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Qual a estratégia que definiu para o crescimento do concelho? A educação e saúde são os principais eixos?
Investir em setores estratégicos, como a educação, é prioritário pois este é o 'local da sementeira'. Depois investir na qualidade das infraestruturas, através da requalificação. E, sobretudo, tratar os cidadãos das 31 freguesias da mesma forma. Para isso implica ter escolas, saúde e transportes para todos. O cluster da saúde também é, claramente, uma aposta e as empresas têm vantagens em instalarem-se aqui.
O que está planeado para melhorar a mobilidade?
Estamos a investir na compra de autocarros elétricos e estão já encomendados oito. O nosso objetivo é ter 25 nos próximos três anos, para assim retomar o projeto das ecovias, que são carreiras que fazem transporte dos parques de estacionamento periféricos até ao centro. A Metro Mondego tem o projeto do metro parado, já fez 96 estudos, mas não há ainda transporte de pessoas. E temos urgência neste sistema de mobilidade, que está idealizado desde 1994, e que pela primeira vez tem financiamento dos fundos europeus aprovados pela reprogramação do Portugal 2020.
Sendo Coimbra uma cidade universitária, que investimentos tem para este polo?
Temos procurado manter uma relação de cooperação ativa com a Universidade, com o Politécnico, e temos um programa de empresas pioneiro, no Instituto Pedro Nunes. Além disso, apostamos na educação para atrair e fixar famílias. Oferecemos transportes gratuitos para 4.700 alunos. Os miúdos têm ainda refeições gratuitas no pré-escolar, prolongamento de horário, oferta de algum material escolar. A Câmara investe mais de 5 milhões de euros na ação social escolar e nos transportes 9 milhões de euros.
A reabilitação do centro da cidade é urgente. Em que fase está atualmente este projeto?
Adotámos um plano para reabilitar a zona central, com medidas de requalificação do espaço público e temos incentivos à realização de obras para recuperação de prédios. Temos um fundo imobiliário fechado para adquirir prédios, fazer acordos com os proprietários, preparar o projeto, fazer a obra e gerir a exploração do edifício. Este fundo é só destinado à baixa de Coimbra pois o plano estratégico está focado na área que foi classificada como Património Mundial da Humanidade.
A forte pressão imobiliária não dificulta a atratividade da cidade? Esses prédios são colocados no mercado a preços controlados?
São colocados no mercado de arrendamento normal. Para esse mercado específico a Câmara tem habitação social em bairros com rendas simbólicas. Mas mais do que a pressão imobiliária preocupa-me o estado de prédios abandonados e para os quais procuramos uma forma de intervir. Coimbra tem prédios antigos, que são heranças, e esse é um dos problemas mais difíceis de resolver. Muitas vezes os herdeiros já nem sabem que os têm e as medidas administrativas não chegam. Estamos ainda a estudar como podemos direcionar capital para resolver estas situações.
Realizando a autarquia as obras? São muitos os edifícios nesta situação?
Sim, mas de uma forma fluida, pois os códigos próprios da administração pública não se compadecem com a dinâmica que o mercado precisa. Ainda é um número significativo de edifícios, localizados em espaços estratégicos.
Há empresas que se queixam de falta de espaços para se instalarem. O que está pensado para dar solução a isto?
O problema maior é que há lotes atribuídos nos parques empresariais e as empresas não constroem. Se estamos a vender lotes a preço simbólico, estes não podem ficar parados, sem concluir os postos de trabalho acordados. Para já, a prioridade é dinamizar o que já existe, não criar mais.
Como está reanimação do iParque?
O iParque teve umas complicações financeiras, mas está a retomar. Tem uma nova administração e em breve terá novas empresas. Metade dos lotes estão vendidos, mas não tem ainda construção. Queremos concretizar este ano a instalação de uma grande empresa de prestígio mundial na área tecnológica.
Que empresa é essa?
A empresa anunciará a seu tempo. Mas posso dizer que atua num setor tecnológico avançado e que criará centenas de postos de trabalho com a instalação da sua fábrica, que vai produzir para Portugal e para o mundo.
A Câmara registou um saldo financeiro positivo em 2017. Quais os valores de 2018?
Já fechámos as contas e registamos um superávite de 35,7 milhões de euros, essenciais para garantir todos os apoios sociais que damos.
Com a política no ADN
Manuel Machado, 63 anos, nasceu em Sever do Vouga e foi estudar para Coimbra com 17 anos. Fez o curso de Economia, esteve envolvido na associação académica, na juventude socialista, e acabou por trabalhar na área social na região de Coimbra. Em 1982 tornou-se vereador da Câmara de Coimbra e, em 1990, foi eleito para a presidência, tinha então 33 anos. Manteve este cargo por três mandatos, até 2001, altura em que perdeu as eleições para o PSD. Dedicou os 12 anos seguintes a vários projetos, um deles em Moçambique. Reconquistou a presidência da Câmara em 2013 e é presidente da Associação Nacional de Municípios.