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Foto em cima: Frederico Nunes, vereador da Câmara Municipal de Cascais
Uma das principais conclusões do Outlook do Luxo, a primeira de três conferências da iniciativa Negócios do Luxo, foi a crescente valorização das experiências de luxo por parte das novas gerações. Este evento, organizado pelo Negócios em parceria com a Must, e que conta com Cascais como município anfitrião e o Sheraton Cascais Resort como hospitality partner, reúne especialistas das principais marcas internacionais e líderes do setor para debater desafios e oportunidades num mercado em transformação global.
Na sessão de abertura, Frederico Nunes, vereador da Câmara Municipal de Cascais, deu as boas-vindas e sublinhou a relevância do setor do luxo como dinamizador do emprego, com impacto na atração de investimento estrangeiro e na alavancagem das exportações. Destacou ainda o papel de Cascais como um município diferenciador, capaz de proporcionar experiências únicas.
No setor do luxo, há dois tipos de clientes, os aspiracionais, que compram ocasionalmente, e os beyond money - clientes ultraexclusivos que fazem compras frequentemente e cujo poder de compra é tão elevado que o preço dos produtos não é um fator decisivo na sua escolha.
Se o preço não importa, então, o que é que importa?
Para estes clientes, o que conta é a raridade, a personalização e a exclusividade das peças, poderem contar com serviços ultrapersonalizados, terem acesso antecipado a coleções, a produtos sob medida e a experiências únicas.
O estudo foi elaborado com base num inquérito a 12 mil pessoas em 12 dos principais mercados de luxo - tais como EUA, Emirados Árabes Unidos, França, Reino Unido, Itália, China e Japão -, com 21% dos participantes a gastar mais de 50.000 euros por ano. Além disso, foi feito um estudo aprofundado com mil inquiridos, focado nos clientes beyond money, que gastam um mínimo de 50.000 euros e uma média de 350.000 euros por ano, em sete mercados-chave: EUA, Emirados Árabes Unidos, França, Reino Unido, Itália, China e Japão. Este é um investimento considerável e transversal a todo o setor do luxo, ou seja, sapatos, acessórios, produtos em pele, beleza, joias, relógios, mobiliário, gastronomia, hotéis e férias exclusivas.
A riqueza mundial nunca esteve tão concentrada quanto está hoje, pelo que estes clientes beyond money, que são imunes aos ciclos económicos e cujos gastos não estão correlacionados com o produto interno bruto dos seus países, são um motor que promove a estabilidade do setor do luxo - por oposição aos aspiracionais, que contribuem para a sua volatilidade.
Como identificar os very important customers?
Com base neste cenário, um dos problemas que o estudo identifica é que as marcas estão a desperdiçar potenciais ganhos com estes clientes, que também designa como VIC - very important customers -, simplesmente porque não os identificam. Ricci explica que os clientes beyond money fazem compras, em média, em nove marcas, mas são reconhecidos como VIC apenas por duas - o que representa "uma perda de potencial de cerca de 70%". Em média, os VIC são apenas 2% dos clientes de uma marca de luxo, mas representam até 30% das suas vendas, pelo que é fulcral identificá-los. Aliás, não só isso, mas conseguir retê-los.
Outro aspeto curioso, ainda que pouco surpreendente, tendo em conta as redes sociais e a existência imediatista que estas tendem a impor na filosofia de vida de cada um, é que os VIC de hoje, ao contrário dos de antigamente, querem produtos únicos, mas não querem ter de esperar. De acordo com o estudo, estes clientes "estão cada vez mais frustrados com listas de espera artificiais para produtos standard", por outro lado, "reconhecem o valor de um verdadeiro produto por medida e estão dispostos a esperar - desde que sejam entretidos".