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Presuntos de ovelha e cabra. É esta uma das apostas da Bísaro para alargar o "nicho" em que opera actualmente e lançar o futuro de uma empresa que emprega 12 pessoas em Gimonde, uma aldeia perto de Bragança. O grupo Montesinho, a que pertence a empresa, emprega cerca de 40 pessoas.
Alexandrina Fernandes, sócia da Bísaro, explicou que esta ideia foi criada no âmbito de uma colaboração com o Instituto Politécnico de Bragança (IPB). "Fizemos um projecto, que já está pronto, de uma perna de ovelha curada destinada mais aos mercados ‘kosher’ ou ‘halal’, que não comem carne de porco. Em França esse produto tem muita procura. É um presunto, só que com carne de ovelha e de cabra", referiu a empresária.
sócia da Bísaro
A empresa, que se dedica sobretudo aos produtos de porco da raça bísara, tem trabalhado com estudantes de doutoramento, uma das quais, Kátia Paulos, que viu o seu financiamento terminar, a Bísaro viu a oportunidade e ficou com a aluna do IPB na empresa, para criar novos produtos a partir das cabras e ovelhas. "Os nossos engenheiros alimentares têm de estar em contacto com as exigências do dia-a-dia", referiu Alexandrina Fernandes. Em causa está "um projecto para obter um produto transformado e agregar valor a estes animais [cabras e ovelhas], que estão fora das marcas de qualidade. Têm idades e pesos superiores às condições exigidas e depois é difícil o escoamento para os produtores", explicou Kátia Paulos.
A aposta nestes produtos inovadores marca uma viragem na história da Bísaro, que começou nos anos 30, quando os avós de Alexandrina Fernandes abriram uma taberna, a D. Roberto, que agora é um restaurante bem conhecido. A empresa investiu mais de dois milhões de euros para aumentar e modernizar a fábrica, que está escondida no "complexo" controlado pelo grupo Montesinho, que tem interesses também no sector do turismo. Os porcos, criados ao ar livre, são alimentados, na fase final de vida, a castanha, para lhes dar o sabor característico.
"A facturação no ano passado foi de 2,5 milhões de euros. Queremos duplicar este valor. O produto que mais procura está a ter é o presunto", contou Alexandrina Fernandes. Cada presunto pode custar entre 700 e 800 euros e representa um "empate de capital" de pelo menos dois anos, o tempo de cura. O lombinho é vendido no mercado francês a 128 euros o quilo.
O principal mercado externo da Bísaro é França, que pesa cerca de 9% na facturação da empresa, que vende para fora, para países como Angola, 26% do que produz. E está agora a tentar o brasileiro, ainda que a sócia da Bísaro admita que o processo de exportação está a ser feito há dois anos.
Porco de raça Bísara
A Bísaro, como o nome indica, trabalha com porcos da raça bísara, autóctones da região Norte, e que já estiveram em risco de extinção. "Temos a criação dos animais, em duas explorações em regime totalmente extensivo. Têm de estar em engorda um ano e depois estar em processo de cura para o presunto", disse Alexandrina Fernandes. No final, são alimentados a castanha, para dar um sabor mais característico ao produto.
Alargamento da fábrica
A empresa investiu cerca de dois milhões de euros para alargar a produção. "Esta parte nova é para trabalhar o porco bísaro, quer seja para carne fresca congelada ou para enchidos com cura natural", explicou Alexandrina Fernandes. A fábrica antiga "não tinha espaço suficiente", nomeadamente para a cura do presunto. A sócia garante que "não há no mercado, neste momento, a colocação de porco bísaro fresco ou congelado".
Grupo Montesinho
A Bísaro faz parte do grupo Montesinho, que se estabeleceu em Gimonde, perto de Bragança. Os negócios da família começaram nos anos 30, com uma taberna, e, actualmente, operam, além do fabrico de charcutaria, no sector do turismo.
Presuntos de 700 euros
Os presuntos da Bísaro demoram cerca de dois anos a curar, mas podem chegar a custar entre 700 e 800 euros, dependendo do peso, tamanho e meses de cura. Em França, um quilo de lombinho pode custar 128 euros.