Praticamente todas as exportações de Bragança dependem de uma só empresa e de um só produto. Não é a primeira vez que se observa esse fenómeno entre municípios portugueses – no Negócios já concluímos o mesmo para Guarda –, mas neste caso é ainda mais visível.

Segundo os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) para o comércio internacional e da Informa DB sobre a operação das empresas de Bragança, um só grupo vale 89% das exportações do concelho. No que diz respeito a tipo de produtos, máquinas, aparelhos e material eléctrico representam 64% do total.

A empresa em questão é a Faurecia, um grupo industrial, que emprega 354 pessoas e tem um volume de negócios de 244 milhões de euros. Em 2013, exportava 242 milhões ao ano (os tais 89% do total). Por comparação, a segunda empresa que mais exporta no concelho vende "apenas" 17 milhões lá fora.

Estes números parecem confirmar outro indicador. As empresas de Bragança parecem menos capazes de exportar. Enquanto na média nacional, 17% das empresas exporta. Em Bragança esse rácio é de apenas 12%. França e Espanha são, de longe, os principais destinos. 

Tal como muitos outros municípios que já analisámos, Bragança é excedentária face ao exterior, tendo registado um saldo comercial de 61 milhões de euros em 2013, um valor muito mais elevado do que os três milhões de 2005. Isso acontece não só porque as exportações cresceram nos últimos oito anos, mas também porque as importações avançaram mais lentamente.

Bragança destaca-se também face ao resto do País pelo que aconteceu ao emprego em 2013, segundo os dados fornecidos pelas próprias empresas. Enquanto Portugal perdeu empregos em 2013, Bragança ganhou. Os papéis invertem-se no volume de negócios, que caiu 0,4% em Bragança e "apenas" 0,1% na totalidade do País.