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A queda dos banqueiros

Com excepção do BPI, tudo mudou na gestão da banca. O sector tem outros protagonistas e anda em busca da confiança que se perdeu durante a crise.

18 de Maio de 2016 às 11:47
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Os líderes carismáticos que fizeram a banca privada após a democracia foram afastados dos seus bancos, como Jorge Jardim Gonçalves, viram o banco desaparecer e vivem com vários potenciais processos, como Ricardo Salgado, ou faleceram e o seu banco acabou por desaparecer, como Horácio Roque. O último gesto de poder e de influência dos antigos senhores da banca está ligado ao pedido de resgate feito em Abril de 2011 à troika (FMI, Comissão Europeia e BCE,) pelo então primeiro-ministro, José Sócrates. Dos gestores do passado poucos podem dizer como São Paulo: "Combati o bom combate, terminei a minha carreira, guardei a minha fé."

Mantêm-se, apenas, os históricos Fernando Ulrich, presidente executivo do BPI, e Artur Santos Silva, actual presidente do BPI e da Fundação Gulbenkian, mas que perdeu preponderância, e que hoje estão mais concentrados e focados no próprio banco.
cotacao A crença na honestidade e no profissionalismo dos banqueiros esvaiu-se. Agora tem de ser provada.  Miguel Pina e cunha Professor na Nova Business School 
Muitos dos casos como as implosões do BES e do Banif e os conflitos que dilaceraram o BCP em 2007 foram e são acompanhados por processos nos tribunais, e estiveram na base de apoios do Estado aos bancos, com custos para os contribuintes e um sistema bancário que se mantém problemático. "A crença na honestidade e no profissionalismo dos banqueiros esvaiu-se. Agora tem de ser provada. Dificuldade: a confiança cresce devagar e cai depressa", refere Miguel Pina e Cunha, especialista na área de Estudos Organizacionais. Por isso, a figura que hoje funciona como uma espécie de senador do mundo financeiro, sobretudo bancário, é António Horta Osório, que está na liderança de bancos em Inglaterra desde Julho de 2006.

Na banca privada actual em Portugal predominam os administradores que fizeram parte da equipa formada por António Horta Osório para gerir o Santander depois da compra do Banco Totta & Açores em 2000. Nuno Amado e Miguel de Bragança pilotam o BCP, Eduardo Stock da Cunha dirige o Novo Banco, e António Vieira Monteiro lidera o Santander Totta. Por sua vez, em bancos mais pequenos emergem líderes formados no BCP como Carlos Álvares no Banco Popular e José Morgado no Montepio Geral.


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