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Há uma realidade na Europa desenvolvida em que uma parte dos seus centros urbanos não vai voltar a ter a população que tinha, até porque a Europa está a perder população e está a concentrá-la em centros urbanos de maior dimensão. “Isto quer dizer que desistamos destes centros urbanos de pequena e média dimensão? Não, quer dizer que a estratégia de desenvolvimento tem de ser outra, obriga a que análise dos problemas seja feita com os cidadãos, e que as soluções que são encontradas sejam também um processo de codecisão e até a própria implementação também seja em coimplementação”, explicou Ana Abrunhosa (na foto).
“É fazer o que Melgaço está a fazer, o exercício de desenhar uma estratégia realista, alavancada nos elementos estratégicos do território. Depois procurar desenvolver atividades que criem valor no território, pensando em primeiro lugar nas pessoas, porque se aqueles que aqui vivem e trabalham não gostarem de Melgaço, então não vale a pena dizermos: “Venha trabalhar e viver para aqui”, considera Ana Abrunhosa.
Eixos dos fundos europeus
O ponto de partida da estratégia de Ana Abrunhosa foi olhar com realismo para os territórios e ajudar à sua valorização com o que têm de inimitável, e fê-lo através dos vários eixos dos fundos europeus.
Apoios em termos de regeneração urbana, ou seja, “ninguém visita um sítio em que as pessoas não gostam de viver e tem de gostar de viver, qualidade de vida, que estes pequenos centros urbanos sejam locais aprazíveis para se viver, com espaços públicos”. Depois que estes centros urbanos tenham boas escolas, centros de saúde, e há fundos europeus para apoiar isso.
Depois valorizar as atividades tradicionais, a agricultura e floresta. Mas estas têm “de ser desenvolvidas não com base nas perceções e no ensinamento que é passado de uma geração para outra, mas com conhecimento, com tecnologia, rentáveis, preservando o equilíbrio dos ecossistemas, com uma boa gestão e utilização do solo, da água”. Mas Ana Abrunhosa recusa que estes territórios se tornem “museus, onde nada pode ser tocado, porque o resto do país precisa de qualidade da água, da qualidade do ar destes territórios”.
Apoios aos projetos de investimento e aos laboratórios colaborativos, como o de Melgaço onde há pessoas qualificadas que trabalhem com as atividades económicas, apoiar o investimento público facilitador da atração da atividade económica, que é o caso das zonas industriais. Criaram também medidas para apoiar os investimentos dos empresários que investem em territórios do interior, com apoios majorados mas também as famílias que se queiram instalar nestes territórios.
“Desde agosto de 2020, e em plena pandemia, e só com as nossas medidas de apoio, já conseguimos trazer para os territórios do interior mais de 5 mil pessoas, se juntar a essas 5 mil pessoas a família que elas trazem, eu diria que é uma boa semente que estamos a plantar”, concluiu Ana Abrunhosa.