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As plataformas das smart cities ou das tech cities

A estratégia passa por plataformas inteligentes que são autênticos cérebros da cidade, que recolhem e tratam informação através de tecnologias como a inteligência artificial e o machine learning.

27 de Junho de 2024 às 16:00
Carlos Marçalo, Olga Pereira, Filipe Araújo e Ribau Esteves no debate Smart Cities - Como Otimizar os processos. Ricardo Jr
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"Usar a inteligência artificial, como, por exemplo, o ChatGPT, para fazer discursos ou escrever sobre uma matéria é simpaticamente proibido na Câmara Municipal de Aveiro, por isso, as apresentações têm de ser feitas de improviso, não pode haver documentos escritos", revelou Ribau Esteves, presidente da Câmara Municipal de Aveiro durante o debate "Smart Cities - Como Otimizar os processos", na 3.ª edição da Electric Summit, o Fórum Transição Energética e Mobilidade em Portugal 2024, que é uma iniciativa do Negócios, da Sábado e da CMTV, em parceria com a Galp, a REN e a Siemens, tendo Oeiras Valley como município anfitrião e a EY como knowledge partner.



Para Filipe Araújo, vice-presidente e vereador do Ambiente e Transição Climática, da Inovação e Transição Digital da Câmara Municipal do Porto, "a inteligência artificial vai estar por todo o lado, e não podemos estar a querer parar o vento com as mãos. A inteligência artificial, o machine learning, estas tecnologias vão obviamente e ajudar muito a gestão."

Os sistemas inteligentes das Câmaras do Porto, Aveiro e Braga já estão impregnados destas tecnologias. No Porto, permitem trabalhar a informação sobre a mobilidade e está a testar um sistema para detetar a poluição das ribeiras. Em Braga, transformaram uma ineficiente central de camionagem num centro coordenador de transportes com plataformas eletrónicas, como as que existem nos aeroportos. Em Aveiro, usam a inteligência artificial e o machine learning na tramitação normal de um vasto conjunto de processos, na gestão das redes de transportes municipal e intermunicipal, por exemplo.

"As cidades gerem desde a água, a energia, os resíduos, a mobilidade, a gestão de eventos, a disponibilização do espaço público, à gestão de fluxo de pessoas", disse Filipe Araújo. Partindo de uma lógica muito transversal e centralizada de gestão da cidade, o Porto passou a ser gerido "através de um grande cérebro", um centro operacional, que funciona 24 horas, e se chama Centro de Gestão Integrada da cidade do Porto.

"É uma sala onde todos os centros de operação estão lá, tais como bombeiros, proteção civil, ambiente, mobilidade, polícia, tudo é gerido a partir daquela sala com acesso a uma multiplicidade de câmaras, de sensores, de muita informação, de uma rede própria de fibra ótica, que depois é gerida e disponibilizada a todos os meios que permitem ser rápidos a resolver os problemas", descreveu Filipe Araújo.

Techs e smarts

"Não olhamos para a smart city como um fim em si mesmo, serve para otimização de processos e procedimentos. O objetivo final é prestar o melhor serviço possível ao nosso cidadão", sublinhou Olga Pereira, vereadora da Câmara Municipal de Braga. Revelou que, à semelhança do Porto, também têm uma sala de gestão e controlo de tráfego, iluminação pública, dados ambientais. Recolhe, trata e dá uma resposta célere. "Em caso de situação de crise, reúnem-se os intervenientes necessários para dar resposta à situação."

Aveiro também tem uma plataforma urbana que faculta informação online e informação estatística tratada por níveis de competência de gestão, mas "não é uma smart city". "Adotámos o conceito da cidade de Brighton de tech city para não irmos na roda da campanha de uma marca de carros alemã", disse José Ribau Esteves. Garantiu que "as cidades sempre foram inteligentes, abertas à inteligência e ao conhecimento do seu tempo. A única coisa que estamos a fazer atualmente é usar a inteligência e o conhecimento que hoje temos para fazer e gerir melhor os espaços urbanos."

Na sua ambição de tech city, privilegia a educação digital tanto da comunidade educativa como dos restantes munícipes, a mobilidade, a energia e o ambiente, porque dão contributo para as políticas de transição digital e energético-climática. Têm 60% da frota dos transportes públicos eletrificada, investiram quase 10 milhões de euros num ferryboat que faz a ligação em 15 minutos a uma zona peninsular de Aveiro cuja ligação de carro demora uma hora.
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