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Afonso Eça: “O metaverso é mais um canal de negócio disponível”

Na banca, a tecnologia não aparece como um objetivo em si mesmo, surge sempre para servir melhor os clientes.

24 de Novembro de 2022 às 18:00
João Cortesão
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Foto em cima: O debate "Inovações Digitais no Setor da Banca" teve a moderação de Diana Ramos e contou com a participação de Afonso Eça, diretor executivo do Centro de Excelência para a Inovação e Novos Negócios do BPI; João Fonseca, consulting banking lead partner da Deloitte; Manuel Requicha Ferreira, sócio da Cuatrecasas; e Nuno Sousa, financial services diretor da Claranet.


A indústria financeira tem sido resiliente na forma como tem sabido incorporar a tecnologia ao longo destas décadas. Com os computadores mudou a forma de funcionar dos bancos, dos mercados financeiros, mais tarde apareceram o homebanking, os smartphones, e o setor tem sabido incorporar a revolução tecnológica como poucas indústrias o têm sabido fazer", assinalou Afonso Eça, diretor executivo do Centro de Excelência para a Inovação e Novos Negócios do BPI e professor convidado da NovaSBE, durante o 5.º Grande Encontro Banca do Futuro, organizado pelo Jornal de Negócios.

Acrescentou que "os bancos têm sido bons a incorporar a tecnologia". Com isso talvez tenham evitado o destino de "players" que dominavam as suas indústrias e que foram varridos do mercado pela disrupção tecnológica.

Para Afonso Eça, a tecnologia tem influência na condução dos processos financeiros, que hoje são mais eficientes. Salientou que "há muitos desafios como a ‘journey to cloud’, a cibersegurança, a inteligência artificial, e a forma como se servem os clientes. Esta tem mudado drasticamente nos últimos anos, com a relação do banco a passar por um device como o smartphone e outros que vão aparecendo, como recentemente o metaverso."

Digital by default

Salientou que no BPI o paradigma digital se concentra em três ideias. "Tentamos ser digital by default, ou seja, que a maior parte da transacionalidade com os clientes é feita de forma remota e queremos que o digital seja o principal acesso dos clientes aos serviços. Queremos tentar introduzir uma componente em inteligência artificial sempre que possível, para ter os processos mais otimizados, e a nova camada de metaverso ou web 3 para estarmos preparados para o futuro", esclareceu Afonso Eça.

Considera que o metaverso é mais um canal disponível. "O desafio é muito experimental, estamos a aprender, a perceber quem são os clientes que já estão nestes canais e o que é que esta tecnologia vai trazer. O BPI VR é mais um canal que estamos a testar", disse Afonso Eça. Mas salientou que, na banca, "a tecnologia não aparece como um objetivo em si mesmo, surge sempre para servir melhor os clientes".

Mas apesar da força digital, Afonso Eça sublinha que "por trás está uma rede de mais de 300 balcões e centros de empresa, e 2400 colaboradores. O transacional e o dia a dia passam muito pelo digital mas, quando é uma coisa mais grave ou de maior impacto na vida das pessoas, a relação é cara a cara e, por isso, é que mantemos este suporte", concluiu Afonso Eça.

A aposta nas pessoas

Esta aposta nas pessoas também foi referida por João Fonseca, consulting banking lead partner da Deloitte. "Podemos ter as melhores tecnologias e mega apps mas se não tivermos as melhores pessoas vamos estar sempre mal. As organizações devem ter talento desde a camada da liderança até aos restantes níveis e em todas as áreas". Na sua opinião, é o talento que vai diferenciar porque a tecnologia rapidamente fica acessível às empresas e organizações.

Para Nuno Sousa, Financial Services director da Claranet, "não conseguimos fazer evoluir a tecnologia sem talento e há uma escassez de talento no mercado. Temos necessidade de talento que faça ou evolua a tecnologia de uma forma ética". Como salientou ainda João Fonseca, "temos um mercado sobreaquecido na tecnologia e isso é bom em termos de sociedade portuguesa, mas, a luta pelo talento, é uma questão que acho que está no topo das preocupações de todas as organizações e dos bancos".
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