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Lameirinho: subida do algodão foi quase a "machadada final"

Em entrevista, o administrador da Lameirinho, Paulo Coelho Lima, referiu que a empresa quer servir de mesma forma os clientes grandes e pequenos. O gestor deu conta da evolução do mercado britânico e do impacto da crise.

30 de Junho de 2016 às 00:01
Paulo Duarte
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Quais os principais desafios para a Lameirinho neste momento?

Temos milhares de clientes. Muitos são pequenos em quantidade, mas o nosso desafio é  que confiem em nós para escolher o negócio. E isto é muito importante. As pessoas têm que conhecer o mercado, estudar o cliente e ver o que lhe faz falta. Além disso, tem sido para nós um objectivo ir à procura de novos mercados, mas é um terreno muito difícil.

Que evolução têm notado nos vossos principais mercados?

Por exemplo, Inglaterra, que  é o nosso segundo mercado, mas historicamente foi o primeiro para onde fomos, mudou imenso. Queriam dos piores lençóis - um poliéster e flanela de qualidade terrível - e até tinham poder de compra... e isso não fazia sentido. Mas de repente, a partir dos anos 2000 foi talvez o mercado que mais evoluiu e o que melhores lençóis quer. Ultrapassou mesmo os EUA. E agora os americanos querem saber o que eles andam a comprar.

Que impacto teve na empresa a falta de aposta na industrialização nas últimas décadas?

O discurso, mais que frequente por parte dos governos, era esse: de que as indústrias tradicionais estavam a desaparecer, que íamos ser um país de serviços e que empresas como a Siemens e a Autoeuropa é que eram o futuro de Portugal. Tudo apontava para uma desindustrialização. A Lameirinho no meio disto tudo teve que fazer uma reestruturação nessa altura, com as condicionantes que tinha da envolvência europeia, a abertura dos mercados asiáticos e as debilidades com o terrorismo e outras coisas que afectaram os grandes compradores.

A crise veio complicar mais esta história...

Depois do terrorismo, tivemos as crises financeiras e económicas, que abalaram  brutalmente em termos de imagem internacional e levaram os grandes "players" a perguntarem o que se passava e se íamos ser afectados por isto. Os jornais faziam reportagens de Portugal como o patinho feio. A seguir à crise financeira e económica, a têxtil teve uma crise que, com mais de 60 anos de experiência, nunca tínhamos visto. O algodão quintuplicou num ano. De repente somos confrontados com uma matéria-prima que subiu cinco vezes de preço. Foi uma situação quase incontrolável e quase uma machadada final.

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