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É um dos concelhos do país onde a pressão imobiliária mais se sente. Com a necessidade de atrair jovens - a autarquia estima trazer cerca de 20 mil estudantes universitários até fim de 2020 - o "housing" torna-se uma necessidade urgente. Para isso há várias soluções em estudo.
Qual a estratégia que definiu para Cascais?
Assumi a presidência no pico da crise, em 2011, e nessa fase a preocupação foi a coesão social e a geração de emprego. Depois seguiu-se a aposta na nossa diferenciação face aos outros concelhos. Não queríamos ser um município 'low cost', queríamos ser atrativos pela nossa diferenciação. Somos o único concelho com um parque natural que ocupa um terço do território, e temos uma fronteira litoral que ocupa 50% das nossas fronteiras. Quando cheguei à Câmara pedi para me definirem as fronteiras com os concelhos vizinhos e também mar adentro. Chegámos à conclusão que Cascais é 100 vezes maior no território marítimo do que no território continental. Se eu conseguisse ir buscar 1% de riqueza nesse território estava a duplicar aquela que já tenho. Por isso o mar é claramente uma aposta forte deste concelho.
Quais as medidas que está a tomar para rejuvenescer a população?
Temos de atrair juventude. Cascais é um dos concelhos com maior taxa de natalidade, mas ainda assim não é suficiente. Temos a ambição de ter 20 mil estudantes universitários até 2020. Neste momento temos 6 mil, com capacidade instalada para 9 mil e estão a decorrer contactos e acordos, que me levam a ter garantias de que vamos alcançar esse valor.
Em que fase está o projeto de crescimento do aeródromo de Tires?
A nossa aposta é ao nível da formação e na aposta de voos executivos. Sabemos que são necessários 450 mil a 500 mil novos pilotos nos próximos 10 anos a nível global e a falta de pilotos é um constrangimento para as companhias aéreas e, por isso, estamos a criar um dos maiores centros a nível europeu de formação através de simuladores.
O que ainda pretende fazer na mobilidade inteligente?
Vamos tentar que os impactos da mobilidade sejam os menores possíveis. No caso da área metropolitana é conseguir que o transporte seja mais barato, demore menos tempo e que possa ser menos poluente. O passe metropolitano é um primeiro passo, mas há outros. Neste momento, os alunos até aos 14 anos não pagam transporte público rodoviário dentro do concelho, e o nosso objetivo é chegar aos 21 anos. Atualmente os munícipes com mais de 65 anos pagam 14 euros, mas queremos chegar a zero também.
É crítico relativamente à falta de investimento na Linha de Cascais. Como está o processo?
Este é um problema que se ar--rasta há muito anos. Com o anterior Governo chegámos a um acordo para resolver o problema, mas o modelo que estava montado não foi assinado, e, com o novo Governo, o acordo ficou sem efeito. Mesmo que se avance, até ter tudo pronto, são 8 a 10 anos, e a Linha de Cascais não aguenta essa espera. Por isso, estamos a propor soluções alternativas, como ter uma faixa de transporte público rodoviário dedicada na A5.
Outra matéria importante é a elevada pressão imobiliária. Que soluções defende?
Estamos a trabalhar nisso. Queremos dar resposta aos mais jovens, para que fiquem no concelho, aos estudantes que vão chegar a Cascais, aos mais idosos e também a uma comunidade com deficiência e sem autonomia. Temos em desenvolvimento um conjunto de processos que pretende acabar com a habitação social, e dar outro salto. E é aqui que surge uma diversidade de soluções que estão ainda a ser desenvolvidas.
Que soluções são essas?
Primeiro temos de ter isto tudo fechado. Queremos soluções adaptadas mas não podem ser no sentido de replicar a fragilidade social, tem de ser de elevação social. Iremos propor, por exemplo, que toda a parte regulamentar e legal, ao nível das taxas pagas, e ao nível do pagamentos das licenças e da cedências, possa ser feita em espécie. Ou seja, por exemplo, alguém que constrói um prédio tem de colocar 'x' por cento no parque habitacional público. Ou então permitir que se possam desenvolver fundos de investimento fechados municipais cujos valores não contem para o endividamento da autarquia. Só assim é possível colocar no mercado imóveis com valores razoáveis, que não ultrapassem mais de 30% do rendimento do agregado, retirando da equação o valor do terreno, das licenças e do lucro.
Cascais tem um nível de endividamento baixo… Com estas soluções pretendem manter esse rácio?
Claro, não há desenvolvimento sem ter contas equilibradas. Quando assumi a Câmara Municipal de Cascais, esta estava com nível de receita muito baixo. Temos vindo a reposicionar essa capacidade de gerar receitas, mas mantendo a redução da taxa de IMI, de forma prudente, sem pôr em causa o equilíbrio das contas. Temos de manter o concelho com níveis saúde elevados.O gestor com uma causa
Carlos Carreiras, 51 anos, iniciou a sua vida profissional aos 16 anos, conciliando-a com os estudos. Licenciou-se em Contabilidade e Administração no ISCAL, aos 27 anos, era já pai da sua segunda filha (tem cinco filhas). Apesar de ter iniciado a sua atividade partidária muito novo - os pais foram fundadores do PSD - o seu objetivo de vida nunca passou por fazer carreira política. Trabalhou em grandes projetos empresariais, primeiro na área do turismo e depois na indústria de bebidas. Diz que foi o acaso que o conduziu à liderança da Câmara, com a vitória da coligação Viva Cascais (PSD/CDS) e que este é o projeto que mais o tem realizado.