- Partilhar artigo
- ...
A Hungria não tem costa marítima. Não vale a pena ir para o país vender artigos para a pesca. A Aicep (Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal) recebeu, na Hungria, um pedido de ajuda de uma empresa de artigos para a pesca que queria exportar. A Hungria não é, portanto, um alvo. O exemplo permitiu a Joaquim Pimpão, director da Aicep na Hungria, enfatizar a relevância de se conhecer o país com o qual se quer fazer negócios.
Na Europa Central, não tem saída para o mar. É um mercado à dimensão de Portugal: quase 10 milhões de habitantes e 93 mil quilómetros quadrados. A economia está, no entanto, numa evolução diferente. Em 2014 cresceu 3,6%. As exportações aumentaram 3% e as importações 4%. Tem uma economia pequena, mas aberta. Portugal pode, por isso, aproveitar estas características, não esquecendo que os principais parceiros comerciais da Hungria são os países vizinhos e estados como a Alemanha. O que significa que as empresas portuguesas enfrentam muitos concorrentes neste mercado. Mas há nichos que se podem aproveitar.
Os sectores, actualmente, mais importantes nos negócios entre Portugal e a Hungria são equipamento eléctrico, veículos automóveis, químicos, mobiliário e artigos de borracha e matéria plástica. Mas há que considerar também as tecnologias, o agro-alimentar (em particular o segmento gourmet, com, por exemplo, os vinhos), moda, cortiça e design.
Joaquim Pimpão, director da Aicep na Hungria, acredita que Portugal pode ter uma palavra a dizer nas importações daquele país.
Como se capta um mercado mais virado para a Alemanha e para países próximos?
Naturalmente não poderemos competir de "peito aberto" com a Alemanha, ou mesmo com outros países da Europa Central, nossos parceiros na União e vizinhos da Hungria. Mas há e haverá nichos de mercado que permitiram nos últimos anos uma evolução muito interessante para o fluxo das nossas exportações, e que, devido à abertura efectiva da economia húngara, permite-nos pensar e antever que as nossas exportações poderão continuar a crescer a um ritmo bem superior à dinâmica geral das importações húngaras.
Não haver intermediários é uma facilidade ou dificuldade para as empresas portuguesas?
A meu ver não é um constrangimento. Esta realidade deve mesmo ser encarada como uma vantagem potencial, pois assim as garantias e a segurança do negócio são diferentes e acrescidas.
Quais as principais precauções ao nível dos pagamentos?
As empresas portuguesas, sobretudo no início da operação, necessitam de alguma ousadia e ainda mais cautela. Com, por exemplo, a introdução no contrato comercial de uma cláusula que diga claramente que em caso de conflito se aplicará a caução e arbitragem da CCI - Câmara de Comércio Internacional, assim como enviar o produto quando a totalidade ou parte do montante da encomenda já foi debitada na conta bancária da empresa portuguesa.