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Imobiliário no Algarve: comprar novo ou gastar milhões para deitar ao chão?

Cada resort tem o seu modelo de crescimento. Vilamoura e Quinta do Lago não podiam ser mais diferentes. Com uma parecença: estrangeiros prontos a tirar do seu bolso e comprar casa.

Pedro Elias
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"Estes clientes da Quinta do Lago gostam de demolir". A consultora imobiliária Jaan-Claire Rodrigues di-lo com naturalidade, de sorriso no rosto. "Este é um sítio muito especial".

À sua frente, uma casa de sete milhões de euros desenhada por uma arquitecta alemã. Linhas rectas, um branco absorvente pela ausência de móveis, duas piscinas e vista para o verde de um campo de golfe. Só os custos de manutenção rondam, por ano, os 45 mil euros.

Antes erguia-se ali uma moradia com traços mais tradicionais. Leva-nos, de carro, pelo empreendimento e vai dando exemplos de outras casas - algumas com ares de palácio - que podem ter o mesmo destino. Perguntamos a Jaan-Claire Rodrigues o preço. Não raras vezes responde: "à volta dos 10 milhões".

Quem compra, fá-lo quase sempre com a perspectiva de investimento. Como estão, as casas não vão valorizar muito. Ao demolir, gastam-se mais uns milhões mas o retorno é mais forte. "Os clientes estão preparados para investir muito dinheiro", resume a agente. Também ela se confronta, de quando a quando, com falta de realismo quando os clientes definem os preços das casas que querem vender. "É o lote 13? Vão 13 milhões", brinca.

Pessoas, rios e regiões de Portugal dão nome às ruas deste empreendimento. O dono é o irlandês Denis O’Brien, cujo principal negócio são as telecomunicações nas Caraíbas. No resort localizado na freguesia de Almancil, Loulé, aplicou 50 milhões de euros ao longo da última década. A maioria fatia, 30 milhões, foi nos campos de golfe. Uma das apostas, de quatro milhões, nasce no próximo ano. É um centro desportivo onde existirão 20 modalidades - como futebol, ténis, padel ou atletismo.

"Um dos grandes propósitos foi rejuvenescer a população da Quinta do Lago. A média estava nos 65 a 70 anos. Já conseguimos baixar para os 50. E [espero] que estes proprietários tragam os netos. Daí termos mais de 500 eventos no Verão", exemplifica o director financeiro Miguel Sousa.

Neste momento, só há 20 lotes prontos para serem vendidos. O preço por metro quadrado de terreno está nos 1.300 euros. Há ainda outros nove lotes planeados, mas falta criar as infraestruturas de apoio. Não resta outra solução senão a demolição das moradias mais antigas. "Não é restaurar. É mesmo deitar abaixo e fazer novo", reforça o gestor.

"A terra esgota-se. Daí o investimento para tornar a Quinta do Lago num resort de serviço e não de investimento imobiliário. É a qualidade do serviço que prestamos que fideliza", completa Miguel Sousa. E essa oferta tem de se fazer sentir ao longo de todo o ano para "esticar mais a época alta" aos períodos de Inverno.

São cinco os negócios da Quinta do Lago: o golfe, a restauração (com mais de uma dezena de restaurantes), o imobiliário, a segurança (há até uma patrulha interna) e a gestão de propriedades de terceiros. Ao todo, no ano passado, registaram uma facturação de 36 milhões de euros. Dão emprego a 450 trabalhadores, número que pode ultrapassar a fasquia dos 600 no Verão. "Queremos expandir para fora da Quinta do Lago o serviço de segurança assim como a gestão de propriedades de terceiros", perspectiva. Já há experiências ali perto, em Vale do Lobo.

Miguel Sousa não está confortável com o rótulo de elitista que, não raras vezes, é aplicado à Quinta do Lago pela sua reduzida margem de expansão e pelos preços. "Não nos classificamos como elitistas mas como um resort de luxo. Depois as pessoas ou querem ir ao luxo ou não. Não fechamos a porta a ninguém", conclui.

Destino de experiências
Juan Gómez Vega assumiu a pasta a 10 de Outubro e é ele quem terá, enquanto CEO, de levar em frente o projecto de desenvolvimento de Vilamoura, avaliado em mil milhões de euros e com data de conclusão apontada para 2020.

"A nova equipa de gestão está focada em revitalizar e dinamizar o plano definido para Vilamoura, reforçando o ADN de promotor imobiliário e oferecendo soluções atraentes para promotores, construtores e investidores", conta.

Os tapumes no terreno, a tapar a vista para a nova parte do projecto L’Orangerie, comprovam-no. Ao todo são sete hectares, com 12,5 mil metros quadrados de área de construção. As novas casas começam a ser vendidas já em 2017. Até porque a primeira etapa foi um "sucesso": 55 casas vendidas, 24 residentes permanentes, 12 nacionalidades diferentes.

Terraço para os dias mais quentes, relvado apurado e piscina comum às casas mais próximas. Pouca vegetação e campos de golfe no horizonte. Se a densidade populacional é baixa, os acabamentos são de topo. Um venezuelano, conquistado pelos incentivos dos vistos "gold", faz uma visita à casa modelo. É apenas mais uma nacionalidade nesta mistura estratégica. Quem vende os imóveis tem os seus lemas: bom, fácil de manter e limpar; com a melhor tecnologia e cheio de luz. A garantia é de que, nas fachadas, a cor laranja se manterá dentro do condomínio fechado e com segurança à porta.

Vilamoura tem 700 mil metros quadrados previstos para construção nova, com os respectivos projectos já aprovados. Foi um dos motivos que levaram os americanos do fundo de investimento Lone Star a comprar o empreendimento em 2015. Não vão faltar mais hotéis e mais cinco mil habitações, com preços para todos os gostos.

"Os pilares fundamentais do plano de desenvolvimento da Vilamoura World são a marina e as actividades de lazer e desportivas, que se articulam em perfeita sintonia com os novos projectos imobiliários", remata Juan Gómez Vega. A marina, com 825 postos de amarração, é um dos cartazes de Vilamoura, o resort que não é visto como tal por quem o visita ou aí compra casa.

Quando se procura criar um destino é preciso dar-lhe vida. Onde encontrá-la em Vilamoura? Nas praias, nos hotéis, nos mais de 100 restaurantes, na academia de ténis, nos eventos, nos clubes nocturnos. Em uma palavra: experiências. "Acredito realmente em Vilamoura como o destino perfeito no sul da Europa. Tem um legado único", resume o CEO. A herança está aí para continuar em novas mãos.

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