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Combater a pobreza energética com a inteligência da rede

A modernização das redes elétricas inteligentes possibilita novos modelos de negócios e novas tarifas mais dinâmicas.

27 de Março de 2023 às 15:30
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As tarifas time-of-use podem ser uma boa estratégia para mudar os hábitos de consumo das famílias garantindo a flexibilidade necessária ao sistema elétrico, defendeu Diogo Pereira, investigador e professor da Universidade da Beira Interior (UBI), na intervenção sobre "As Tarifas e o Perfil de Consumo de Eletricidade".

"As redes elétricas inteligentes podem dar flexibilidade ao sistema electroprodutor através da procura da eletricidade. Para isso, as tarifas devem ser eficientes e eficazes e empoderar os consumidores para modificar os seus hábitos de consumo, adotando estratégias ou consumos cada vez mais sustentáveis", referiu Diogo Pereira. A sua comunicação tem por base um projeto que está a ser desenvolvido na UBI com o apoio da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT). Diogo Pereira lembrou que apesar de os consumidores disporem de uma panóplia muito grande de tarifas de eletricidade só conhecem três tipos: "as tarifas planas, as mais utilizadas e mais comercializadas em Portugal; as tarifas time-of-use, que são as bi-horárias e tri-horárias; e também as tarifas em tempo real, as real-tome pricing". Destacou ainda que "as tarifas time-of-use podem ser uma boa estratégia para mudar os hábitos de consumo das famílias garantindo a flexibilidade necessária ao sistema elétrico".

Um dos pontos da intervenção de Diogo Pereira foi o impacto da transição energética nas condições socioeconómicas das famílias. "os resultados foram inquietantes sobretudo quando analisamos a União Europeia".

Mudar o "ciclo vicioso"

No estudo, os investigadores concluíram que a pobreza energética não é apenas uma adversidade temporária. Pode tornar-se um problema persistente se não houver mudanças estruturais. "Um bom exemplo é não continuar a subsidiar os elevados custos de energia mas sim subsidiar medidas de eficiência energética e promover a instalação de autoconsumo, sobretudo nas zonas rurais que têm sido as mais afetadas com a transição energéticas", referiu. "Se nada for alterado no paradigma mantém-se o ciclo vicioso, o que irá agravar mais as alterações climáticas e as condições socioeconómicas das famílias. Por isso é importante implementar medidas de procura ativa de eletricidade com tarifas mais eficientes e eficazes", assinalou Diogo Pereira.

As tarifas menos dinâmicas, como as time-of-use e critical peak pricing, demonstram potencial para reduzir o número de famílias em pobreza energética.

As tarifas dinâmicas, como variable peak pricing e real-time pricing, não demonstraram ainda o seu potencial para reduzir os custos de energia porque talvez não estejam a ser aplicadas da melhor forma, concluiu Diogo Pereira.