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Quais as vantagens do concelho da Maia?
É um concelho com um enorme potencial para criar riqueza e valor. Como não é naturalmente rico, criámos condições para atrair essa riqueza. E, nas últimas quatro décadas, transformámos um concelho rural num que é o maior exportador da Área Metropolitana do Porto, o segundo maior da região Norte, e o quarto maior do país. A Maia tem múltiplas empresas e não depende apenas de uma grande, e por isso tem um modelo económico mais sustentável e resiliente.
No vosso plano estratégico definem a Maia como holística, equilibrada e estável…
Vejo a cidade como uma espécie de Baviera, na Alemanha, ou uma Suíça humanizada, em que tudo tem de estar no sítio, planeado, organizado, limpo, ambientalmente sustentado. Somos o concelho do país que melhor desenvolve o modelo de separação seletiva de resíduos sólidos porta a porta. Vamos ser os primeiros a implementar a fatura independente para os resíduos sólidos, já a partir de 2020. Vai ser cobrada em função do nível de separação e vai tender a reduzir entre 15 e 20% os custos do munícipe. Estamos a desenvolver um projeto de eficiência hídrica que tem por objetivo fazer a gestão da rede centralizada, através de telegestão e telefatura. Vamos assim conseguir reduzir as perdas para metade.
Definem três eixos de crescimento. Qual a vossa estratégica para desenvolvê-los?
Gostamos que os nossos espaços públicos sejam qualificados, com rigor estético. Esses eixos são definidos para uma década. O primeiro é a qualidade de vida e a vivência do território, o segundo a sustentabilidade integral e o terceiro a conetividade e desenvolvimento tecnológico. Todos têm objetivos que passam por promover estilos de vida saudáveis, com a criação de espaços verdes e percursos pedonais, como o Ecocaminho, que já está na terceira fase. Estamos a desenvolver com o concelho de Matosinhos uma ecopista ao longo de sete quilómetros na contiguidade do rio Leça, um investimento conjunto de 6,5 milhões de euros.
O que está a ser pensado para atrair ainda mais empresas?
Conseguimos criar condições objetivas para que nos procurem. Temos espaços disponíveis, uma boa acessibilidade, perto do aeroporto, e consegue ser um espaço geográfico privilegiado. Mas não aceitamos qualquer tipo de investimento, somos muito seletivos. Queremos investimento de nível superior, queremos atrair riqueza que crie condições para que os jovens se fixem e esses jovens podem não ter riqueza material mas têm de ter riqueza intelectual. Queremos sobretudo empresas na vanguarda tecnológica que criem valor.
O que estão a desenvolver nesse sentido?
Está a ser desenvolvido um edifício do arquiteto Siza Vieira, na sede da Fundação Gramaxo, que vai pôr a Maia no roteiro da arquitetura mundial. E estamos também a avançar com a criação de um museu para a arte digital, um investimento na ordem dos 5 milhões de euros. Temos um outro projeto planeado, junto ao Parque Millenium, onde vamos desenvolver uma espécie de Silicon Valley, com 70 hectares, para instalar empresas tecnológicas. A ideia é criar três conceitos: a Maia do futuro, com inovação e empreendedorismo, a Maia do passado, com uma componente de lavoura, numa lógica de sustentabilidade, e ainda um campus social, um modelo que enquadre residências sénior e apoios geriátricos.
Em que fase está e qual é o investimento previsto?
Ainda está em estudo. Em princípio vamos convidar o arquiteto Siza Vieira para o desenvolver, e também o arquiteto Sidónio Pardal, enquanto paisagista para a parte agrícola. Este é um investimento que será realizado em vários anos, que está ainda em análise. Vamos também criar um nó de acesso à A41, que já está aprovado, e com isso vamos espoletar todo este empreendimento.
Relativamente às contas da autarquia, a Maia é um município sólido…
Temos uma saúde financeira invejável. No final deste mandato o objetivo é não termos dívida nem de curto nem de longo prazo. Somos o concelho que melhor paga na região norte, pagamos a três dias, e somos o segundo concelho da região com maior robustez financeira, logo a seguir ao Porto.
Relativamente à decisão judicial de perda de mandato, em que fase está o processo?
Não concordo com a decisão, porque além de ser imoral, é injusta e desproporcionada. O que fiz foi assinar um documento para a Câmara pagar os impostos de uma empresa municipal, a TecMaia, e salvaguardar postos de trabalho. Assinei a proposta mas não a aprovei. Se houve alguma imperfeição eu não sabia porque não sou jurista. Considero que é excessiva, e por isso recorri da decisão do tribunal.
O defensor do rigor estético
António Silva Tiago, 59 anos, nasceu em Milheirós, no concelho da Maia, e licenciou-se em Engenharia Civil na Faculdade de Engenharia do Porto. Fez um estágio nos Serviços Municipalizados, e acabou por ficar alguns anos nessa área chegando a diretor de serviço. Entrou na política com apenas 28 anos, e fez todo o seu percurso na Câmara Municipal da Maia, que vê como uma missão de vida. Foi vereador, responsável pelo urbanismo, ambiente e ação social, e criou o pelouro da Juventude na Câmara Municipal. Esteve 12 anos como vice-presidente. Candidatou-se em 2017 à presidência, pelo PSD, e ganhou as eleições.