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CEiiA já traz alunos do MIT para Matosinhos

O centro está a exportar engenharia nacional para todo o mundo, ao mesmo tempo que importa engenheiros e conhecimento. Um projecto que já é muito mais do que carros e aviões.

27 de Setembro de 2016 às 00:01
Paulo Duarte
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A nova casa do CEiiA, em Matosinhos, bem podia ser um museu ou um espaço artístico, bem desenhado e cheia de luz. Mas são outras as artes expostas no edifício, que custou 8,6 milhões de euros e trouxe a cidade para o centro da "revolução tecnológica" e de engenharia portuguesa.  

Lá dentro tomam forma aviões, helicópteros, carros eléctricos, motas, bicicletas. E da sala de controlo do projecto mobi.me monitorizam-se mais de 10 mil "devices" ou ligações à rede que tanto podem ser de autocarros, postos de carregamento eléctricos ou veículos da administração pública. Começou por estar virado para o sector automóvel (Centro de Excelência  da Indústria Automóvel), mas agora chama-se apenas Centro de Engenharia do Produto.

No final dos anos 90 foi levado a cabo um fórum de discussão sobre a indústria automóvel que chegou à conclusão que havia " falhas na parte de engenharia e desenvolvimento de produto", contou Gualter Crisóstomo, responsável pelo corporate governance do CEiiA. E assim nasceu o projecto.

Trabalham 240 engenheiros no edifício (mais 20 colaboradores de outras áreas) e muitos nem sequer são portugueses. E até o famoso MIT manda os seus alunos para Matosinhos. "Estão a trabalhar connosco três meses para desenvolver engenharia e produto", referiu Gualter Crisóstomo.  É um caso raro de "atracção de cérebros", em vez da mais famosa "fuga" dos mesmos.
Aviões e scooters eléctricas

Victor Martin é um cidadão do mundo. Já viveu e trabalhou em  França, para a Airbus,  na África do Sul e na Bélgica. A proximidade de Espanha, de onde é natural, fez com que elegesse agora o CEiiA para trabalhar. Mas não foi só por isso. O engenheiro, que está no projecto do avião AW609, da fabricante anglo-italiana, Agusta Westland,  tem aqui a oportunidade de trabalhar no projecto como um todo, ao contrário do que acontece em grandes empresas. São 50 mil horas de engenharia  para construir "uma das aeronaves mais avançadas do mundo que descola como um helicóptero e continua o voo quase como um avião". A experiência do CEiiA no KC 390, da Embraer, já lhe permite estes voos.

Dos cerca de 15 milhões de euros em volume de negócios que a empresa registou em 2015, a maioria continua a ter origem na parte automóvel e de mobilidade. Na sala de controlo do mobi.me, Rodolfo Silva, engenheiro de testes de software, mostra o painel de controlo, onde se monitoriza a localização e comportamento de cada autocarro, scooter, posto de carregamento ou veículo equipado com um aparelho específico, que irão permitir que um dia todos saibamos qual a nossa "factura de mobilidade".

Para já, este projecto monitoriza, por exemplo, o aluguer de scooters eléctricas em Barcelona. O objectivo deste projecto é que qualquer utilizador se possa deslocar na cidade usando a aplicação no telemóvel "sem ter que pagar na hora e podendo parar onde quiser dentro de um raio de acção definido". O mesmo método está a estudar a utilização da frota do Estado e a monitorizar táxis em Istambul, além de vários projectos no Brasil.

André Dias, director da unidade sistemas inteligentes de mobilidade deu conta ainda de um projecto de estudo dos transportes e trânsito que fica em casa. "Em Matosinhos temos estado com uma série de conversas com o município e vai iniciar-se um projecto de mobilização dinâmica da cidade para estudar em tempo real os movimentos de entradas, pela A28, Circunvalação", referiu. Porque às vezes é mais fácil mudar do que aquilo que se pensa.
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