Outros sites Medialivre
Notícia

Nuno Fernandes: “A banca europeia tem problemas sérios no horizonte”

Continua a perda de competitividade da banca europeia em relação aos bancos globais dos EUA ou da Ásia. A consolidação começa a desenhar-se a nível europeu, mas ainda com bastantes barreiras nacionais.

Negócios 26 de Outubro de 2020 às 14:30
Nuno Fernandes, Professor catedrático de Finanças no IESE Business School em Espanha Roger Rovira Rius
  • Partilhar artigo
  • ...
De um modo geral, os bancos entraram nesta crise com posições de capital e liquidez mais fortes do que no passado, graças às reformas realizadas após a crise que se iniciou em 2008/2009. No entanto, nos próximos meses, a qualidade dos ativos deve-se deteriorar.

Assim que as moratórias começarem a acabar, começaremos a ver o real impacto da crise que obviamente afetará negativamente os bancos, e os seus níveis de capital. Não é possível generalizar, pois o impacto varia banco a banco. Não só de acordo com os níveis iniciais de capital, mas também da sua exposição aos setores mais afetados pela crise. Mas num cenário de agravamento da situação económica, e continuada recessão durante 2021, vários bancos europeus terão necessidade de reforçar os seus capitais.

Grande parte dos consumidores mudou a forma de fazer transações bancárias o que é uma oportunidade para o bancos. Nuno Fernandes
Professor catedrático de Finanças no IESE 
No longo prazo, os principais desafios do setor mantêm-se inalterados. Mas foram acelerados pela covid-19. Baixa rentabilidade, transformação dos modelos de negócios, e necessidade de reestruturar a capacidade.

Esbatimento das linhas setoriais

Grande parte dos consumidores mudou a forma de fazer transações bancárias. O que é uma oportunidade para os bancos de avançar com programas de redução de agências, e maior aposta em canais digitais.

É ainda relevante salientar que a banca europeia tem problemas sérios no horizonte. Continuamos a assistir a uma progressiva perda de competitividade em relação aos bancos globais dos EUA ou da Ásia. E a consolidação começa a desenhar-se a nível europeu, mas ainda com bastantes barreiras nacionais.

Finalmente, observamos um esbatimento das linhas setoriais. Vários players da área tecnológica entram em subáreas do que chamamos atividade bancária. Por exemplo, na China, vemos o poder da Ant Financial. Hoje, esta instituição de pagamentos é muitas vezes maior que o Paypal. Mas mais importante, expandiu a sua atividade. E rapidamente entrou na gestão de ativos e poupanças. O Ant Financial tem neste momento um volume de ativos sob gestão superior ao da maioria dos grandes bancos mundiais, em diferentes tipos de fundos de investimento.
Mais notícias