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Bancos podem passar a plataformas de distribuição

Requisitos de capital, tecnologia, regulação podem transformar o modelo de banco universal, que oferecia toda a gama de produtos bancários, em entidade de distribuição de produtos de terceiros.

05 de Novembro de 2019 às 15:30
Paulo Costa Martins, sócio da Cuatrecasas
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"Mais importante do que discutir se há muita regulamentação, o fundamental para quem trabalha nesta área é que os princípios se mantenham sempre estáveis", diz Paulo Costa Martins, sócio da Cuatrecasas. Tem havido uma torrente de regulamentação, mas "quando mergulhamos na base do que é o sistema, os princípios são estáveis".

A regulação pode ser vista em dois planos distintos, aplicada ao sistema bancário existente e às fintechs. Nestas tem havido um entendimento implícito de que a regulamentação pode ter impacto negativo no desenvolvimento das fintechs, muitas delas startups. Por outro lado, "não é desejável que tenham um tratamento diferenciado, em termos de regulação e supervisão, em relação aos players que já estão no mercado", afirma Paulo Costa Martins.

Para Paulo Costa Martins, "os reguladores vão ter um papel fundamental na obtenção do equilíbrio necessário, o que não é um trabalho fácil porque estamos a falar de entidades muito díspares e com estruturas descentralizadas, algumas de muito pequena dimensão". Admite que, "à partida, o ADN de uma tecnológica não é fácil de encaixar no que a regulamentação bancária como a conhecemos hoje".

Opção pela colaboração

O cliente bancário hoje tem características muito específicas, pretende um acesso cómodo, rápido, fácil aos serviços bancários e estas novas tecnologias trazidas pelas fintechs podem ajudar os bancos a melhorar a sua oferta de produtos bancários aos clientes. Esta é a opção de colaboração com as fintechs.

Mas se o banco se mantiver "numa posição mais passiva, vai assistir a uma compressão das suas margens, transformando-se em mera plataformas de captação de depósitos e de distribuição de produtos de terceiros", analisa Paulo Costa Martins.

O sócio da Cuatrecasas sublinhou que, além da PSD 2 e da sociedade mais tecnológica, há um fator que pode ser relevante no modelo de transformação do negócio dos bancos e que tem sido o aumento gradual dos requisitos de capital para a atividade de concessão de crédito, juntamente com uma forte pressão para a redução dos riscos de liquidez e de crédito.

Este cenário pode colocar fim ao modelo de banco universal, "o banco comercial que oferecia toda a gama de produtos bancários, e dar-se uma transformação genética do banco numa entidade de distribuição apenas de produtos de terceiros, que é o conceito de open banking".
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