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Mais do que transição é uma revolução energética

Quando se usa a palavra transição associa-se a uma evolução pacífica, mas trata-se de uma revolução, que passa pela intensificação do uso da eletricidade, o que exige resposta da rede elétrica.

02 de Novembro de 2022 às 14:00
José Ferrari Careto, presidente da E-REDES.
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"Quando se fala em transição energética, confesso que, por vezes, quase prefiro utilizar o termo revolução energética", afirmou José Ferrari Careto, presidente da E-REDES, na abertura da segunda conferência Academia E-REDES, realizada na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, numa organização da E-REDES, em parceria com o Negócios, para debater o contributo das redes de distribuição de eletricidade para a Transição Energética.

Na sua opinião, quando se usa a palavra transição associa-se a uma evolução pacífica, mas, o que está a acontecer, é uma revolução, que passa pela intensificação do uso da eletricidade nas sociedades atuais, em que a mobilidade tem um papel importante. "Uma mudança muito significativa na forma como a energia está a ser produzida, numa lógica de grande descentralização, com um peso cada vez mais crescente, das renováveis, sol e vento, por oposição ao passado, em que tínhamos centro produtores muito concentrados em barragens de grande dimensão e térmicas, etc.", disse José Ferrari Careto.

Mais engenheiras

O presidente da E-REDES salientou que neste momento há cerca de 4,6 milhões de contadores inteligentes. O objetivo é ter toda a rede com contadores inteligentes, até ao final de 2024, o que implica a montagem de cerca de 15 mil contadores inteligentes por semana. Por outro lado, a recolha diária de cerca de 400 milhões de dados, "o que nos transforma de uma empresa, que durante muitos anos estava focada exclusivamente nos temas da eletricidade e em que a sua matéria-prima eram eletrões, numa empresa que tem cada vez mais dados", considera José Ferrari Careto.

O presidente da E-REDES não deixou de se referir ao talento e à necessidade de novas competências, sobretudo numa faculdade que há 250 anos lida com estes temas. Há um desafio do país na atração de mais alunos para as áreas mais técnicas e científicas. Mas José Ferrari Careto acentuou a que existe ainda um problema de equilíbrio de género nas áreas técnicas, como eletricistas, e nas engenharias. "Não temos o número de mulheres que gostaríamos ter dentro da organização".

"Lançámos uma iniciativa em que estamos a procurar ter mais mulheres sensibilizadas para trabalharem connosco, em particular a iniciativa chama-se -Redes Top Women Scholarship, em que oferecemos uma bolsa de 2000 euros às alunas finalistas de mestrados e onde esperamos que aqui em Coimbra tenhamos a capacidade para encontrar mulheres que, no final deste ciclo, possam ganhar esta bolsa", concluiu José Ferrari Careto.

Modelos com resultados

O anfitrião Paulo Eduardo Oliveira, diretor da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Coimbra, congratulou-se por "receber um conjunto de pessoas que utiliza as nossas ferramentas e o nosso conhecimento para fazer funcionar o país. Como matemático, acho que a matemática serve para nos divertir e fico sempre impressionado quando se consegue utilizar a matemática para fazer coisas para a vida das pessoas".

Salientou que a eletrificação como resposta as alterações climáticas e à descarbonização pode ter efeitos sobretudo a fiabilidade do serviço, mas também eventuais impactos ambientais ligados aos sistemas de produção. "Estes problemas não são apenas um problema prático, mas problemas de fundamentação das metodologias, precisam de bastante cuidado na abordagem, sob pena de estarmos a construir modelos que não nos dão as respostas que nós pretendemos conhecer, ou, sob a capa de alguma objetividade e modelos complexos do ponto de vista da manipulação analítica, se arriscam estar a dar-nos respostas erradas", considerou Paulo Eduardo Oliveira.