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Luís Santana, administrador da Cofina Media, refere que os "players" globais, como Google, Facebook, MSN, "são hegemónicos registando uma quota de mercado superior a 80% no mercado publicitário português". O gestor de media não deixa de sublinhar que "não é justo que a prática reiterada de modelos de concorrência desleal seja o sucesso de uns e o caminho para a desgraça de outros", o que é facilitado pela falta de protecção dos direitos de autor e de propriedade.
Quais serão, na sua opinião, os principais desafios (oportunidades e factores de risco) do actual modelo de negócio dos media?
Os media são absolutamente fundamentais numa sociedade moderna, democrática, plural e em profunda evolução. O surgimento de uma "indústria" de fake news é uma oportunidade muito relevante para os media, na medida em que estes garantem, mais do que nunca, o rigor da informação, o cruzamento de fontes e um escrutínio sobre os actores públicos.
Durante os próximos anos vamos ainda viver numa estratégia multicanal, o que significa que ofereceremos conteúdos nos diversos canais, físicos ou digitais. A estrutura de negócio continua assente na publicidade, entendida na sua globalidade, mas sobretudo na monetização dos conteúdos e novos negócios emergentes.
Em resumo, os principais desafios focam-se na preservação da credibilidade, independência editorial, novos negócios e leitura atenta e continuada do actual ecossistema.
Como é que pode evoluir e desenhar um novo modelo de negócio de media?
Nunca como actualmente se consumiu tanta informação e os produtos de media tiveram tantos consumidores. Não obstante, e após um período relativamente alargado de massificação da internet, é importante que o que tem valor seja pago. O grande desafio é capitalizar o aumento exponencial de leitores que a internet trouxe e levar a que uma parte dos mesmos esteja disponível para remunerar o acesso a esses conteúdos.
Esse aumento de massa crítica abre, também, um leque de inúmeras oportunidades para o desenvolvimento de novas áreas de negócio, que naturalmente se enquadram no ADN dos grupos de media.
Hoje muita da informação passa por agregadores/media sociais como Google, MSN, Facebook, Instagram, Twitter, WhatsApp. É possível criar um modelo de negócio de conteúdos pagos ou fazer nas notícias o que o Netflix faz no entretenimento?
É absolutamente vital para a sobrevivência dos grupos de media a criação de modelos de negócio assentes na qualificação e exclusividade que promovam a monetização dos conteúdos gerados.
Complementarmente, urge apontar para decisões legislativas que, de forma clara e sem reservas, protejam os direitos autorais e de propriedade de quem investe em estruturas qualificadas e que vê sistematicamente os seus activos delapidados por predadores sem-vergonha nem preconceitos.
Naturalmente os agregadores têm o seu lugar no actual contexto social, com aspectos positivos e outros menos bons para os grupos de media, mas sobretudo não é justo que a prática reiterada de modelos de concorrência desleal seja o sucesso de uns e o caminho para a desgraça de outros.
Na Cofina, já implementámos uma estratégia de cross-promotion entre os diversos títulos, numa lógica de disponibilizar ao leitor conteúdos que lhe poderão interessar.
A criação de um modelo à la Netflix está a ser já testada na Europa, em plataformas como o newsadoo, mas a viabilização das mesmas ou o modelo de negócio de remuneração dos conteúdos/custo de produção destes ainda está por validar.
Em Portugal, a questão da escala é uma dificuldade acrescida, pois são modelos assentes em revenue baixo, por aquisição, mas facilmente escaláveis.
Os grupos de media actuais têm de ter modelos de comunicação/informação e ser plataformas de marketing digital?
Os media são, como sempre foram, um bom canal de comunicação de marcas e anunciantes com o seu target. A progressiva mudança do físico para o digital não altera este posicionamento, permite é que, através da tecnologia, exista um maior conhecimento de quem nos consome e uma complementaridade que no offline não era possível.
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