- Partilhar artigo
- ...
A banca tradicional andou, nos últimos anos, a corrigir os NPL (non-performing loans) e o legacy mas a evolução bancária não parou e surgiram novas marcas bancárias, baseadas em tecnologia, para corresponder a uma nova geração de consumidores. "Se falamos em NPL, também podemos falar Non Performing Tecnhology, Non Perfoming Operation", referiu João Sales Caldeira, sócio da Deloitte. Acrescentou que "a banca hoje em Portugal e no estrangeiro vive assente em alguma tecnologia que tem entre uma e quatro décadas, e por isso é mais difícil, embora sabendo o caminho que tem de seguir, o What".
Para João Sales Caldeira, "a grande dificuldade está no How, que é como fazer e o que fazer. É um problema de execução. A banca reconhece que tem de atuar mas é muito difícil fazê-lo de uma forma rápida porque, quem nasce do zero, pode fazer as coisas bem feitas desde o princípio, usando a tecnologia que existe no mercado. A banca também acesso mas tem um legacy a considerar".
Olhar para fora
"Olhar para fora é a resposta que a banca deve dar não só para as fintechs mas para outros parceiros que possam ajudar a resolver os problemas. Olhar para fora e para os clientes e as suas necessidades, repensar os produtos e as soluções através dos olhos dos clientes, reconhecer que o processo é complicado e é difícil", referiu João Sales Caldeira.
Atualmente há mais colaboração entre a banca e as fintechs para responder às ncessidades dos clientes.
"O processo de digitalização não é um fim em si, é um processo contínuo e isso implica que em todas as áreas de negócio do banco se entenda qual é o papel do banco no futuro", sublinhou João Sales Caldeira. "Com o open banking, com o aparecimento de players específicos em determinadas áreas não é líquido que a banca tradicional tenha de estar presente em todos os domínios da cadeia de valor, podem especializar-se em determinadas áreas".
Os bancos maiores vão ter uma atitude de estar presentes em toda a cadeia de valor, porque têm capacidade de investimento. Outro tipo de bancos vai apostar mais em nichos e em determinadas áreas e serem muito bons e especialistas no que fazem, podendo vender esses serviços ou plataformas ao resto da banca.
Cooperação entre a banca e as fintechs
Segundo João Freire de Andrade, "hoje há muitos bancos portugueses que cooperam com fintechs, e começamos a ter a infraestrutura ideal para usar o talento que está nas fintechs para aplicar no setor bancário".
Na Portugal Fintech têm registos de cerca de 100 fintechs, 80% são B2B (business to business), "querem trabalhar com os bancos e querem apoiar os bancos na sua expansão", refere João Freire de Andrade, presidente da Portugal Fintech. "Estes fintechs juntas já levantaram mais 210 milhões de euros, tem mais de 1000 pessoas a trabalhar. Têm acesso a talento muito qualificado, que com a colaboração, são essenciais para se fazer a disrupção do setor bancário".
Segundo João Freire de Andrade, "hoje há muitos bancos portugueses que cooperam com fintechs, e começamos a ter a infraestrutura ideal para usar o talento que está nas fintechs para aplicar no setor bancário". Mas seria importante que o regulador e o supervisor sejam abertos à inovação "quando chegar o momento em que um banco ou uma fintech ou em conjunto submetam a aprovação alguns destes processos, seja na parte macroprudencial e em todos os papéis que o regulador tem sejam também abertos a isso".
Diferença B2B e B2C
No universo das fintechs há diferenças entre as fintechs B2B e B2C (business to consumer). Algumas delas até têm a regulação como leverage como a Lockr, empresa que apoia a abertura das digital accounts na N26, a Feedzai que utiliza machine learning para apoiar o AML (Anti-money laundering). "Estas fintechs estão alavancadas e desenhadas para regulated by design, que é um vantagem competitiva, tal como as bases de dados segundo a RGPD, usam cloud com todas as regras de segurança", considera João Freire de Andrade.
"Regular ou sobregular especificamente para as fintechs por vezes cria mais problemas do que aqueles que resolve", defendeu João Freire de Andrade. "Mais importante do que regular seria equiparar, clarificar porque as startups não têm um batalhão de pessoas no compliance ou serviços externos de legal", referiu João Freire de Andrade.