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“Há intolerância do mercado em relação à subida de comissões”

“Temos de ter a capacidade de nos refundar numa estrutura de custos mais baixa, mesmo com as pesadas exigências regulatórias e de ciber-segurança”, referiu António Ramalho. Paulo Macedo falou em revisitar a estrutura de custos.

05 de Novembro de 2019 às 13:15
É necessário revisitar a estrutura de custos que “os clientes queiram pagar”, afirmou Paulo Macedo.
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"Estivemos na primeira fase da implementação digital. A nova fase em que o custo vai ser determinante, refocará a atividade digital no controlo de custos, não tanto no desenvolvimento de coisas que nem o próprio cliente quer", apontou António Ramalho, presidente da comissão executiva do Novo Banco. Enfatizou que se tem "ajustar custos, temos de ter a capacidade de nos refundar numa estrutura de custos mais baixa, mesmo com as pesadas exigências regulatórias e de cibersegurança que se refletem nos custos".

Neste capítulo há custos que têm sido aliviados como como a democratização do custo da tecnologia, facilidade dos sistemas associativos e participativos. António Ramalho admite que "teremos de abandonar negócios onde não temos rentabilidade suficiente para alocar ativos".

A base do sistema atual é a taxa de juros zero para os clientes particulares, por razões regulatórias várias. "Isto significa num mercado de taxas de juro na sua maioria indexadas, sobretudo no crédito da habitação, o que significa uma perda da margem financeira que pode ser compensada com algumas comissões de serviços, que eram gratuitos mas deverão deixar de o ser", sublinha António Ramalho. Concluiu que "há intolerância do mercado em relação à subida de comissões".

Juros afetam ativos

Também Paulo Macedo, presidente da comissão executiva da Caixa Geral de Depósitos, falou da necessidade de revisitar a estrutura de custos que "os clientes queiram pagar" e que os ativos do banco permitam. Explicou que nos últimos anos a banca portuguesa e até europeia tem estado a reparar o seu balanço, "a tratar dos NPL, do seu equity, tendo um foco grande em termos de ativo mais são e de mais capital. Portugal ainda tem um conjunto de NPL (non-performing loans) e que até ao fim do ano terá valores impactantes em termos de redução. Dentro de pouco tempo a CGD terá 2,5% de NPL líquidos", concluiu Paulo Macedo.

Mas com o clima de taxas de juro negativas a conta de exploração vai ser afetada. "Todos os ativos que estamos a colocar no nosso balanço vão ter uma rentabilidade que é metade da anterior. Por exemplo a divida pública que se renova, amortiza, entra a um décimo da anterior. O crédito às empresas que entra por metade do preço? O próprio balanço dos bancos, que teve uma reparação, com o repricing estão a entrar ativos como dívida pública a dez anos com menos 0,2%. Esta margem vai ser afetada com a baixa das margens em diferentes tipos de ativos e não apenas no crédito", salientou Paulo Macedo.

Acentuou que CGD vai ter de ver novas formas de geração de proveitos. "Tem 3 milhões de clientes ativos, se conseguir ter uma relação que vá mais além do depósito, tem aumento de receitas e não precisa de mais nada".

Miguel Maya salientou que "o BCP tem um cost to income de 47%, e há muito poucos bancos na Europa com melhor performance. O objetivo é chegar a 2021 com o cost to income de 40%".

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