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A incerteza elevada modera os investimentos

Temos vários projetos aprovados mas em que não houve desembolso, os empresários preferem ver como é que o próprio mercado se desenvolve. Mas isto não é transversal a todos os setores nem a todos os negócios mas em linhas gerais notamos esse abrandamento”, assinalou João Pedro Oliveira e Costa.

24 de Novembro de 2022 às 16:30
João Cortesão
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"A partir de setembro sentimos um abrandamento nos pedidos de crédito", salientou João Pedro Oliveira e Costa, presidente da Comissão Executiva do BPI, durante o 5.º Grande Encontro Banca do Futuro, organizado pelo Jornal de Negócios. O que explicou pelo cenário de uma maior incerteza, que leva os empresários a equacionarem os seus investimentos, tanto os que estão em curso, como os novos. A solução é muitas vezes abrandar os investimentos nos projetos iniciados e colocar em standby os projetados.

"Temos vários projetos aprovados mas em que não houve desembolso, os empresários preferem ver como é que o próprio mercado se desenvolve. Mas isto não é transversal a todos os setores nem a todos os negócios mas em linhas gerais notámos esse abrandamento", assinalou João Pedro Oliveira e Costa.

Pedro Castro e Almeida, CEO do Santander Portugal, disse que, em média, "as empresas estão numa boa situação, saíram bem da pandemia e as empresas de vários setores estão a bater, em 2022, recordes em volume de vendas e EBITDA". Mas as decisões de investimento futuro estão envolvidas por um contexto de grande incerteza. "Estamos a sair de uma disrupção das cadeias de abastecimento, que afeta também muitas decisões. Por outro lado, em muitas das empresas, os custos da energia são uma variável importante para os futuros investimentos".

Faltam projetos de investimento

"Estamos em concorrência, mas há uma coisa em que somos unânimes: é que os investimentos estão muito aquém do que nós, os bancos, gostaríamos, e seria importante que houvesse mais investimento e os bancos estão preparados para dar esse apoio", afirmou José João Guilherme, administrador executivo da Caixa Geral de Depósitos.

Considerou que, "se há coisa que os bancos aprenderam durante a crise de 2007-2014, foi ter particular cuidado com o crédito que dão e os critérios de risco hoje são muito mais exigentes do que há uma década. Pode haver marginalmente empresas que vão ter maiores dificuldades, e estaremos prontos para a reestruturação e ajustamento do spread, se for esse o caso. É uma situação normal de ajustamento".

"O sistema financeiro português está robusto e preparado para apoiar e estamos a competir de uma forma muito forte, como se verifica ao nível do preço praticado", sentenciou Miguel Maya, presidente da Comissão Executiva do Millennium BCP. Sublinhou que "hoje as empresas portuguesas conseguem, para o mesmo nível de risco, financiar-se em Portugal com condições mais favoráveis do que em outros países".
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