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Por outro lado, a inovação pode criar novas oportunidades de negócio. Ao investir em Pesquisa e Desenvolvimento, as empresas têm mais probabilidades de descobrir novos mercados e oportunidades de crescimento, ou até mesmo de melhorar a qualidade dos produtos ou serviços já existentes no seu portfólio.
Os especialistas insistem que investir em inovação é crucial para o sucesso das empresas modernas, porque melhoram na eficiência, na competitividade e criam novas oportunidades de negócios. Mas como garantir um correto investimento em inovação?
Bom senso na gestão
Uma rede de inovação aberta pode ser extremamente benéfica para as empresas, permitindo o acesso a recursos externos e a colaboração com universidades e outros parceiros. No entanto, para aproveitar ao máximo essas oportunidades, é importante que a cultura e o ADN da empresa estejam preparados para essa mudança, com profissionais dedicados à inovação, admitiu ao Jornal de Negócios Gonçalo Caseiro, consultor e especialista em inovação e transformação digital. Além disso, diz o especialista, é crucial que a empresa saiba exatamente em que tipo de inovação está a investir e em que grau de maturidade se encontra. "Ou seja, tendo em consideração o ‘Technology Readiness Level’ (TRL), aferir se a empresa está preparada para desenvolver certo produto adequado ao seu público-alvo". O bom senso é, por isso, fundamental na gestão da inovação, que para o consultor deve ser cuidadosamente planeada e gerida para que as vantagens sejam efetivamente alcançadas.
Consultor e especialista em inovação e transformação digital
Para Gonçalo Caseiro, a inovação pode ser avaliada de várias maneiras, dependendo do objetivo e do contexto em que ocorre. "Algumas inovações podem ser medidas em termos de redução de custos. Por exemplo, a utilização de um novo material num produto, mantendo o seu funcionamento, mas reduzindo os encargos". Outras inovações, refere o especialista, podem ser avaliadas em termos de sustentabilidade, como a diminuição do risco na cadeia de fornecimento ou a redução da pegada de carbono. "A inovação pode também resultar em novos produtos, sendo o seu retorno medido nas vendas".
Partes alinhadas
O alinhamento entre a administração, o acionista e o mercado é crucial. "Se o acionista estiver à procura de retornos imediatos, o investimento em inovação pode não ter lugar. Da mesma forma, se a administração estiver incentivada a reduzir custos, pode haver resistência a investimentos que resultem em custos acrescidos". Finalmente, se o mercado não valorizar a inovação proposta, esta não terá efeito. "É importante que as empresas considerem cuidadosamente os seus objetivos e estratégias ao decidirem investir em inovação. O alinhamento entre as partes interessadas e a compreensão clara dos benefícios e das oportunidades são essenciais para garantir o sucesso desses investimentos".
Os três elementos
Mas como podem os líderes decidir a que inovações devem dar prioridade? Para a McKinsey & Company, a inovação bem-sucedida historicamente ocorre na intersecção de três elementos. O primeiro elemento é baseado numa necessidade não atendida do cliente, ou seja, ‘o quem’: quem é o cliente e que problema precisa de resolver? As macro tendências, como a automação, estão a impulsionar mudanças nas necessidades dos clientes?
O segundo elemento é centrado na solução: ‘o quê’. A solução é atraente e pode ser executada?
Segundo dados disponibilizados pela McKinsey, mais de 80% dos executivos dizem que a inovação está entre as suas três principais prioridades, mas menos de 10% relatam estar satisfeitos com o desempenho da inovação das suas organizações.
Por último, o terceiro, um modelo de negócios que permita que a solução seja monitorizada ou seja, o ‘como’. Como irá a solução criar valor? Qual é o modelo de negócio? Para a McKinsey & Company, a inovação bem-sucedida requer respostas para cada uma dessas perguntas.
Crescimento obrigatório
A inovação bem-sucedida proporciona um novo crescimento líquido substancial. Como observa Laura Furstenthal, partner da McKinsey, num episódio do podcast Inside the Strategy Room, independentemente de como é medida, a inovação tem sempre de aumentar o valor e impulsionar o crescimento. Mas fazê-la da forma correta pode ser um desafio. Segundo dados da consultora, mais de 80% dos executivos dizem que a inovação está entre as suas três principais prioridades, mas menos de 10% relatam estar satisfeitos com o desempenho da inovação nas suas organizações.
"Muitas empresas estabelecidas são melhores operadoras do que inovadoras, produzindo poucas novas e criativas ideias. A maioria é bem-sucedida otimizando os principais negócios existentes", conclui o estudo.
Novos negócios
Os estudos comprovam todas estas tendências. Segundo o anual "New-business building", da McKinsey & Company, num esforço para gerar novas receitas, maior valor e quota de mercado, as empresas que no decorrer do ano passado desenvolveram novos produtos, serviços ou negócios cresceram mais rapidamente em comparação com as empresas que não o fizeram. Talvez por isso, o documento denuncie que oito em cada dez CEO afirmam que a criação de novos negócios será uma das suas prioridades estratégicas nos próximos anos, apesar da atual conjuntura de instabilidade económica. Mil líderes empresariais que responderam a um inquérito da consultora afirmam que as suas empresas já estão a investir uma parte significativa das suas receitas no desenvolvimento de novos negócios (5%), criando uma média de 1,5 novos negócios por ano. "No entanto, para satisfazer as expectativas dos inquiridos quanto às receitas que poderão resultar dos novos negócios construídos nos próximos cinco anos, as empresas, particularmente as maiores, terão de aumentar rapidamente o número de negócios que criam, bem como a sua dimensão e taxas de sucesso", defende a McKinsey & Company.
Sustentável e digital
De acordo com os resultados deste inquérito, os executivos esperam que o desenvolvimento de novos negócios por parte das suas empresas contribua para 29% das receitas totais da organização nos próximos cinco anos, contra os 12% verificados nos últimos cinco anos. A análise da McKinsey salienta ainda que, assumindo que as taxas médias de sucesso dos novos negócios se mantêm constantes, as empresas terão de duplicar o número de novos negócios que criam anualmente para conseguirem responder a estas expectativas de receitas, ou seja passar dos atuais 1,5 para 3,5 negócios por ano. "Espera-se que a criação de novos negócios aumente consideravelmente nos próximos anos, com destaque para o desenvolvimento de novos produtos, serviços ou negócios centrados em dois eixos principais, a sustentabilidade e a digitalização", refere Santiago Fernández, sócio da McKinsey & Company em Espanha. "A criação de negócios sustentáveis será particularmente evidente para as empresas em setores como a energia e os materiais, enquanto empresas retalhistas ou de bens de consumo se vão concentrar em apresentar novos serviços digitais", conclui.
Inovar com sucesso
Nem todas as empresas inovam com sucesso, é certo. Mas as que o fazem ganham uma relevante vantagem competitiva. Segundo uma pesquisa da McKinsey que considerou a proficiência de 183 empresas em inovação e comparou essa avaliação com um banco de dados proprietário de lucro económico (o lucro total menos o custo de capital), as empresas que aproveitam os fundamentos da inovação obtêm uma vantagem de desempenho substancial que as separa das outras - dominar a inovação pode gerar um lucro económico 2,4 vezes maior do que o de outras empresas.