na mudança de comportamentos das pessoas. "Se formos a jogo a tudo o que parece interessante, vai ser bastante difícil recolher resultados", comentou Alisson Avila. "Se estivermos em modo laboratório, em que todas as experiências são lançadas sem objetivo imediato, apenas a médio e longo prazo, aí sim, podemos falar de estarmos presentes em várias iniciativas. Mas ainda assim, tem de estar circunscrito a um tema ou universo para poder avançar." No entender deste especialista, se uma organização tem dificuldade em definir para que serve a inovação dentro da sua estratégia de crescimento, então para existe o investimento?
PME têm de ter noção clara do caminho da inovação
Na talk "A inovação nos negócios", disponível no canal de Youtube do Jornal de Negócios, Alisson Avila enfatizou ainda que todo este panorama se pode tornar ainda mais complicado quando estamos num país formado basicamente por pequenas e médias empresas. "Uma organização de médio e grande porte também vai ter entraves, mas tem recursos e condições para se organizar, para definir a sua tese de inovação e como, através de um portefólio, percorre as possibilidades de gerar resultados. Mas se uma PME não tiver a clareza de perceber de que forma a inovação vai servir o negócio vai ser muito complicado de a materializar". Alisson Avila salientou ainda que assumindo que as pequenas e médias empresas são as grandes geradoras de emprego no país, "chegamos a um ponto em que é impossível falar de crescimento de economia sem falar de inovação". A esta conversa, Alexandre Ruas, executive director da Claranet Portugal, acrescenta que as ideias, normalmente, são ilimitadas, podendo ter a contribuição de todos os elementos da organização. "Como o financiamento é um recurso escasso nas empresas, é muito importante ter uma estratégia objetiva de gestão da inovação", diz Alexandre Ruas.
Para além da inovação
A gestão da inovação é a base de tudo, diz Joana Larsen, Innovation Lead da Galp. Inclusive a gestão das expectativas, detalhou a convidada. "Na Galp, a equipa de inovação rege-se pelas mesmas regras de toda a empresa. Ou seja, também temos OKR [NR: Objectives and Key Results], reportamos à organização, temos os roadmap da inovação alinhados com a estratégia da empresa... Claro que também temos de desafiar a organização e por isso temos inovação incremental e disruptiva". Na Galp, 70% do tempo é alocado à inovação incremental e os restantes 30% à disruptiva, sendo que a área de inovação da empresa tem vários centros de inovação, que são um espelho das áreas de negócio, seja comercial, renováveis ou industrial, explicou Joana Larsen. "Quando estamos a testar tecnologias, se alguma tiver possibilidade de ser integrada no negócio, deixa de estar na alçada da nossa área e passa para a área de negócio. É assim que gerimos estes processos", detalhou. Ou seja, a área da inovação tem autonomia, desafia a estrutura empresarial, mas sempre em colaboração com a própria organização.
Descentralizar é essencial
No BPI, a experiência é semelhante. O banco integra dois centros de excelência para a inovação, um mais focado em inteligência artificial e outro para novos negócios, este último criado com a expectativa de "explorar as tecnologias, perceber o que está a ser feito, onde faz sentido apostarmos, testarmos e incorporarmos na nossa organização", explicou Teresa Sousa. "Muitas vezes são processos que requerem o ‘reskilling’ das pessoas que trabalham connosco para tentar perceber como nos devemos posicionar e garantir a nossa sustentabilidade não só daqui a cinco anos, mas daqui a dez ou vinte". Também no BPI, estes centros de inovação não pretendem centralizar os processos, mas funcionarem como catalisadores e impulsionadores de inovação perante toda a organização. "É verdade que na nossa equipa estamos mais focados na parte mais disruptiva porque temos carta-branca para testar e explorar tecnologias, mas não descurando o que é mais incremental, como apoiar as áreas a inovar e desafiá-las a pensarem em novos modelos de negócio ou produtos. Somos o chapéu impulsionador, mas não quer dizer que esteja tudo centralizado, nem é o objetivo."
No debate ficou bem vincada a necessidade de projetar, definir e estruturar o caminho da inovação de forma clara e transversal a toda a organização. Ou seja, a gestão da inovação ganha particular relevo em ambientes empresariais dinâmicos e mercados competitivos, sendo essencial para garantir o sucesso contínuo de uma empresa. Independentemente da sua dimensão.
Inovação aberta à inovação
A Galp mantém a sua posição de inovação aberta à colaboração. A empresa energética não tem, sequer, um centro de investigação e desenvolvimento interno, usando a plataforma "Upcoming Energies" para se manter conectada com o ecossistema externo. "Apesar de trabalharmos com empresas de todo o mundo, estamos igualmente aliados a várias startups portuguesas com as quais testamos soluções", comentou Joana Larsen, Innovation Lead da Galp. Grande parte da inovação processada na Galp é tecnológica, num setor que precisa de muito investimento nesta área.
É difícil para a Claranet falar de inovação sem falar de tecnologia. No entanto, para esta empresa, a inovação situa-se num patamar que permita pensar a médio e longo prazo. "Basicamente, é tentar prever o futuro e arranjar soluções para que a nossa empresa seja sustentável", confirmou Alexandre Ruas, executive director da Claranet Portugal. O especialista diz que, apesar de tudo, é muitas vezes a tecnologia que permite inovar no negócio, como é o caso da Galp que em parceria com a Sensei tornou-se num player no setor energético europeu a ter uma loja de conveniência autónoma.
A importância de ter uma estratégia de inovação ganha particular relevância se levarmos em conta todas as facetas que envolvem um processo desta categoria. Ou, como disse na talk Alisson Avila, head of Innovation no Nova SBE Innovation Ecosystem, "porque há muito coisa a acontecer em cima da mesa". E a acontecer em várias frentes, seja no dia a dia da organização, no ambiente de negócios, nas tecnologias disponíveis ou nas forças externas que vão ser impactadas, nomeadamente na mudança de comportamentos das pessoas. "Se formos a jogo a tudo o que parece interessante, vai ser bastante difícil recolher resultados", comentou Alisson Avila. "Se estivermos em modo laboratório, em que todas as experiências são lançadas sem objetivo imediato, apenas a médio e longo prazo, aí sim, podemos falar de estarmos presentes em várias iniciativas. Mas ainda assim, tem de estar circunscrito a um tema ou universo para poder avançar." No entender deste especialista, se uma organização tem dificuldade em definir para que serve a inovação dentro da sua estratégia de crescimento, então para existe o investimento?
PME têm de ter noção clara do caminho da inovação
Na talk "A inovação nos negócios", disponível no canal de Youtube do Jornal de Negócios, Alisson Avila enfatizou ainda que todo este panorama se pode tornar ainda mais complicado quando estamos num país formado basicamente por pequenas e médias empresas. "Uma organização de médio e grande porte também vai ter entraves, mas tem recursos e condições para se organizar, para definir a sua tese de inovação e como, através de um portefólio, percorre as possibilidades de gerar resultados. Mas se uma PME não tiver a clareza de perceber de que forma a inovação vai servir o negócio vai ser muito complicado de a materializar". Alisson Avila salientou ainda que assumindo que as pequenas e médias empresas são as grandes geradoras de emprego no país, "chegamos a um ponto em que é impossível falar de crescimento de economia sem falar de inovação". A esta conversa, Alexandre Ruas, executive director da Claranet Portugal, acrescenta que as ideias, normalmente, são ilimitadas, podendo ter a contribuição de todos os elementos da organização. "Como o financiamento é um recurso escasso nas empresas, é muito importante ter uma estratégia objetiva de gestão da inovação", diz Alexandre Ruas.
Para além da inovação
A gestão da inovação é a base de tudo, diz Joana Larsen, Innovation Lead da Galp. Inclusive a gestão das expectativas, detalhou a convidada. "Na Galp, a equipa de inovação rege-se pelas mesmas regras de toda a empresa. Ou seja, também temos OKR [NR: Objectives and Key Results], reportamos à organização, temos os roadmap da inovação alinhados com a estratégia da empresa... Claro que também temos de desafiar a organização e por isso temos inovação incremental e disruptiva". Na Galp, 70% do tempo é alocado à inovação incremental e os restantes 30% à disruptiva, sendo que a área de inovação da empresa tem vários centros de inovação, que são um espelho das áreas de negócio, seja comercial, renováveis ou industrial, explicou Joana Larsen. "Quando estamos a testar tecnologias, se alguma tiver possibilidade de ser integrada no negócio, deixa de estar na alçada da nossa área e passa para a área de negócio. É assim que gerimos estes processos", detalhou. Ou seja, a área da inovação tem autonomia, desafia a estrutura empresarial, mas sempre em colaboração com a própria organização.
Descentralizar é essencial
No BPI, a experiência é semelhante. O banco integra dois centros de excelência para a inovação, um mais focado em inteligência artificial e outro para novos negócios, este último criado com a expectativa de "explorar as tecnologias, perceber o que está a ser feito, onde faz sentido apostarmos, testarmos e incorporarmos na nossa organização", explicou Teresa Sousa. "Muitas vezes são processos que requerem o ‘reskilling’ das pessoas que trabalham connosco para tentar perceber como nos devemos posicionar e garantir a nossa sustentabilidade não só daqui a cinco anos, mas daqui a dez ou vinte". Também no BPI, estes centros de inovação não pretendem centralizar os processos, mas funcionarem como catalisadores e impulsionadores de inovação perante toda a organização. "É verdade que na nossa equipa estamos mais focados na parte mais disruptiva porque temos carta-branca para testar e explorar tecnologias, mas não descurando o que é mais incremental, como apoiar as áreas a inovar e desafiá-las a pensarem em novos modelos de negócio ou produtos. Somos o chapéu impulsionador, mas não quer dizer que esteja tudo centralizado, nem é o objetivo."
No debate ficou bem vincada a necessidade de projetar, definir e estruturar o caminho da inovação de forma clara e transversal a toda a organização. Ou seja, a gestão da inovação ganha particular relevo em ambientes empresariais dinâmicos e mercados competitivos, sendo essencial para garantir o sucesso contínuo de uma empresa. Independentemente da sua dimensão.