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Banca pisca olho a organização de produtores

A banca acredita que a terra neste sector deve ser financiada com capitais próprios.

28 de Maio de 2015 às 11:40
Bloomberg
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O sector agrícola em Portugal é dominado pelas pequenas explorações: 20% delas têm menos do que um hectare e 52% estão entre o um e os cinco hectares. E é aqui que está o grosso da actividade.

"Tem faltado uma estruturação do sector em termos empresariais e organizações integradas da cadeia de valor", uma concentração que permitiria um ganho no poder negocial com a indústria e com a distribuição., afirma um dos participante no Observatório de Agricultura. "Em Portugal, não gostamos de nos juntar e quando nos juntamos é obrigados pelas circunstâncias e assim que podemos tripudiamos a organização".

Um cenário que os próprios fundos comunitários querem combater, já que atribuem majoração a organizações de produtores ou agrupamento de produtores (OP/AP). Mais uma vez aplausos de uns, críticas de outros. "Há uma variedade muito grande de modelos de organização dos sectores, não queiram fechar tudo nas OP/AP. Contam-se pelos dedos o número de OP/AP", diz um líder do sector, acreditando que isso vai levar a que "se forjem novas organizações em tempo recorde para que os agricultores possam aceder aos apoios. Parece-me uma obsessão clara por um modelo que porventura na Europa possa ser uma realidade, mas que aqui pode levar tempo".

Mas a esta preocupação a banca respondeu com mitigação do risco. "A existência de OP sólidas facilita muito o crédito de curto prazo, de tesouraria". É a segurança de saber quanto vai produzir, em média, por hectare e a quanto vai vender o produto final. "O risco está mitigado e, por isso, nem é preciso olhar muito para a situação patrimonial do agricultor". A banca não deixa dúvida de que a existência de uma organização no final facilita a apreciação de risco.

E é esse risco que a banca tem pretendido sempre mitigar. Não há dúvida que a agricultura é uma actividade de maior risco e com "paybacks" a mais longo prazo. Não se pode olhar para um projecto agrícola num horizonte de 10 anos. No mínimo há que acrescentar mais 10 ou 15 anos. A garantia mútua também tem ajudado a mitigar esse risco, já que há operações de médio e longo prazos suportadas por essas garantias. Algo que a banca continua pouco disponível para financiar são terras. A compra de propriedades no sector agrícola é um activo fixo corpóreo e, como tal, exige-se o financiado com capitais próprios. Ainda assim, há já exemplos de financiamento à compra de propriedades, nomeadamente nos olivais do Alentejo.

Falta algum financiamento, falta capital de risco e falta a banca olhar para a agricultura com a sua própria especificidade. "Mas a banca está muito melhor com a agricultura, porque a agricultura está muito melhor". Certo é que o índice de incumprimento deste sector está nos 7%, metade do malparado existente no segmento empresarial.

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