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Na sua intervenção, o especialista em gastrenterologia e também presidente da Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia (SPG), Guilherme Macedo, sublinhou a necessidade de difundir e explicar a saúde digestiva e também de mudar a forma como se comunica em saúde com a população, mas também com e entre os próprios profissionais de saúde.
E recorreu à música ‘Simpathy for the Devil´, dos Rolling Stones, "uma obra com mais 50 anos que nos coloca num patamar muito interessante de reflexão", pois "aponta a cumplicidade de todos nós perante as coisas terríveis que se passam no mundo e que se traduz, na atualidade, pela ausência de responsabilidade e pela demissão silenciosa do que fazemos. Todos temos uma simpatia pelo diabo."
Com essa preocupação em mente, a SPG foi identificar o que é preciso mudar para chegar às pessoas. E, de acordo com o especialista, além da imagem também os conceitos mudaram - o termo gastrenterologista foi substituído por especialista em saúde digestiva, por exemplo -, "representando o início de uma nova era".
Mas, além da comunicação para o exterior, também foi feita uma aposta para dentro da comunidade médica, instituindo uma filosofia e um propósito. "Os nossos profissionais de saúde têm de estar motivados, ter um laço, algo que os una, ter o sentido de pertença, e esse aspeto da comunicação interna é talvez a pedra mais importante que faz a diferença toda", considerou.
Os cinco cancros digestivos
De seguida, Guilherme Macedo apresentou o conceito ‘big five ‘- a saber: esófago, estômago, cólon e reto, fígado e pâncreas -, salientando que "em Portugal morrem, por ano, 10 mil pessoas por cancros digestivos (30 portugueses por dia) e morre uma equipa de futebol por dia só de cancro do cólon e reto".
Neste mês de junho, que é o Mês da Saúde Digestiva, a SPG lançou igualmente a campanha "Não empurres a saúde digestiva com a barriga", que "nos impele para a importância da prevenção enquanto temos saúde - pois o rastreio não é prevenção".
"Apesar de todo o esforço, e quando pensávamos que sim, que estávamos a fazer a diferença, afinal não estávamos", contou Guilherme Macedo, que andou na rua, de microfone em punho, a descobrir o que portugueses sabiam sobre saúde digestiva. "A informação que os médicos têm prestado à população não tem conseguido encontrar o eco que nós desejávamos", constatou o médico.
"Abraçar o fracasso como parte do sucesso" foi o passo seguinte, observou, recordando que os melhores assim o fazem. Exemplificando, referiu a resposta de Giannis Antetokounmpo, jogador de basquetebol do Milwaukee Bucks - cuja equipa foi eliminada de forma inesperada nos ‘playoffs’ da NBA -, ao jornalista que lhe perguntou como se explicava o fracasso: "Não é um fracasso; são passos para o sucesso. Michael Jordan jogou 15 anos, ganhou seis campeonatos. Os outros nove anos foram um fracasso?", respondeu Giannis.
"Esta atitude notável de compreender com humildade e autoconhecimento e controlo aquilo que se pode tornar diferente é uma lição de vida para todos nós, e também para nós médicos, sobretudo os que vivem numa bolha elitista e que se ouvem apenas a si próprios", reforçou Guilherme Macedo, considerando que "temos muito que fazer e que trabalhar em todas as frentes para que haja uma verdadeira perceção da importância destes aspetos humanistas e aí estamos todos convocados".
E recorreu à música ‘Simpathy for the Devil´, dos Rolling Stones, "uma obra com mais 50 anos que nos coloca num patamar muito interessante de reflexão", pois "aponta a cumplicidade de todos nós perante as coisas terríveis que se passam no mundo e que se traduz, na atualidade, pela ausência de responsabilidade e pela demissão silenciosa do que fazemos. Todos temos uma simpatia pelo diabo."
Com essa preocupação em mente, a SPG foi identificar o que é preciso mudar para chegar às pessoas. E, de acordo com o especialista, além da imagem também os conceitos mudaram - o termo gastrenterologista foi substituído por especialista em saúde digestiva, por exemplo -, "representando o início de uma nova era".
Mas, além da comunicação para o exterior, também foi feita uma aposta para dentro da comunidade médica, instituindo uma filosofia e um propósito. "Os nossos profissionais de saúde têm de estar motivados, ter um laço, algo que os una, ter o sentido de pertença, e esse aspeto da comunicação interna é talvez a pedra mais importante que faz a diferença toda", considerou.
Os cinco cancros digestivos
De seguida, Guilherme Macedo apresentou o conceito ‘big five ‘- a saber: esófago, estômago, cólon e reto, fígado e pâncreas -, salientando que "em Portugal morrem, por ano, 10 mil pessoas por cancros digestivos (30 portugueses por dia) e morre uma equipa de futebol por dia só de cancro do cólon e reto".
Acreditamos que a saúde digestiva é algo que temos de promover, difundir, explicar, tornar visível, sobretudo porque há coisas simples que podemos fazer, estão nas nossas mãos e podemos fazer a diferença. Guilherme Macedo
Presidente da Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia
"Acreditamos que a saúde digestiva é algo que temos de promover, difundir, explicar, tornar visível, sobretudo porque há coisas simples que podemos fazer, estão nas nossas mãos e podemos fazemos a diferença", destacou. O especialista apresentou alguns vídeos de awareness realizados pela SPG e que têm também como objetivo "fazer pressão e ajudar a que a tutela faça diferente", como é o caso do compromisso de eliminar a hepatite C até 2030. Presidente da Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia
Neste mês de junho, que é o Mês da Saúde Digestiva, a SPG lançou igualmente a campanha "Não empurres a saúde digestiva com a barriga", que "nos impele para a importância da prevenção enquanto temos saúde - pois o rastreio não é prevenção".
"Apesar de todo o esforço, e quando pensávamos que sim, que estávamos a fazer a diferença, afinal não estávamos", contou Guilherme Macedo, que andou na rua, de microfone em punho, a descobrir o que portugueses sabiam sobre saúde digestiva. "A informação que os médicos têm prestado à população não tem conseguido encontrar o eco que nós desejávamos", constatou o médico.
"Abraçar o fracasso como parte do sucesso" foi o passo seguinte, observou, recordando que os melhores assim o fazem. Exemplificando, referiu a resposta de Giannis Antetokounmpo, jogador de basquetebol do Milwaukee Bucks - cuja equipa foi eliminada de forma inesperada nos ‘playoffs’ da NBA -, ao jornalista que lhe perguntou como se explicava o fracasso: "Não é um fracasso; são passos para o sucesso. Michael Jordan jogou 15 anos, ganhou seis campeonatos. Os outros nove anos foram um fracasso?", respondeu Giannis.
"Esta atitude notável de compreender com humildade e autoconhecimento e controlo aquilo que se pode tornar diferente é uma lição de vida para todos nós, e também para nós médicos, sobretudo os que vivem numa bolha elitista e que se ouvem apenas a si próprios", reforçou Guilherme Macedo, considerando que "temos muito que fazer e que trabalhar em todas as frentes para que haja uma verdadeira perceção da importância destes aspetos humanistas e aí estamos todos convocados".