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Apolónia, o supermercado com sal rosa do Havai mas também bolacha Maria

Os supermercados Apolónia são diferentes dos outros. Têm o que os outros têm, mas também o que não têm. E um serviço de topo que inclui um “sommelier” em permanência.

Pedro Elias
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À primeira vista, parece um supermercado igual aos outros, mas quando se olha com atenção, percebe-se que os supermercados Apolónia têm mais nas prateleiras do que se está à espera. A começar pelos vinhos, que estão logo à entrada, e que incluem um "sommelier" (escanção) em permanência para ajudar os clientes a escolher a garrafa mais acertada, passando pela charcutaria, onde o cliente pode provar o que quer comprar, e ainda pela bancada de sushi, com um chef que prepara na hora o prato japonês preferido.

O conceito do grupo Apolónia, que conta com três supermercados, todos no Algarve, é assumidamente diferente, nasceu quando o fundador, Avelino Apolónia, regressou em 1983 de Vancouver, no Canadá, onde estava emigrado, e é simples de resumir: "Temos o que os outros têm e o que não têm." "Quando voltei lembrei-me de abrir um snack-bar, que deu lugar a um minimercado. Como trabalhei no Canadá como cozinheiro, tinha conhecimento de alguns produtos que aqui não havia", para lá do arroz, massas e açúcar que existiam nas mercearias da zona.

Um dos primeiros produtos que trouxe para Almancil, onde construiu o primeiro supermercado – entre a sua casa e a casa dos sogros – foi um chutney de manga, recorda ao Negócios quando vê esse produto na prateleira. "Praticamente semana sim, semana não ia a Lisboa e enchia a carrinha de produtos."

A comunidade britânica residente na zona ficou impressionada. "A primeira cliente que tive foi uma inglesa, e depois começaram a fazer pedidos: não me arranja isto, e aquilo?" Como Avelino ia arranjando, o passa-palavra fez o resto. "Os [residentes] de Vale do Lobo vinham cá e depois deixavam uma nota nos seus apartamentos a dizer ‘se querem um minimercado bom, vão ao Apolónia’. Foram vindo e nós fomos crescendo."

Hoje, o grupo, que além dos supermercados da Guia e do Carvoeiro tem ainda um centro de distribuição em Estoi (Faro), factura 40 milhões de euros por ano e dá emprego a 450 pessoas. O conceito continua a ser o do início. "Temos a maior variedade de produtos alimentares em Portugal", explica Paulo Apolónia, filho do fundador e um dos administradores da empresa.

Paulo Apolónia rejeita o rótulo de supermercado gourmet. "Nós vendemos todos os produtos, não somos um supermercado gourmet. Temos vinho de um euro e vinho de 10 mil euros. Temos fiambre que começa em quatro euros e fiambre com trufas. Temos sal de mesa normal e sal do Havai. O que nos distingue essencialmente é a variedade do serviço", descreve. Fica, portanto, à escolha (e à carteira) do cliente levar um extravagante sal rosa do Havai, a exclusiva carne japonesa Wagyu ou um banal pacote de bolachas Maria. Está tudo no mesmo local.

A lista de produtos é extensa e continua a crescer, por sugestão dos clientes. "Essencialmente, o que fazemos é ir colocando os produtos que os clientes pedem", conta Paulo Apolónia. Uma das características das lojas é o serviço de alta qualidade. "Nós damos verdadeiramente serviço aos clientes", o que exige o dobro do pessoal de um supermercado normal, assinala Paulo Apolónia. "A loja de Lagoa, que tem um ano e alguns meses, já esgotou três livros de elogios. Que é uma coisa que as pessoas têm de pedir, não é só carregar num botão", revela, satisfeito.

Expansão passa por Cascais

A construção de supermercados Apolónia fora do Algarve já esteve planeada, mas a crise acabou por travá-la. No Verão, metade da clientela é de nacionalidade portuguesa, embora na época baixa seja maioritariamente constituída por estrangeiros. "Quando os portugueses passam cá férias no Algarve dizem sempre: abram na minha terra, abram aqui, abram ali", recorda Paulo Apolónia.

A primeira morada fora do Algarve deverá ser Cascais, mas não revelam quando. A razão do local é o facto de as deslocações serem mais fáceis do que em Lisboa, mas também não será alheio o facto de existir uma potencial clientela de nacionalidade estrangeira similar à que existe no Algarve. O grupo também quer abrir mais lojas no Algarve. E no Sul de Espanha, para tirar partido do conhecimento que já tem do mercado britânico. Em cima da mesa está também abrir uma loja em Lisboa.
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