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"Doze meses depois, a pandemia continua a marcar as nossas vidas, mas o futuro é sem dúvida mais prometedor do que há um ano", assinala Hugo Gerald Freitas, responsável de Produtos de Investimento do Abanca Portugal. Acrescenta que o avanço e a aceleração da vacinação serão chaves para o regresso à normalidade social, económica, que tem sido acompanhada de impulsos orçamentais e monetários sobretudo nos EUA com a Administração Biden a fazer o maior aumento da despesa pública desde a 2.ª Guerra Mundial. "Se a isto somarmos as elevadas taxas de poupança em consequência dos confinamentos, temos o terreno fértil para uma forte recuperação da atividade ao longo dos próximos meses", conclui.
Quais são as principais tendências no mercado em 2021 e qual pode ser a sua evolução ao longo deste ano?
Nos mercados, o otimismo económico traduz-se em valorizações acima da média histórica dos principais ativos. Os múltiplos das bolsas são elevados, mas são explicados por taxas de juro em mínimos históricos e por boas perspetivas de crescimento dos lucros das empresas nos próximos trimestres. À data de hoje, o maior risco é observado no mercado obrigacionista, no qual as valorizações extremas deixam escassa margem para uma subida da inflação. Para este ano não estamos, portanto, com uma visão muito positiva para o mercado obrigacionista em virtude dos baixos prémios de risco.
No mercado acionista identificámos algumas oportunidades, no entanto, é necessário fazer uma seleção bastante criteriosa pois alguns setores encontram-se com múltiplos bastante elevados. A exposição aos grandes temas da atualidade e às chamadas megatendências, como a digitalização, robotização, 5G, sustentabilidade e energias renováveis, desde que através de empresas com múltiplos razoáveis e que não apresentem elevados rácios de endividamento, parece-nos uma decisão sensata.
A evolução da situação pandémica e sanitária, com a vacina e as vagas pandémicas a evoluir de forma diferenciada, pode ter impacto na evolução dos mercados financeiros?
Os investidores de uma maneira geral estão a procurar trazer para os seus portefólios as empresas mais resilientes perante a atual conjuntura, leia-se empresas que tenham uma importante componente das suas vendas ligadas aos países onde o processo de vacinação está a decorrer com maior celeridade, por um lado, e, por outro, estão a procurar empresas cujas vendas não tenham sido tão penalizadas na pandemia e tenham conseguido manter os rácios de endividamento em níveis saudáveis. Neste início de ano temos então assistido a um privilegiar de empresas "value" em detrimento de empresas "growth", por serem teoricamente apostas mais seguras, isso é visível quer na underperformance do Nasdaq 100 face ao S&P 500, quer na ligeira underperformance do S&P 500 face ao Eurostoxx 50.
Fundos mobiliários ou imobiliários, ações, imobiliário, commodities, criptomoedas, dívida pública. Quais são os principais riscos e oportunidades?
Atualmente vemos nos mercados financeiros algumas valorizações acima da média histórica fruto do otimismo económico que se vive em virtude das expectativas de forte recuperação no crescimento. Este otimismo tem sido mais evidente em alguns nichos como é o caso das criptomoedas.
Os múltiplos das bolsas são elevados, mas são explicados por taxas de juro em mínimos históricos e por boas perspetivas de crescimento dos lucros das empresas nos próximos trimestres. Atualmente mantemos uma visão neutral, de uma forma geral, para o mercado acionista, notando, no entanto, algumas oportunidades que resultam de tendências que existem e vieram para ficar, além do ciclo económico, como é o caso das megatendências e o investimento responsável (ESG), ambos bastante apoiados por programas de estímulos fiscais de ambos os lados do Atlântico.
À data de hoje, o maior risco é observado no mercado obrigacionista, onde as valorizações extremas deixam escassa margem para uma subida da inflação. Um eventual aumento da taxa de inflação impactará diretamente o mercado obrigacionista, especialmente a dívida com maior maturidade. As obrigações ligadas à inflação, assim como o ouro, são as nossas principais convicções para proteger o poder de compra que poderá ser atacado por este "mal". Estamos igualmente positivos para ativos alternativos ao mercado obrigacionista, especialmente para alternativas de "private equity" enquanto fontes de crescimento ou de ativos reais (infraestruturas e imobiliário) que possam ser geradoras de rendimento.