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Os novos consumidores de energia são ativos e consomem, vendem, partilham e armazenam eletricidade. Está em curso uma mudança de paradigma, como se concluiu no debate da conferência "Redes Inteligentes e Transferência de Poder para o Consumidor", que decorreu na Universidade da Beira Interior, na passada terça-feira. A iniciativa integra o Ciclo de Conferências "Redes para a Transição Energética" e nasce de uma parceria entre a E-REDES, o jornal "Negócios" e universidades de referência, entre as quais se encontra a UBI.
Na mesa redonda foi traçado esse novo perfil de consumidor de energia. "Partimos de uma ideia central de que não há uma transição energética sem o envolvimento de todos e o empoderamento do consumidor", referiu António Marques, professor e diretor do programa de doutoramento em Economia da Universidade da Beira Interior, que foi o moderador do debate.
A diretiva europeia de eletricidade de 2019 fez a "separação entre o cliente velho, que é o que apenas compra, e o novo cliente que é ativo, consome, vende, partilha e armazena de eletricidade. Dá um papel central aos consumidores e um grau de flexibilidade que é necessário para a adaptação da rede a uma produção de eletricidade renovável, variável e distribuída", reforçou António Marques.
Isabel Apolinário, diretora de Tarifas, Preços e Eficiência Energética da ERSE (Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos), concorda e acrescenta que "a diretiva introduz, ainda, uma série de conceitos como o agregador, o armazenamento, a flexibilidade, a que a ERSE se tem de adaptar". Para o regulador, em primeiro lugar está a eficiência energética. "Fazemos questão de em todas as medidas que avaliamos, nomeadamente, as tangíveis, determinar um rácio de benefício-custo, e é com base neste rácio que as medidas são selecionadas", ilustrou Isabel Apolinário.
A literacia energética
Na opinião de Luís Cunha, diretor com a área dos Projetos e Políticas Europeias da E-REDES, o empoderamento dos consumidores tem de começar por uma literacia energética acompanhada pela literacia digital. Invoca um estudo recente da Comissão Europeia que diz que 53% da população europeia não tem os requisitos básicos de literacia digital. "Sem esta literacia não é possível passar aos níveis seguintes."
Nestes, inclui a eficiência em primeiro lugar e, para isso, têm de "conhecer as ferramentas para reduzir consumo, portanto, otimização é uma palavra-chave". O segundo nível é o autoconsumo, que pode ser tanto o individual como o coletivo, e abre a porta para a partilha de energia. "O terceiro nível é a flexibilidade", considerou Luís Cunha.
O poder dos consumidores
Este novo contexto leva António Marques a questionar se os consumidores querem ter poder e ser empoderados. "Os consumidores vão poder ter poder, mas não sei se o querem. Temos de pensar que, antes de dar poder, devemos criar as condições para as pessoas exercerem esse poder, porque neste caso a literacia energética é fundamental", defende João Serra, CEO da Enforce - Engenharia da Energia.
Também Emanuel Miranda, da Withus - Inovação e Tecnologia, considera que o consumidor pode estar interessado em ter mais poder e participação, mas tem muita falta de literacia energética. "A informação seria hoje a melhor forma de empoderamento do consumidor. A maior parte dos sistemas fotovoltaicos tem sistemas de monitorização e aplicações mas depois cabe ao utilizador usá-los de forma correta para ser eficiente", concluiu Emanuel Miranda.
Rui Duarte, Client-Executive da consultora Gartner Portugal, apontou para uma mudança crucial na relação das utilities e empresas de energia com os clientes. Com base num inquérito a 3 mil CEO de várias organizações de sistemas de informação, no caso das utilities e das empresas de energia, "prevemos que em 2026 vão gastar mais com aplicações e soluções aplicadas para o cliente do que com o ‘meter to cash’. Isto acontece porque a interação com o cliente vai ser o principal diferenciador da sua atuação, tanto para ganhar clientes como para os manter", refere Rui Duarte.
Na sua opinião, "o modelo de negócios das utilities está a deixar de ser egocêntrico, focado em si e na experiência operacional, e com poucas interações com os clientes, para um modelo ecocêntrico, com sistemas mais abertos e muito mais interações com os clientes, por exemplo".
Na mesa redonda foi traçado esse novo perfil de consumidor de energia. "Partimos de uma ideia central de que não há uma transição energética sem o envolvimento de todos e o empoderamento do consumidor", referiu António Marques, professor e diretor do programa de doutoramento em Economia da Universidade da Beira Interior, que foi o moderador do debate.
A diretiva europeia de eletricidade de 2019 fez a "separação entre o cliente velho, que é o que apenas compra, e o novo cliente que é ativo, consome, vende, partilha e armazena de eletricidade. Dá um papel central aos consumidores e um grau de flexibilidade que é necessário para a adaptação da rede a uma produção de eletricidade renovável, variável e distribuída", reforçou António Marques.
Isabel Apolinário, diretora de Tarifas, Preços e Eficiência Energética da ERSE (Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos), concorda e acrescenta que "a diretiva introduz, ainda, uma série de conceitos como o agregador, o armazenamento, a flexibilidade, a que a ERSE se tem de adaptar". Para o regulador, em primeiro lugar está a eficiência energética. "Fazemos questão de em todas as medidas que avaliamos, nomeadamente, as tangíveis, determinar um rácio de benefício-custo, e é com base neste rácio que as medidas são selecionadas", ilustrou Isabel Apolinário.
A literacia energética
Na opinião de Luís Cunha, diretor com a área dos Projetos e Políticas Europeias da E-REDES, o empoderamento dos consumidores tem de começar por uma literacia energética acompanhada pela literacia digital. Invoca um estudo recente da Comissão Europeia que diz que 53% da população europeia não tem os requisitos básicos de literacia digital. "Sem esta literacia não é possível passar aos níveis seguintes."
Nestes, inclui a eficiência em primeiro lugar e, para isso, têm de "conhecer as ferramentas para reduzir consumo, portanto, otimização é uma palavra-chave". O segundo nível é o autoconsumo, que pode ser tanto o individual como o coletivo, e abre a porta para a partilha de energia. "O terceiro nível é a flexibilidade", considerou Luís Cunha.
O poder dos consumidores
Este novo contexto leva António Marques a questionar se os consumidores querem ter poder e ser empoderados. "Os consumidores vão poder ter poder, mas não sei se o querem. Temos de pensar que, antes de dar poder, devemos criar as condições para as pessoas exercerem esse poder, porque neste caso a literacia energética é fundamental", defende João Serra, CEO da Enforce - Engenharia da Energia.
Também Emanuel Miranda, da Withus - Inovação e Tecnologia, considera que o consumidor pode estar interessado em ter mais poder e participação, mas tem muita falta de literacia energética. "A informação seria hoje a melhor forma de empoderamento do consumidor. A maior parte dos sistemas fotovoltaicos tem sistemas de monitorização e aplicações mas depois cabe ao utilizador usá-los de forma correta para ser eficiente", concluiu Emanuel Miranda.
Rui Duarte, Client-Executive da consultora Gartner Portugal, apontou para uma mudança crucial na relação das utilities e empresas de energia com os clientes. Com base num inquérito a 3 mil CEO de várias organizações de sistemas de informação, no caso das utilities e das empresas de energia, "prevemos que em 2026 vão gastar mais com aplicações e soluções aplicadas para o cliente do que com o ‘meter to cash’. Isto acontece porque a interação com o cliente vai ser o principal diferenciador da sua atuação, tanto para ganhar clientes como para os manter", refere Rui Duarte.
Na sua opinião, "o modelo de negócios das utilities está a deixar de ser egocêntrico, focado em si e na experiência operacional, e com poucas interações com os clientes, para um modelo ecocêntrico, com sistemas mais abertos e muito mais interações com os clientes, por exemplo".
Parceria E-REDES e UBI A E-REDES celebrou um protocolo de parceria com a UBI no âmbito da utilização de informação do portal Open Data para apoiar projetos de investigação. Um protocolo de partilha de dados com a E-REDES que reforça o papel da UBI enquanto vetor para a colaboração científica entre as diferentes indústrias e a Academia promovendo, simultaneamente, o uso de dados como ferramenta para a resolução de problemas empresariais e da sociedade.