Outros sites Medialivre
Notícia

José Manuel Bernardo: A regulação está mais estruturada

Para José Manuel Bernardo, o facto de a regulação estar mais estruturada acrescentou credibilidade à profissão. O líder da PwC Portugal refere ainda que esta cresceu 30% entre 2015 e 2019 e que este ano o negócio de auditoria vai crescer 20%.

20 de Março de 2019 às 12:00
  • Partilhar artigo
  • ...

Em 2017/2018 a PwC faturou 118 milhões de euros, e deverá voltar a crescer no ano fiscal que termina em junho de 2019, que marca o fim do mandato de quatro anos de José Manuel Bernardo, que vai ser substituído por António Brochado Correia. "O balanço que faço é bastante positivo. Estou muito satisfeito com o que foi feito, e com a forma como o ano de 2018/2019 está a correr", sublinhou o presidente da PwC Portugal, que opera em Portugal, Angola e Cabo Verde.

 

No lançamento da 7ª edição do Prémio Excellens Oeconomia, José Manuel Bernardo considerou que esta iniciativa é "um marco interessante junto da opinião pública e, por outro lado, é quase uma forma de registo do bom trabalho que se faz em Portugal em muitas áreas, é o reconhecimento público e divulgação do trabalho de empresas, empresários e outras instituições relevantes para o País".

 

Acrescentou que "o prémio Excellens Oeconomia é uma iniciativa de referência e que marca o trabalho que é feito pelas empresas portuguesas. Foi uma iniciativa bem pensada e que tem sido um grande sucesso, tanto para a PwC como para o Jornal de Negócios, parceiros na iniciativa".

 

Em termos de mercado como foi 2018 para a PwC, tanto em auditoria como em consultoria e que balanço é que faz?

 

A empresa vai apresentar em junho de 2019 um crescimento superior a 30% em relação a junho de 2015, o que considero muito bom. Temos feito um investimento muito significativo no desenvolvimento de competências, de outros serviços e, no fundo, estamos a recolher agora os frutos desse investimento.

 

E tudo isto foi feito numa conjuntura económica relativamente desfavorável, não só em Portugal mas também em Angola e Cabo Verde. A economia angolana, que é um dos nossos principais mercados, e que representa 25% do nosso negócio, atravessou grandes dificuldades por causa da sua dependência dos preços do petróleo, com a economia em contração. Em Portugal, o crescimento económico tem sido fraco nos últimos anos, por isso considero que a performance da PwC foi muito boa.

 

Tanto na auditoria como na consultoria?

 

A área com mais crescimento este ano é a de auditoria, o que é significativo, tendo em conta que é um mercado maduro e o País não está a crescer de forma estonteante. Há ainda o efeito da rotação de auditores, e nós tínhamos uma quota de mercado significativa, mas mesmo assim, a esta data e face a anos anteriores, estamos com cerca de 20% de crescimento, que tem sido obtido à base de outros serviços de assurance, e não tanto pela certificação legal de contas. São serviços que cabem no âmbito da auditoria e têm tido um crescimento significativo.

 

A área de auditoria está estabilizada?

 

A auditoria está a evoluir. Fizemos uma aposta muito grande em tecnologias de ponta, que são menos habituais na auditoria. Nos últimos dois anos, fizemos um grande reforço das competências na área de management consulting. Temos uma prática que trabalha com a tecnologia Outsystems, que é uma referência na network PwC e que trabalha sobretudo para fora do País. Temos vindo a expandir essa equipa porque a procura de serviço é muito grande. A prática de sales force também é relevante em termos de organização, com umas dezenas de pessoas a trabalhar nesta área, sobretudo para os mercados externos.

 

Desenvolvemos a área de back-office transformation, para ganhos de eficiência em termos de processos das empresas. Tem sido este o grande enfoque nos últimos dois anos. Nesta área alargamos o espectro de clientes e os negócios estão a evoluir muito bem.

 

Considera que os níveis de confiança na auditoria estão repostos, há um outro olhar

sobre o papel da auditoria?

 

Houve uma evolução e por diversas razões. Houve uma grande evolução no processo de regulação, que hoje é mais estruturada em relação ao que era há cinco anos, o que acrescenta credibilidade à profissão. Tem acrescentado confiança e, para todos operarmos de forma satisfatória e podermos evoluir, é importante que o quadro regulatório e o seu enforcement sejam robustos porque só assim se acrescenta credibilidade e o nosso trabalho é visto pelo mercado como um valor acrescentado. Obviamente que há arestas para limar a nível da implementação das normas em Portugal.

 

Quais são as arestas para limar?

 

Há algumas questões em que é importante clarificar porque a forma como foram implementadas, na verdade, não acrescentam confiança no trabalho do auditor e, por outro lado, criam algumas entropias. Designadamente na distinção do que são serviços de auditoria e serviços permitidos, que não são serviços de auditoria. Por exemplo, quando é necessário fazer uma emissão de títulos para o mercado é necessária uma comfort letter, que é emitida pelos auditores, porque é uma conformidade que o mercado exige e não há nenhuma emissão sem a comfort letter, mas não é reconhecida pelo regulador como um serviço de auditoria. Tendo em conta o nível de responsabilidade e de exigência que implica, os valores envolvidos não são baixos e, como se tem um limite para o valor dos serviços que não são auditoria, cria certas dificuldades.

 

Valeria a pena repensar as questões associadas às comfort letters relacionadas com a emissão de títulos, bem como a classificação das revisões limitadas, que podem ser trimestrais e semestrais. Estas, quando existem são publicadas, circulam pelo mercado, dão conforto aos investidores, por isso não faz sentido criar limitações a este tipo de documentos, que no fundo responsabilizam os auditores que as fazem e aumentam a confiança no mercado.

 

Mais notícias