A Guarda tem um Dom muito conhecido: Dom Sancho, o segundo rei de Portugal, que desde 1955 está representado em frente à Sé. Foi ele que atribuiu o foral à cidade e que inspirou, também, o doce oficial do concelho, numa iniciativa promovida pelo município. Mas há um outro Dom a dar cartas na internet: a Dom Digital é uma empresa especializada em soluções criativas na web, sejam elas "sites", aplicações ou plataformas de gestão. Fundada em 1997, a empresa dá trabalho a 15 pessoas e acabou de lançar a aplicação móvel da RTP Play (para iOS e Android).

É esse, neste momento, o projecto porta-estandarte da empresa. "A RTP contactou-nos para fazer versões para tablet e smartphone do RTP Play, a plataforma de visualização de canais", explica António Gil, CEO (presidente executivo) da Dom Digital. "Estamos a tentar encontrar novas formas de ver TV com eles. Essa tecnologia foi toda feita na Guarda e é do melhor que se faz a nível global", garante, acrescentando que "há poucas aplicações de TV ‘on demand’ com esta qualidade".

Uma das grandes apostas da Dom Digital é o sector dos média, em especial numa altura em que é preciso oferecer soluções informáticas para fechar conteúdos. "Os jornais precisam de experimentar, só que isso custa dinheiro e demora tempo. É isso que permitimos aos jornais com esta tecnologia que é o Ardina", sublinha. O Ardina é uma plataforma baseada no modelo da SalesForce, "líder mundial de software na ‘cloud’ no sector empresarial," com quem a Dom Digital tem uma parceira, através da qual espera promover esta solução.

"Queremos que o Ardina seja vendido à escala global através da SalesForce", diz António Gil. As valências desta plataforma podem ser resumidas em quatro categorias: o "player", para reprodução de conteúdos áudio ou vídeo; o gestor de conteúdos (‘backoffice’); um catalogador de conteúdos (para gerir os ‘tags’) e o interface, que é a parte mais visível – o "site", por exemplo.
No sector dos média, a Dom Digital segue "numa perspectiva de ‘revenue share’ [partilha de receita]: os clientes não fazem investimento e por outro lado recebem só se isto der resultado". Isso é uma abordagem de sucesso neste sector porque "retira o risco dos jornais".

Além da área dos média, a Dom Digital aposta ainda "na hotelaria e no terceiro sector". "Temos clientes sobretudo em Portugal, Espanha e Cabo Verde", explica António Gil. A Dom Digital facturou 300 mil euros no ano passado, um valor "em linha com os últimos anos de crise". O valor de exportações é baixo, situando-se em 12%, até porque não é aí que está, ainda, a principal fatia do negócio.

Falta de oferta
Apesar de considerar que tem, na sua equipa, um conjunto de "craques", António Gil lamenta a falta de mão-de-obra qualificada. "Queremos crescer mas não há oferta qualificada nesta área, nesta zona", lamenta o CEO.

A equipa de 15 funcionários tem um comercial em Lisboa e outro em Coimbra e, numa das paredes do escritório, junto ao Teatro Municipal da Guarda, está colado na parede um organigrama nos maiores grupos de média portugueses.