"Em termos de inovação, a Região Centro destaca-se pela capacidade de iniciativa e pelo ecossistema de empreendedorismo dos seus agentes", refere Ana Abrunhosa, presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro e doutorada em Economia pela Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra.

A região Centro foi considerada a segunda região portuguesa mais inovadora, segundo a 8.ª edição do Regional Innovation Scoreboard. O que faz a Região bem em termos de inovação?
O ecossistema regional de inovação tem-se progressivamente consolidado com a existência de ensino superior (com cerca de 76 mil alunos), unidades de investigação e instituições que promovem a inovação e a transferência de tecnologia, destacando-se três centros da Rede Nacional de Centros Tecnológicos, 16 incubadoras de empresas que constituem uma rede regional - com o Instituto Pedro Nunes a ser uma referência mundial reconhecida - e uma rede de sete parques de ciência e tecnologia, onde sobressai o Biocant. Destaca-se ainda na procura constante dos apoios disponíveis, sejam fundos regionais, nacionais ou europeus.


Quais são as principais dificuldades/obstáculos para uma maior inovação empresarial na região?
Um dos maiores obstáculos para uma maior inovação empresarial na Região e no país é o facto de o conhecimento, produzido nos centros de conhecimento, não criar valor socioeconómico. Uma forma de promover esta passagem é através do estímulo de projectos em cooperação entre empresas e entidades do sistema científico e tecnológico. Necessitamos de incentivar ainda mais a inovação e a colocação de recursos humanos qualificados nas empresas. Os projectos para inserção de pessoal altamente qualificado nas empresas têm tido uma procura muito reduzida e sabemos que não podemos ter inovação sem qualificação.

Quais são os principais sectores e centros mais inovadores da região Centro?
É de realçar, desde logo, que se trata de um conjunto equilibrado de sistemas urbano-industriais que nunca deixou de apresentar um tecido industrial pujante. São especialmente interessantes, pelo peso que representam na economia regional e pela capacidade de atrair investimento estrangeiro, os clusters automóvel e das máquinas e ferramentas, o cluster da floresta (papel, pasta de papel, madeira e mobiliário) e os sectores industriais que configuram os clusters do habitat e dos materiais. Mas emergem outras actividades de grande potencial, como as tecnologias da informação, comunicação e electrónica e as actividades económicas associadas às ciências da vida. Por outro lado, apresenta uma sustentada evolução da procura turística.