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Two Impulse: Guten morgen. Posso ajudar?

A Two Impulse começou nos seguros, passou para o ramo automóvel e não sabe o que se seguirá. A start-up usa a inteligência artificial para pôr computadores suíços e alemães a falar.

23 de Julho de 2018 às 21:40
Mariline Alves
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À chegada do Negócios a uma das salas do Parque do Alentejo de Ciência e Tecnológica (PACT) de Évora, a equipa concentra-se à volta de um ecrã para acompanhar uma vídeo-conferência. A Two Impulse não tem clientes em Portugal - "ainda não nos focámos no mercado nacional", informa Paulo Nunes, fundador da empresa voltada para o processamento de linguagem natural.


As contas crescem sobretudo devido aos pedidos da Alemanha e da Suíça, mas também dos Estados Unidos. "Quase todos os negócios que temos foram de empresas que nos encontraram", explica o responsável, que antes de se dedicar a tempo inteiro a esta start-up (foi criada em 2013, mas apenas há dois anos "começou a operar a sério") trabalhou na seguradora SwissRe, esteve no Observatório Europeu do Sul, na Alemanha, e estagiou na Agência Europeia Espacial assim que saiu da Universidade de Évora.


Em menos de dois anos, a Two Impulse passou de três para 17 empregados e de uma facturação de 50 mil euros para previsões entre 750 mil e um milhão de euros. Ainda assim, Paulo Nunes considera que o crescimento não é exponencial. Quer crescer mais. Para isso, precisa de três coisas: que a empresa deixe de estar exclusivamente focada em serviços (apoiando empresas na sua transformação digital) para assumir a chancela de um produto; recursos humanos "com vontade e conhecimentos", na área da engenharia informática, consultoria e línguas; e mais espaço, porque as mesas já não chegam.

De seguros para carros

O primeiro grande projecto da Two Impulse foi com uma seguradora suíça, na área da protecção de fraude, mas hoje a equipa está sobretudo centrada na produção de "chat bots" (robôs de conversação) para o sector automóvel, "os tais brinquedos com que as pessoas podem interagir" através de um ecrã de computador ou de telemóvel na compra de um produto ou no apoio técnico, explica Paulo Nunes. "As formas de interacção estão a evoluir muito", refere o gestor, prevendo que "daqui a dez anos as pessoas já quase não se vão lembrar que usavam teclados para fazer certas coisas". É com esta convicção que a empresa trabalha mecanismos de comunicação que podem tornar os processos bastante mais céleres e produtivos. "Imagine escrever um e-mail com a voz", exemplifica.

Mas o facto de o mundo automóvel ser agora a grande fonte de energia da empresa com bases no Alentejo e um escritório em Munique, na Alemanha, é tudo menos uma prisão. Até porque estes profissionais são "um bocado oportunistas". Paulo Nunes explica: "Se nos aparecer uma empresa da área financeira a pedir um projecto nós não vamos dizer que não".

Fora do jogo das aparências

O clique
"Há muitos aspectos nas grandes empresas que têm pouco a ver com a qualidade do trabalho que se produz e com o valor acrescentado, e mais a ver com política, auto-promoção e aparências. Fartei-me disso", relata Paulo Nunes, fundador da Two Impulse. 

Investimento
"Fui o meu próprio 'business angel' e foi melhor, porque não tive de vender logo metade da empresa", acredita o responsável. Porém, assim que o novo produto estiver pronto a entrar no mercado, o objectivo será encontrar um investidor que permita a "alavancagem do negócio".

Novo produto
Será uma solução de comunicação, mas nada que cumpra apenas os passos "instalar, 'next e next'". "Vai ser numa visão 'business to business', com um kit em construção de soluções de inteligência artificial na área da linguagem. Nesta área, não existe um produto que se ligue à tomada e resolva o problema."

Dificuldades

"O mais complicado é a espargata entre a prestação de serviços e o desenvolvimento do [novo] produto", cuja apresentação está prevista para o final do ano. Por outro lado, "o mercado de talento em Évora é reduzido". 

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