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A floresta é o futuro da bioeconomia circular

O setor florestal está implantado em regiões do país que “são as que precisam de maior desenvolvimento económico e social”, apontou Gonçalo Almeida Simões, diretor-geral da Biond, Forest Fibers from Portugal, na apresentação da 4.ª edição do Prémio Floresta é Sustentabilidade.

10 de Maio de 2023 às 14:00
Pedro Ferreira
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Foto em cima: O painel "Plantar o Futuro, Hoje" contou com a moderação de Hugo Neutel, Gonçalo Almeida Simões, da Biond, João Wengorovius Meneses, do BCSD Portugal; Ana Isabel Trigo Morais, da SPV, e Miguel Gama, da Satisfibre.

A importância da floresta em Portugal mede-se na economia, mas também no ambiente. A floresta tem cerca de 3 milhões de hectares e 36% do território, sequestra 15% dos gases de efeito de estufa em Portugal, o que representa "as emissões anuais da Área Metropolitana do Porto, ou 60% das emissões de carbono da Área Metropolitana de Lisboa", disse Gonçalo Almeida Simões, diretor-geral da Biond, Forest Fibers from Portugal, durante a apresentação da 4.ª edição do Prémio Floresta é Sustentabilidade. A iniciativa é desenvolvida pela Biond, em parceria com o Correio da Manhã e o Jornal de Negócios, que conta com o apoio da PwC.

O setor florestal está implantado em regiões de Portugal que "interessam pouco à maior parte das indústrias, porque se situam no interior", mas que "são as que precisam de maior desenvolvimento económico e social", enfatizou o diretor-geral da Biond.

Considerou que, do ponto de vista ambiental, "o sequestro de 6 milhões de toneladas de efeitos de estufa pela floresta é uma valência essencial dos setores florestal e agrícola, que sequestram carbono, os restantes só emitem". Gonçalo Almeida Simões recordou que tanto o Green Deal como o roteiro para a neutralidade carbónica implicam a redução das emissões de gases com efeito estufa em 90% até 2050 e uma compensação em 10% por via da floresta e dos solos.

A floresta provoca um efeito de dinamização da economia local, portanto, empregabilidade, mas também aparecimento de prestadores de serviços e, logo, é um setor que potencia a coesão social. Gonçalo Almeida Simões
Diretor-Geral da Biond, Forest Fibers from Portugal
O diretor-geral da Biond assinalou que o eucalipto "representa 15 a 30 toneladas de sequestro de CO2 por hectare por ano", explicou. "É uma espécie que, por ser de crescimento rápido, sequestra bastante carbono".

O fim do desperdício

No painel "Plantar o Futuro, Hoje" participaram Gonçalo Almeida Simões, diretor-geral da Biond, João Wengorovius Meneses, secretário-geral do BCSD Portugal; Ana Isabel Trigo Morais, CEO da Sociedade Ponto Verde, e Miguel Gama, CEO da Satisfibre.

João Wengorovius Meneses, secretário-geral do BCSD Portugal, frisou que "a floresta é decisiva para transitarmos para um modelo de bioeconomia circular. Temos uma economia demasiado linear, de desperdício, da construção à moda ao setor energético. A floresta é fundamental com os biomateriais na construção, as biofibras na moda, as biorresinas, a biomassa na energia, por isso não há bioeconomia circular sem a floresta." O setor florestal é muito verticalizado e a Biond aglomera quem está a jusante da indústria, mas também quem está a montante, na área da floresta. "Na parte da floresta é sequestradora de carbono, na parte da indústria produz bens de consumo imediato e recicláveis e, na parte de produção de energia, utiliza subprodutos da floresta e subprodutos da indústria para produzir energia", referiu Gonçalo Almeida Simões.

4% do PIB e 9% das exportações

O contexto económico sobre a importância das bioindústrias de base florestal foi dado por Diana Ramos, diretora do Jornal de Negócios. Estas representam, segundo dados da Biond, 4% do PIB, 9% das exportações portuguesas, e geram 135 mil postos de trabalho diretos e indiretos. Mas para o CEO da Biond, Gonçalo Almeida Simões, do ponto de vista social, há outras dimensões importantes: "Segundo as estatísticas do Eurostat e do INE, nos últimos dez anos, em termos de índice salarial, só já há um setor à frente das florestas e da agricultura, que é a indústria, porque serviços e comércio já ficaram para trás. É um setor que cada vez mais paga melhor o trabalho especializado, porque está cada vez mais ligado às novas tecnologias." João Wengorovius Meneses defendeu que não haverá uma mudança de paradigma sem um forte investimento em inovação. "A distribuição de esforço deveria ser 60% no incrementar, que é mais imediato e de curto prazo, 30% no disruptivo, e 10% no moonshot, o que podemos alcançar nos próximos 20 a 30 anos."