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As experiências em empresas sem capital

A ECS Capital tem cerca de 65 investimentos, a maior parte tendo por objectivo a recuperação e racionalização de empresas em sectores como têxteis, turismo, metalomecânica e imobiliário entre outros.

12 de Junho de 2014 às 11:00
Miguel Baltazar/Negócios
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O que é encontraram quando chegaram a essas empresas?

Encontramos coisas muito diferentes. O nosso primeiro fundo que era de private equity tinha muito a ver com situações de necessidade de investimento da empresa, mas eram empresas em boa situação económica-financeira.

 

Nos fundos de recuperação encontramos empresas muito descapitalizadas, com muitas dívidas e, portanto, incapazes de pagar a dívida. Um dos aspectos essenciais da nossa acção tem sido racionalizar a produção e tentar readquirir a confiança dos clientes.

 

Em termos de organização e gestão como é que estavam essas empresas onde entraram com os fundos de recuperação?

Não quero fazer críticas. Em alguns casos a gestão era razoável, embora na maior parte delas houvesse um enviesamento total da gestão na solução dos problemas do dia-a-dia, como pagar os salários ao fim do mês, rodar os fornecedores da melhor maneira possível para adquirir matérias-primas, e esquecendo muitas vezes o mercado. Isto fazia com que o mix de gestão estivesse distorcido.

 

Como é que está a situação actual?

Em geral, na maior parte dos casos, estão bastante melhores sobretudo na recuperação de clientes. Para se perder a confiança é muito rápido, mas voltar ganhá-la é mais difícil. O saneamento de situações do passado tem sido o nosso trabalho porque a idade média do nosso portefólio é de dois anos. Em geral a situação é francamente melhor. Quase todas as empresas que comprámos tinham EBITDAS altamente negativos e hoje estão equilibradas ou já com resultados positivos. Mas há um ou outro caso em que as coisas não têm corrido tão bem.

 

A área turística é mais fácil?

Há claramente uma maior procura turística do país e cresceu bastante. O grande problema do turismo em Portugal, e vai levar muito tempo a recuperar, é o preço baixo dos quartos dos hotéis, o que é mais visível em Lisboa do que no Algarve. No segmento cinco estrelas os preços em Lisboa são muito mais baixos do que em Madrid ou Barcelona, para não falar em Paris ou Londres. Diferencial que acontece no preço do imobiliário, que, aliás, já está a dar sinais de recuperação em Portugal e Espanha. Já não são só sinais, há contratos a serem assinados.

 

Há em Portugal há talento, capacidade de liderança e personalidades capazes de serem disruptivas?

É uma pergunta que é difícil de responder mas é óbvio que há. Basta ver o número de portugueses bem colocados em empresas multinacionais. É um bom exemplo do talento que há em Portugal. Por outro lado, há uma desvalorização do papel do gestor em termos salariais, o que é mais notório no sector público do que no sector privado. Nota-se muito entre os jovens, e não estou a falar da emigração forçada, que querem uma experiência internacional diferente e competem por bons lugares em termos internacionais.

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