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“Os sinais de esperança que temos neste momento passam pela evolução da vacinação, que leva ao domínio total sobre a pandemia”, refere Luís Goes Pinheiro, presidente dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS), a que acrescenta o PPR, com 1 383 milhões de euros para reforço do SNS e o pacote financeiro de 300 milhões de euros que foi alocado para a transformação digital da saúde.
Há muitas soluções tecnológicas que têm sido, ao longo dos anos, colocadas à disposição dos utentes do SNS. “O que se verifica muitas vezes em Portugal é uma baixa utilização desses mesmos serviços”, frisa. Segundo Luís Goes Pinheiro, o país compara bem com outros países no número de serviços que disponibiliza, “mas depois não há um esforço de formiguinha, que tem muitas vezes que ver com o acompanhamento da disponibilização destes serviços, no sentido de garantir que todos têm acesso e os usam”.
O presidente dos SPMS acrescenta que “nem é uma questão de literacia digital, é mesmo de promoção, simplificação do acesso”. “Há muitos portais, apps, sistemas e as pessoas perdem-se nesta floresta digital.” Com a pandemia houve uma divulgação intensa das ferramentas disponibilizadas, dando como exemplo os 1,5 milhões de certificados digitais emitidos em menos de três semanas.
“A vantagem deste PRR da área da saúde é que teve a preocupação de compreender as necessidades principais do setor e agir sobre elas. É evidente que o digital é muito transversal, toca todas as áreas dos cuidados de saúde primários passando pelos cuidados continuados integrados, e mesmo de forma invisível está em todos os projetos”, assume Luís Goes Pinheiro.
Atos consumidores de tempo
Para o responsável, a tecnologia não é tudo, porque os investimentos de infraestruturas, por exemplo nos centros de saúde, são essenciais para gerar “uma sensação de bem-estar por parte dos utentes e indutoras de autoestima para os profissionais, que diariamente exercem funções nesses locais para assegurar que o resultado seja positivo”.
Luís Goes Pinheiro entende que é fundamental investir em ferramentas de telessaúde e garantir que as redes de comunicação “são autoestradas suficientemente amplas para que os sistemas cada vez mais possam funcionar de forma centralizada, acedendo a informação do utente que circula e acompanha o utente e que os sistemas de informação que servem os profissionais possibilitem uma mobilidade ainda maior do que aquela que têm hoje”.
Houve um conjunto de processos que foram acelerados, com a normalização da utilização de ferramentas tecnológicas, como a videoconferência, que pode e deve ser usada para a realização de consultas sempre que a presencialidade de ambos os intervenientes possa ser dispensada, sugere.
O presidente dos SPMS refere que há uma queixa recorrente nos hospitais em relação ao “conjunto vastíssimo de atos repetitivos que acrescentam muito pouco valor ao ato clínico e que consomem recursos, como o tempo de profissionais altamente qualificados”. Por isso, o PRR no meio hospitalar “tem de dar esse contributo de eliminação de atos inúteis” e criar “uma resposta mais célere, designadamente partindo de ferramentas de apoio à decisão que permitam que os profissionais errem menos e decidam mais depressa”. A tecnologia pode ajudar porque é promotora da integração de sistemas, da ausência de repetição, da automatização.