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Fábio Carreto, 29 anos, de Pias (Serpa), tem um cubo mágico nas mãos. Não vai ajudar a afinar o software que tem à frente, uma "espécie de LinkedIn interno de uma empresa cotada em bolsa, que envolve 13 mil pessoas". No entanto, "alivia o stress". Há sete anos veio parar à Digital Works, em Évora, depois de um estágio curricular. "Temos uma grande proximidade com a Universidade de Évora e com os politécnicos de Beja e de Portalegre, de onde temos absorvido recém-licenciados e mestrados. Em 95% dos casos, ficaram a trabalhar connosco", nota Carlos Rodrigues, director executivo da empresa.
Mais à frente, António Lagartixo, 45 anos, transformou a formação em Ensino de Ciência em aptidões como "tester developer". "É uma área em que tem de se ser constantemente autodidacta", afirma. A Digital Works tem mais de 20 projectos em simultâneo e 63 clientes activos. Trabalha-os desde o centro de produção, em Évora, e dos escritórios em Lisboa e em Londres, com uma equipa de 24 elementos.
No portefólio sobressaem projectos com a Galp, a Groundforce, o Turismo de Portugal, a Associated British Foods, a Fundação Champalimaud ou a NoMenu, que ganharam, por vezes, contra concorrentes como a Accenture Digital ou a Deloitte. "A diferença é que eles apresentam orçamentos 30 vezes superiores. A nossa pequenez, passo a expressão, dá-nos vantagem", analisa Carlos Rodrigues. Mas também já lhes aconteceu o contrário. Criavam muitos websites, até o mercado ser invadido por ferramentas gratuitas que ajudam a criar páginas em pouco tempo e com poucos recursos. "Por que razão iam dar não sei quantos mil euros a uma Digital Works se aquele fulano faz a mesma coisa por mil euros ou menos?", pragmatiza Carlos Rodrigues.
Da produção à transformação
O mercado livre abrigou a metamorfoses. A empresa lançada em 2010 como produtora digital para agências de comunicação, fossem criativas, de media ou de relações públicas, tornava-se numa "agência de transformação digital", explica Carlos Rodrigues. Em resumo, tanto podem construir programas com o objectivo de agilizar processos numa fábrica de moldes de plástico como ajudar uma empresa de serviços a vender melhor através de uma plataforma electrónica intuitiva e ágil. Se antes era a comunicação que reinava, hoje ela representa 20% do negócio. "O resto é transformação digital."
Oito anos em retrospectiva
Dois sócios e uma ideia
A Digital Works nasceu em 2010, em Évora, a partir da sociedade de Ricardo Teixeira e Carlos Rodrigues. "Ele tinha acabado de vender uma agência digital, a Webdot, e eu tinha acabado de sair do Havas Media, um grupo francês de comunicação", conta o segundo. No ano passado, Ricardo Teixeira abandonou a empresa por motivos pessoais.
London Calling
"Rapidamente esgotámos a possibilidade de crescer em Portugal. Por isso, em 2013, abrimos um escritório em Londres", relata Carlos Rodrigues. Nessa fase, contaram com um investimento da BrainCapital na casa das "centenas de milhares de euros", informa o presidente executivo, não querendo precisar números.
Coisas do coração
Portugal e o mercado externo representavam mais ou menos o mesmo volume de facturação até ao momento em que o responsável pelo escritório londrino se apaixonou e foi viver para o Sul de Espanha. O amor súbito resultou numa quebra dos negócios gerados em diferentes partes do mundo a partir de Inglaterra, mas o lado britânico já está a dar sinais de recuperação.
Futuro
O objectivo para este ano é atingir um volume de negócios de 780 mil euros, sendo que a empresa espera chegar brevemente a um milhão de euros de facturação consolidada.