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Manuel Machado: "Queremos ter 25 autocarros elétricos em 3 anos"

A mobilidade na área metropolitana é uma preocupação da autarquia, que está a reabilitar o projeto das ecovias. Já encomendou 8 autocarros elétricos e espera ter 25 nos próximos três anos.

21 de Maio de 2019 às 13:00
Manuel Machado, Presidente da Câmara de Coimbra Ricardo Almeida
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É uma cidade focada nos serviços, sobretudo na educação e na saúde, onde a pressão imobiliária é forte, mas a autarquia afirma que é a lei do mercado a funcionar. A mobilidade é uma questão central, ainda com algumas dificuldades por resolver, mas a autarquia afirma que canaliza 9 milhões de euros para apoio social nos transportes.

Qual a estratégia que definiu para o crescimento do concelho? A educação e saúde são os principais eixos?
Investir em setores estratégicos, como a educação, é prioritário pois este é o 'local da sementeira'. Depois investir na qualidade das infraestruturas, através da requalificação. E, sobretudo, tratar os cidadãos das 31 freguesias da mesma forma. Para isso implica ter escolas, saúde e transportes para todos. O cluster da saúde também é, claramente, uma aposta e as empresas têm vantagens em instalarem-se aqui.

O que está planeado para melhorar a mobilidade?
Estamos a investir na compra de autocarros elétricos e estão já encomendados oito. O nosso objetivo é ter 25 nos próximos três anos, para assim retomar o projeto das ecovias, que são carreiras que fazem transporte dos parques de estacionamento periféricos até ao centro. A Metro Mondego tem o projeto do metro parado, já fez 96 estudos, mas não há ainda transporte de pessoas. E temos urgência neste sistema de mobilidade, que está idealizado desde 1994, e que pela primeira vez tem financiamento dos fundos europeus aprovados pela reprogramação do Portugal 2020.

A autarquia investe cerca de 5 milhões de euros em ação social escolar e 9 milhões de euros em transportes.

Sendo Coimbra uma cidade universitária, que investimentos tem para este polo?
Temos procurado manter uma relação de cooperação ativa com a Universidade, com o Politécnico, e temos um programa de empresas pioneiro, no Instituto Pedro Nunes. Além disso, apostamos na educação para atrair e fixar famílias. Oferecemos transportes gratuitos para 4.700 alunos. Os miúdos têm ainda refeições gratuitas no pré-escolar, prolongamento de horário, oferta de algum material escolar. A Câmara investe mais de 5 milhões de euros na ação social escolar e nos transportes 9 milhões de euros.

A reabilitação do centro da cidade é urgente. Em que fase está atualmente este projeto?
Adotámos um plano para reabilitar a zona central, com medidas de requalificação do espaço público e temos incentivos à realização de obras para recuperação de prédios. Temos um fundo imobiliário fechado para adquirir prédios, fazer acordos com os proprietários, preparar o projeto, fazer a obra e gerir a exploração do edifício. Este fundo é só destinado à baixa de Coimbra pois o plano estratégico está focado na área que foi classificada como Património Mundial da Humanidade.

A forte pressão imobiliária não dificulta a atratividade da cidade? Esses prédios são colocados no mercado a preços controlados?
São colocados no mercado de arrendamento normal. Para esse mercado específico a Câmara tem habitação social em bairros com rendas simbólicas. Mas mais do que a pressão imobiliária preocupa-me o estado de prédios abandonados e para os quais procuramos uma forma de intervir. Coimbra tem prédios antigos, que são heranças, e esse é um dos problemas mais difíceis de resolver. Muitas vezes os herdeiros já nem sabem que os têm e as medidas administrativas não chegam. Estamos ainda a estudar como podemos direcionar capital para resolver estas situações.

Realizando a autarquia as obras? São muitos os edifícios nesta situação?
Sim, mas de uma forma fluida, pois os códigos próprios da administração pública não se compadecem com a dinâmica que o mercado precisa. Ainda é um número significativo de edifícios, localizados em espaços estratégicos.

Há empresas que se queixam de falta de espaços para se instalarem. O que está pensado para dar solução a isto?
O problema maior é que há lotes atribuídos nos parques empresariais e as empresas não constroem. Se estamos a vender lotes a preço simbólico, estes não podem ficar parados, sem concluir os postos de trabalho acordados. Para já, a prioridade é dinamizar o que já existe, não criar mais.

Como está reanimação do iParque?
O iParque teve umas complicações financeiras, mas está a retomar. Tem uma nova administração e em breve terá novas empresas. Metade dos lotes estão vendidos, mas não tem ainda construção. Queremos concretizar este ano a instalação de uma grande empresa de prestígio mundial na área tecnológica.

Que empresa é essa?
A empresa anunciará a seu tempo. Mas posso dizer que atua num setor tecnológico avançado e que criará centenas de postos de trabalho com a instalação da sua fábrica, que vai produzir para Portugal e para o mundo.

A Câmara registou um saldo financeiro positivo em 2017. Quais os valores de 2018?
Já fechámos as contas e registamos um superávite de 35,7 milhões de euros, essenciais para garantir todos os apoios sociais que damos.

perfil

Com a política no ADN 

Manuel Machado, 63 anos, nasceu em Sever do Vouga e foi estudar para Coimbra com 17 anos. Fez o curso de Economia, esteve envolvido na associação académica, na juventude socialista, e acabou por trabalhar na área social na região de Coimbra. Em 1982 tornou-se vereador da Câmara de Coimbra e, em 1990, foi eleito para a presidência, tinha então 33 anos. Manteve este cargo por três mandatos, até 2001, altura em que perdeu as eleições para o PSD. Dedicou os 12 anos seguintes a vários projetos, um deles em Moçambique. Reconquistou a presidência da Câmara em 2013 e é presidente da Associação Nacional de Municípios. 

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