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Se a melhoria da rede de acessibilidades rodoviárias e ferroviária espera pela boa vontade do poder central, o ambiente deprimido de prédios desabitados e de lojas fechadas em plena zona histórica da cidade tem o selo da crise dos últimos anos, mas também, segundo alguns actores políticos, da falta de acção a nível local. Sobre estas matérias, o Negócios procurou obter, de forma persistente, embora sem sucesso, a posição da autarquia e do presidente da Câmara Municipal de Beja, João Rocha, que preside ao executivo de maioria CDU.
À espera do poder central?
No documento que define as Grandes Opções do Plano (GOP) para o concelho de Beja em 2017, aprovado em reunião da Assembleia Municipal, insiste-se na necessidade de fazer pressão junto do poder central para que sejam concluídas as obras que poderiam ajudar a economia da região: leia-se os acessos com vias de qualidade a Sines, à auto-estrada (A2) e a Évora; a electrificação da linha ferroviária que serve a cidade; ou o aproveitamento mais eficaz do terminal civil do aeroporto.
Em entrevista, já depois da aprovação das GOP, no final de 2016, ao Diário do Alentejo, o autarca afirmava: "Devemos reivindicar a conclusão das acessibilidades, como o IP8, a criação de condições para a rentabilização do aeroporto, o apoio às agro-indústrias… Temos aqui pessoas com criatividade e vontade de investir, à espera de apoios do Estado. O poder local, por si só, não tem capacidade para dar este impulso."
Um "centro comercial ao ar livre"?
No exercício em que se pesam as forças e as fraquezas de Beja, a solução para muito do que penaliza a cidade e o concelho depende de vontades externas. Contudo, há quem defenda que pequenas intervenções e entendimentos a nível local podem ajudar a fazer a diferença. Nomeadamente no centro da cidade, onde quem chega de fora encontra um ambiente deprimido de prédios desabitados e de lojas fechadas.
"Os comerciantes no centro da cidade têm estado esquecidos. Têm encerrado muitos estabelecimentos comerciais por falta de apoio ao nível da acessibilidade para que a população aí possa fazer as suas compras", quem o diz é José Pinela Fernandes, líder concelhio do PSD em Beja. Em sua opinião, "deveria haver incentivos, nomeadamente estacionamento gratuito, por exemplo, durante duas horas, para facilitar a atracção de pessoas" a uma zona que poderia ser transformada numa espécie de "centro comercial ao ar livre".
Paulo Arsénio, presidente da concelhia do PS de Beja, aponta, por outro lado, um projecto que o actual executivo autárquico tem estado a desenvolver na área sócio-cultural – Beja Alma Criativa. A perspectiva deste dirigente partidário é de que a iniciativa, que visava instalar pequenos produtores criativos no centro da cidade, não terá dado grandes frutos.
"Este é um programa que tem três anos e meio de execução. Estamos a nove meses do final do mandato e, por enquanto, não chegou nada à cidade e aos cidadãos", conclui Paulo Arsénio.