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João Fonseca: “As fintech puxam pela inovação”

As fintech estão muito valorizadas e comparam bem com a valorização dos bancos nas bolsas, mas é rara a fintech que apresenta lucros na casa dos mil milhões como alguns bancos.

Filipe S. Fernandes 24 de Novembro de 2022 às 17:30
João Cortesão
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"Os volumes de negócios dos milhares de fintech que existem globalmente somados atingem os 100 mil milhões, mas o maior banco, o JP Morgan, tem um volume de negócios de 130 mil milhões", referiu João Fonseca, consulting banking lead partner da Deloitte, no 5.º Grande Encontro Banca do Futuro, organizado pelo Jornal de Negócios.

Explicou que há um grande hype à volta das fintech, que ainda têm uma pequena dimensão no sistema financeiro. Na sua opinião, tem de se separar a rentabilidade da valorização. "As fintech estão muito valorizadas e comparam bem com a valorização dos bancos nas bolsas, mas é rara a fintech que apresenta lucros na casa dos mil milhões como alguns bancos".

"O peso deste tipo de empresas ainda é relativamente pequeno. No caso das operações de financiamento, representam 0,2%, é uma percentagem ínfima", disse Manuel Requicha Ferreira, sócio da sociedade de advogados Cuatrecasas.

Mas adiantou que "a relevância das fintech e das big tech tem a ver com a realidade social e os bancos não podem viver alheados da realidade social. O futuro de um banco está nos clientes, e para que estes usem os seus serviços, os bancos têm de se adaptar e oferecerem os produtos e os serviços que as fintech e big tech colocam no mercado".

Os segmentos muito rentáveis

João Fonseca explicou que as fintech atacam segmentos de mercado bancários, sobretudo produtos mais massificados da banca de retalho, mas grande parte da banca não é banca de retalho, é banca de empresas, banca privada. "Estes segmentos, que são muito rentáveis e movimentam um grande volume de negócios, acabam por não estar atacados, ao serem servidos pelas fintech", concluiu João Fonseca.

Entende que as fintech têm um papel muito importante "por puxar pela inovação". Este efeito de criar novas expectativas ao cliente bancário "é muito bom, porque os bancos tradicionais, incumbentes, vão fazer melhor ou igual e esse movimento é positivo", diz João Fonseca.

Manuel Requicha Ferreira refere que a pandemia criou dois fenómenos. "Trouxe uma clara vertigem do digital que passou a ser uma coisa inevitável, e, por outro lado, trouxe uma aceleração para o imediato, as pessoas querem tudo na hora, querem poder fazer a sua compra e pagar depois." "Este negócio do buy now, pay later, dominado pelas fintech é uma trend que está para ficar e é um mercado que os bancos não podem ignorar", adianta Manuel Requicha Ferreira.

É uma atividade que será certamente regulada para que os bancos entrem nestes mercados, onde, como diz Manuel Requicha Ferreira, "as big tech conseguem estar muito bem, caso da Amazon ou da Apple, que criou o Apple Card numa parceria com o Goldman Sachs, e a Amazon criou a Amazon lending para poder oferecer determinados serviços financeiros".
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